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A chuva
O verão já ia longo
Não queria dar lugar ao outono
O vento acordou do sono
Trouxe a chuva ao ombro
Que há muito tinha adormecido
Que não deu por estar atrasada
Costumava chegar pelo quinze de agosto
Este ano chegou um mês atrasada
Depois, ainda, tirou mais um mês de férias
Espero que não queira, agora, chover tudo de uma vez
Ainda temos mais meio mês de outubro
E meses sem fim, que gostam de ser lavados
Mas com água suave, para os massajar
Sem pressas, nem vagares, na medida certa
Para que a possamos apreciar, guardar, admirar
Sem ela não há vida, mas também tem tirado muitas vidas
Temos de atribuir à água mais valor
Não podemos continuar a desperdiça-la como se não valesse nada
Se lhe atribuirmos o valor do ouro
Será mais difícil estragá-la
Talvez, até faça com que passemos a poupá-la
Cai do céu, mas nem sempre
E, nós todos os dias a utilizamos
Sem ela não há vida!
José Silva Costa
IBAN
Trabalhador, cada um com o seu valor
Por que razão alguns têm tão pouco valor?
Aqueles que fazem o trabalho que poucos querem
Colher frutos nas estufas, debaixo de uns tórridos cinquenta graus centígrados
Os que constroem as casas, ao vento, à chuva e ao frio
Por um magro salário, que não dá para terem uma casa
Os trabalhos mais duros são os mais mal pagos, porquê?
Porque os doutores que fazem as leis não se lembram deles
Não fazem parte da sua roda de amigos
Quem não tem um curso universitário, não tem valor
Mesmo que saiba construir uma casa, um carro
Uma ponte, uma barragem, criar couves, batatas ou cenouras
Nada disso tem valor, para os senhores doutores
Que fazem as leis e governam o país
Que acham que os aumentos de pensões e ordenados
Com uma percentagem igual para todos é aceitável
Cavando, cada vez, mais desigualdades
Quem ganha 500€ terá um aumento de 17€
Quem ganha 2000 terá um aumento de 70€
Os preços no supermercado não são iguais para todos?
Enquanto não valorizarem todas as profissões, porque todas são necessárias
Não falem de igualdade, de valorização, de reconhecimento, de estima social
Não nos queiram enganar com palavras cor-de-rosa, que são migalhas para ganharem as eleições
Meia pensão para todos, com algumas exceções, tanto faz que tenha uma pensão de 50000€, ou de 500€ (leis socialistas,( faria se não fossem socialistas!)
1€ por dia, para uma minoria, e discriminação para quem não tiver um IBAN, que não receberá nada
Muitos países dentro de um país, muitos Governos, dentro de um Governo
A Ministra da Segurança Social e Emprego disse que quem não tivesse conta bancária podia indicar um IBAN de outra pessoa
Enquanto o Ministro das Finanças, que é mais quero, posso e mando, não aceita IBAN de terceiros, fazendo com que mais de 260 mil pessoas não tenham recebido os 125€ + 50€ por cada filho
Com todas estas manigâncias não admira que continuemos na cauda da Europa
Fomos os primeiros a ir a Bruxelas, de mão estendida, pedir o dinheiro do PRR
Já alguém viu alguma obra estruturante paga com esse dinheiro?
Podiam aproveitá-lo para equiparem o parque escolar para o futuro, com meios tecnológicos
Já é tempo de todos os alunos, de todos os graus de ensino, utilizarem os computadores e neles fazerem os testes
A mobilidade, a saúde e a justiça também poderiam ter beneficiado da chamada bazuca
Mas, a incompetência não o permitiu.
Já gastaram em projetos, pareceres e estudos para o TGV e Aeroporto mais do que custariam a construção das obras
José Silva Costa
A Máscara
Por detrás da máscara
Que nos afasta
Há o desejo de um beijo
O ensejo de voltar a inalar o teu cheiro
Quanto mais tempo vamos ficar cada um para seu lado?
Com medo de nos contaminarmos
Só os olhos autorizam destapar
Porque eles conseguem à distância comunicar
Mas vamos ter que nos habituar
A, com os olhos outras mensagens, enviar
Já que os lábios, que tanto gostar de pintar
Para os realçar
Não os podes mostrar
Ah como gostaria de com isto acabar!
Dar mais apreço à liberdade de o rosto mostrar
Sem medo de que nos apontem o dedo
Ou nos mandem para casa de quarentena
Por causa da saúde pública
Que temos o dever de preservar
Seguindo os conselhos da Direção Gerar de Saúde
Há tantas coisas, que só lhes damos valor quando as perdemos.
José Silva Costa
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