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Abril de 2024
Reedição
Cinquenta anos em Liberdade a beber o vento
Mais tarde ou mais cedo tinha de chegar este momento
Há muito que o rumo tem muito de apoquento
Há forças a remar contra qualquer entendimento
O mundo sofrerá por não travar este recuamento
A defesa da Liberdade merecia muito mais tento
Mas, aqueles que sempre a tiveram, só pensam no sustento
Acham que nunca a perderão, não pensam no evento
Os novos ventos, para alguns, são um deslumbramento
Mas, para os que muito sofreram com o tormento
Nunca darão, a tais ideias, consentimento
Sabem que foi muito longo e duro o ensinamento
Todo o progresso é feito de muito trabalho e talento
Para comermos o pão, temos de juntar à farinha, o fermento
Se queremos viver em paz, não podemos escolher o vento turbulento
Teremos de acarinhar os que defendem a solidariedade e o alinhamento
Que colocam as pessoas no centro, contra a ganancia do enriquecimento
As sociedades mais felizes são as que vivem em entendimento
Onde não há grandes desigualdades, não há motivos para envenenamento
Em vez de ódio, cultivam a paz, a amizade, o respeito, o contentamento
Se quisermos viver em Liberdade, temos de lutar contra o constrangimento
De quem no-la quer tirar, por a odiar, está nas nossas mãos o cumprimento
Dos nossos deveres: irmos votar. Mas em pessoas com pensamento
Para que mais tarde, não tenhamos de fazer, nenhum lamento
Manter a paz é o melhor que o homem faz, a guerra é um mar sangrento
José Silva Costa
Flores de Outono
Cores de outono, suaves e doces
Dos amarelos aos castanhos e aos roxos
As árvores ficam sem rostos
Despidas e nuas no frio inverno
Os seus braços esguios espantam o frio
Bonitas e límpidas águas correm no rio
As geadas congelam o vento, que não floriu
As manhãs brancas são perfume, que sorriu
Já ninguém lava a roupa no brilho das águas, que correm a fio
As aves fazem acrobacias nos ares aquecidos pelo sol
Há uma paleta de cores na sombra de um assobio
O outono tem um sol muito fugidio
Aparece, desaparece, volta a aparecer, vai se embora sem nada dizer
Quem o quiser apanhar tem de estar atento, mas não o consegue prender
A qualquer momento, foge, vai-se deitar com o vento
Cada vez deita-se mais cedo, gosta muito do sossego
Do escuro não tem medo, quer ficar no seu aconchego
Nestes dias de chuva, de vento e frio cinzento
Em que para enfrentar o mau tempo, é preciso muito talento
Soltar as amarras do vento, pôr as nuvens em movimento
Aparar com as duas mãos as suas prateadas lágrimas
Para, a todos dar de beber e o mundo ver viver
A Água é um tesouro, é ouro a cair do céu.
José Silva Costa
IBAN
Trabalhador, cada um com o seu valor
Por que razão alguns têm tão pouco valor?
Aqueles que fazem o trabalho que poucos querem
Colher frutos nas estufas, debaixo de uns tórridos cinquenta graus centígrados
Os que constroem as casas, ao vento, à chuva e ao frio
Por um magro salário, que não dá para terem uma casa
Os trabalhos mais duros são os mais mal pagos, porquê?
Porque os doutores que fazem as leis não se lembram deles
Não fazem parte da sua roda de amigos
Quem não tem um curso universitário, não tem valor
Mesmo que saiba construir uma casa, um carro
Uma ponte, uma barragem, criar couves, batatas ou cenouras
Nada disso tem valor, para os senhores doutores
Que fazem as leis e governam o país
Que acham que os aumentos de pensões e ordenados
Com uma percentagem igual para todos é aceitável
Cavando, cada vez, mais desigualdades
Quem ganha 500€ terá um aumento de 17€
Quem ganha 2000 terá um aumento de 70€
Os preços no supermercado não são iguais para todos?
Enquanto não valorizarem todas as profissões, porque todas são necessárias
Não falem de igualdade, de valorização, de reconhecimento, de estima social
Não nos queiram enganar com palavras cor-de-rosa, que são migalhas para ganharem as eleições
Meia pensão para todos, com algumas exceções, tanto faz que tenha uma pensão de 50000€, ou de 500€ (leis socialistas,( faria se não fossem socialistas!)
