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Macacos me mordam
Macacos me mordam se alguém percebe a falta de professores
As escolas abrem concursos, 1,2,3 vezes e ninguém concorre
Por que razão é que não querem ir para professores?
Quando é que a opinião pública e os governantes se convencerão que o ensino, a saúde, a justiça e a segurança são os pilares do progresso e bem-estar?
A falta de professores não é de hoje, mas cada vez são mais as escolas com falta de professores
Já não é só atrás do sol-posto, e ainda bem, porque todo o território deve ter as mesmas oportunidades, que as escolas não conseguem preencher os quadros de professores
Até na capital, as escolas têm falta de professores, mas não vejo ninguém indignar-se, por faltarem professores, por todo o país, como se fosse uma coisa normal a falta de professores, médicos, justiça
Todos os dias os Governantes se gabam de maravilhas, de milagres, de estarmos à frente de todo o Mundo, contrastando com a miséria em que muita gente vive, com o desespero para obter o cartão de cidadão, ou um passaporte ………
Exijam professores competentes, juízes competentes, médicos competentes, mas paguem-lhes bem, porque o retorno vai ser um país mais próspero e com menos desigualdades
Mas para isso têm de começar pela base, e a base começa no ensino pré-primário, que ainda não é para todos.
Mais e melhor trabalho e menos propaganda!
José Silva Costa
Primavera, 20/03/20
Chegou a Primavera
Ficou em casa
Sem campos floridos, nem perfumes
Mas, solidária!
Trouxe-nos água
Para podermos continuar a lavar as mãos
A lembrar-nos que os tempos mudaram
Que estamos todos no mesmo barco
Que nunca estivemos tão ligados
E, o que nos liga não escolhe entre ricos e pobres
Que não se justifica, uns terem tudo e os outros só fome
Que chegou a hora de respeitar a Natureza
Não a destruindo com a força rude da ganancia
Numa exploração desenfreada, matando tudo, não deixando nada
Numa ambição desmesurada, que nunca está saciada
Aproveitamos este interregno, para mudar de rumo
Construir um novo futuro
Aproveitando os novos recursos
Para aprender e trabalhar
A partir de outros locais
Onde a presença não seja vital
Para os transportes não sobrecarregar
Um novo estilo de vida temos de inventar.
José Silva Costa
Luar ao Sul
Ceifeiras: papoilas ao vento a esvoaçar
Trigueiras, a perfumarem a planície
Cantam, para espantarem as dores
De corpo e faces tapadas, para enfrentarem o calor
Sob um sol escaldante, de foices em riste
Para desafiarem o vento levante
Quantas canseiras, para ver o pão nas eiras!
Mulheres determinadas, que cortam o sol com o regaço
Que sabem todo o circuito do pão:
Alqueivar, gradar, semear, mondar, ceifar, debulhar, limpar, moer, peneirar, amassar, tender,
O forno aquecer, para o pão cozer
Se soubessem, as voltas que a mão dá, até fazer do grão de trigo pão!
Não o estragariam, dando-lhe muita mais atenção
Há multidões de esfomeados, que nunca, o pão, verão
Acabada a ceifa, chega a adiafa, para suavizar o cansaço
Um dos trabalhos mais duros, que mulheres e homens
Enfrentaram, nos campos do Alentejo
Sob um sol ardente, de cortar a respiração!
José Silva Costa
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