1€ por dia, para uma minoria, e discriminação para quem não tiver um IBAN, que não receberá nada
Muitos países dentro de um país, muitos Governos, dentro de um Governo
A Ministra da Segurança Social e Emprego disse que quem não tivesse conta bancária podia indicar um IBAN de outra pessoa
Enquanto o Ministro das Finanças, que é mais quero, posso e mando, não aceita IBAN de terceiros, fazendo com que mais de 260 mil pessoas não tenham recebido os 125€ + 50€ por cada filho
Com todas estas manigâncias não admira que continuemos na cauda da Europa
Fomos os primeiros a ir a Bruxelas, de mão estendida, pedir o dinheiro do PRR
Já alguém viu alguma obra estruturante paga com esse dinheiro?
Podiam aproveitá-lo para equiparem o parque escolar para o futuro, com meios tecnológicos
Já é tempo de todos os alunos, de todos os graus de ensino, utilizarem os computadores e neles fazerem os testes
A mobilidade, a saúde e a justiça também poderiam ter beneficiado da chamada bazuca
Mas, a incompetência não o permitiu.
Já gastaram em projetos, pareceres e estudos para o TGV e Aeroporto mais do que custariam a construção das obras
José Silva Costa
A linha
Minha primavera perfumada
O teu perfume, os meus olhos encanta
Na lonjura da grande estrada
Toda a beleza que a ladeia está cansada
De ver tanta gente tão apressada
Sem que tenha tempo para parar um segundo
Sentada na sua máquina voadora de prego a fundo
Conspurcando com gases e fumo toda a sua beleza
Sem cheirar nem olhar para a bonita Natureza
Nem na noite escura consegue esquecer tanta tristeza
Rasgaram-lhe as entranhas para construírem a autoestrada
Com a promessa de que os automobilistas lhe dedicariam uma grande paixão
Que diriam muito bem do seu perfumado chão
Que dava tão boas espigas douradas para fazer o saboroso pão
Agora, não consegue respirar, está coberta de alcatrão
Saem dos grandes centros populacionais para só pararem nas areias quentes
Como se o mar tivesse mais beleza que uma planície florida
Não têm tempo para apreciarem as melhores coisas da vida
Quem é que já apreciou um mar de espigas douradas, a ondularem ao vento e ao sol?
Como se fosse um grande mar de areia fina, onde o vento dorme e a perdiz aninha
Onde os filhotes ensina, como debulhar a dourada espiga, para uma vida digna
Com casa, pão, liberdade, sem stresse, nem pressa de chegar ao fim da linha
Soubéssemos nós, humanos, aprender com os pequenos seres, a viver
Sem ódios nem receios, que nos roubem o nosso quinhão, que nos comam o nosso pão
Seríamos muito mais felizes, viveríamos mais tranquilos, seríamos mais solidários
Não levamos nada, tudo deixaremos, nem mesmo a ilusão de que somos poderosos nos acompanhará.
José Silva Costa
Cheiro
Já cheira a Primavera
Os passarinhos andam aos beijinhos
Passam os dias na construção dos ninhos
Sempre a namorar, para a canseira suavizar
Também eles se queixam do custo das casas
Fazer uma casa robusta, dá muita luta
Encontrar um lugar seguro, resistente ao vento e a todo o elemento
Para além da robustez do lugar, é preciso, com todos os inimigos, contar
Quem é que não gosta de uma casinha a ver o mar!
Sem ninguém a incomodar
É tão bom ter um bom lar!
Uma companheira e ver os filhos a palrear
De alegria, por a mãe os amamentar
Uma ternura de encantar!
Vê-los crescer, fazer o que já fizemos, e esperar que nos deem netos
Cheios de graça, ternura, birras, mimos e afetos
Tem sido assim ao longo dos séculos
Com mais ou menos tecnologia, com mais ou menos guerras
Infelizmente, há povos que continuam à espera
Que o progresso os empurre para dias melhores
Que não envenenem as meninas na sala de aula
Para as privarem da educação e lhes roubarem a compreensão
Mantê-las na ignorância, porque saber é poder
Alguns homens continuam só para si o querer
Sem se importarem com quem está a sofrer
Com quem tem de enfrentar todos os perigos
Para da fome, das guerras, das arbitrariedades fugir
Morrer é um mal menor, que em tais condições viver.
José Silva Costa
Abandono!
Chamas venenosas por todas as encostas
Aceleradas pelo vento, matam tudo por onde passam
As pessoas assistem, indefesas, ao roubo de bens e vidas
Rezam, mas as chamas não as ouvem e continuam com as suas investidas
As lágrimas sulcam-lhes as faces e inundam as rugas
Como se quisessem apagar as chamas
Arderam os animais, as plantas, as casas e as camas
O trabalho de muitas vidas, em pouco tempo, desaparecido
Nos choros sustidos, afogam-se os gritos, para não magoarem os sentidos
Corpos abandonados, às dores, vagueiam no fumo espesso dos horrores
Um silêncio aterrador inunda os campos ardidos
Todos os anos se repetem as tragédias dos incêndios
Abandonados e vergados pelos anos não conseguem retomar a vida
Se ninguém os ajudar, em breve vão definhar
Ninguém aguenta voltar a perder tudo quando se estava a reerguer
Os políticos papagueiam, como se soubessem tuto
Têm o seu sustento garantido, com o rendimento certo ao fim do mês
Saberão quão duro é arrancar, da pouca e pobre terra, o sustento?
Não é com palavreado, nem discurso estafado, muito bem preparado
Mas com muito trabalho, suado, à chuva, ao frio, ao sol
Sob o peso dos impostos
Para um dia perderem tudo
Que, para muitos, é nada!
Uns tarecos velhos, sem utilidade
Para os que vivem em palácios
Que conhecem o mundo
Que nunca precisaram de contar os cêntimos
Que não sabem nada
Do trabalho necessário, para produzir os seus alimentos.
José Silva Costa
A Praia
No dourado do sol salgado, vejo o mar ondulado
Em cada onda vai o vento penteado
As gaivotas andam de lado em lado
Incomodadas pela invasão do seu chão sagrado
Quando os banhistas ocupam cada quadrado
O areal em pouco tempo ficou todo ocupado
Não há grão de areia destapado
As toalhas compõem o atoalhado
Namorados bebem o sol molhado
Como quem quer fugir a ser espiado
A areia tem um aspeto asseado
Já ninguém deixa lixo, na areia, enterrado
Todos têm cinzeiros para colocarem o cigarro, apagado
Como é bom termos um mundo educado!
Onde ninguém é mal tratado
Já todos sabem, das bandeiras, o significado
Até o nadador salvador é escutado e respeitado!
Com o mar devemos ter todo o cuidado
Ninguém pode, com ele, estar descansado
De um momento para o outro pode mostrar-se revoltado
Talvez não goste do que lhe fazem, fica zangado
Já me pregou um grande susto, ao ponto de pensar que ficava lá sepultado
Fui, por ele, com muita força, para o fundo, arrastado
Depois, expulsou-me com tanta violência, que fiquei magoado
Nunca mais me esqueci do recado
Nunca larguei o meu filho que, quando lhe deitei a mão ficou, nos meus braços, bem apertado
Tivemos a sorte do nosso lado!
Para podermos contar o que se tinha passado.
José Silva Costa
O futuro é hoje (9)
A Filomena estava de acordo com o fecho das centrais a carvão. O dia 19/11/2021 seria recordado como o dia em que a produção da eletricidade ficou mais verde
Mas, preocupava-a o futuro dos trabalhadores, ainda que o ministro tivesse dito que ia acompanhar a situação, ao que um trabalhador respondeu:” quero ver se ele me vai pagar as contas”
Mas, o futuro tem sido, sempre assim, nunca se preocupou ou preocupará com quem atropele ou atire para a berma, para ele passar. Avançou e avançará contra tudo e contra todos, sem que ninguém o consiga parar
Temos muito vento e sol, o problema é se os conseguiremos aproveitar. É muito bom utilizar energias renováveis, mas não são controláveis, como acontecia com as centrais a carvão
Há muito que aproveitamos o vento, foi muito importante na moagem de cereais e outras utilizações, mas caiu em desuso
Agora voltou, em força, para outro fim: a produção de energia elétrica, contribuindo com mais de cinquenta porcento da energia elétrica produzida em Portugal
O sol, aproveitamo-lo há menos tempo, começámos pelo aquecimento de água, e agora estamos a espalhar painéis fotovoltaicos, por todo o lado, porque a eletricidade é a energia do futuro
É um privilégio, viver nestes tempos, em que conseguimos utilizar o sol e o vento, para acabar com a muita poluição, que as cidades têm dentro
Por todo o lado e por todo o mundo, os fabricantes de automóveis e aviões estão a tentar, motores elétricos, fabricar
Novos aviões e carros elétricos vão testando, para evitar a poluição para a atmosfera
Porque o planeta não pode ficar mais tempo à espera.
A capital indiana é considerada uma das mais poluídas do mundo, com uma mistura perigosa de emissões provenientes de fábricas e veículos, além de fumo de queimadas agrícolas
Nova Deli instalou torres anti-fumo para diminuir o efeito nevoeiro provocado pela poluição
As autoridades de Nova Deli anunciaram este sábado o encerramento de escolas durante uma semana e disseram estar a considerar um "confinamento contra a poluição" para proteger os cidadãos dos elevados níveis de poluição tóxica na cidade.
"As escolas serão fechadas para que as crianças não tenham que respirar este ar poluído", disse o ministro-chefe de Nova Deli, Arvind Kejriwal.
A capital indiana é considerada uma das mais poluídas do mundo, com uma mistura perigosa de emissões provenientes de fábricas e veículos, além de fumo de queimadas agrícolas, a pairar sobre seus 20 milhões de habitantes a cada inverno.
Neste sábado, o Supremo Tribunal sugeriu impor um confinamento em Nova Deli para combater a crise da qualidade do ar. "Como vamos continuar a viver desta forma?" questionou o Supremo.
Kejriwal, o governante local, disse que o seu governo iria considerar a sugestão do tribunal após consultar as partes interessadas.
"Um confinamento devido à poluição nunca aconteceu antes. Será um passo extremo", disse o governante, que adianto ainda que as atividades de construção serão interrompidas durante quatro dias para reduzir a poluição provocada.
Os funcionários governamentais foram instruídos a trabalhar de casa e as empresas privadas também aconselhadas a optar pelo teletrabalho tanto quanto possível.
O Conselho Central de Controlo da Poluição aconselhou, na sexta-feira, as autoridades a prepararem-se "para a implementação de medidas na categoria de 'emergência'", acrescentando que a má qualidade do ar provavelmente continuará até pelo menos 18 de novembro, devido a "ventos fracos com condições calmas durante a noite"
Poluição em Nova Deli
© EPA/RAJAT GUPTA
Neste sábado, os níveis de partículas de PM 2,5 - as menores e mais prejudiciais, que podem entrar na corrente sanguínea - ultrapassaram 300 no índice de qualidade do ar, o que é 20 vezes superior ao limite máximo diário recomendado pela Organização Mundial de Saúde.
Os hospitais relataram um aumento acentuado no número de doentes com dificuldades respiratórias, informou o Times of India. "Recebemos entre 12 e 14 pacientes por dia na urgência, principalmente à noite, quando os sintomas causam sono perturbado e pânico", disse Suranjit Chatterjee, médico do Apollo Hospitals, ao jornal.
O governo de Nova Deli vem fazendo promessas de limpar o ar da cidade há vários anos. A queima de resíduos agrícolas nos estados vizinhos - um dos principais contribuintes para os níveis de poluição da cidade a cada inverno - tem continuado, apesar da proibição decretada pelo Supremo Tribunal.
Dezenas de milhares de agricultores ao redor da capital queimam os seus restolhos - ou resíduos da colheita - no início de cada inverno, limpando campos de arrozais recém-colhidos para dar lugar ao trigo.
O número de incêndios em fazendas nesta temporada foi o maior dos últimos quatro anos, de acordo com dados do governo.
No início deste ano, as autoridades de Nova Deli abriram a primeira "torre de smog" contendo 40 ventiladores gigantes que bombeiam 1.000 metros cúbicos de ar por segundo através de filtros.
A instalação que teve um investimento de dois milhões de dólares reduz para metade a quantidade de partículas nocivas no ar, mas apenas dentro de um raio de um quilómetro quadrado.
Poluição em Nova Deli
© EPA/RAJAT GUPTA
Um relatório de 2020 da organização suíça IQAir descobriu que 22 das 30 cidades mais poluídas do mundo estavam na Índia, com Nova Deli sendo considerada a capital mais poluída do globo.
No mesmo ano, a revista Lancet disse que 1,67 milhão de mortes foram atribuídas à poluição do ar na Índia em 2019, incluindo quase 17.500 na capital.
Nos últimos dias, o rio que fluía por Delhi, o Yamuna, também estava obstruído por uma espuma branca contaminante. O governo da cidade atribuiu a praga ao "esgoto e resíduos industriais" despejados no rio mais a montante.
Folhas caídas
O vento a uivar pelas esquinas
As árvores a tiritarem de frio
Despidas, com o céu vazio
À espera do último arrepio
Sem folhas, mas aprumadas de brio
O vento com o seu assobio
A avisar, que o tempo é esguio
Que a água procura o rio
Com pressa de, ao mar, chegar
É aí que quer ficar
Até as nuvens a voltarem
A derramar, novamente, sobre a terra
Assim se completa mais um ciclo da água
Folhas caídas, árvores despidas
Alamedas atapetadas de folhas molhadas
Que perderam o brilho, estão amarguradas
Destroçadas por serem espezinhadas
De um dia para o outro perderam a sua função
Tiram-lhes o coração
Agora, são lixo no chão
Choram, perderam a ilusão
De que eram úteis e eternas
Perderam as pernas, perderam tudo
Não voltam a vestir as árvores
Não voltam a ter a admiração do Mundo.
José Silva Costa
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