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Despedida
O verão está a despedir-se, este ano, abruptamente
Com chuva, que é muito bem-vinda, mas a destruição, não
O clima está muito doente, como tem mostrado, por todo o lado
Tão depressa está tudo a arder, queimando o que levou anos a crescer
Como tudo engole, com a força a força da água mole
Valha-nos o sol que, mesmo quente, parece não estar tão doente
Que continua a fazer germinar a semente
A amadurecer tudo, a iluminar o dia e a alegrar a nossa mente
Com o tempo doente ou não, temos de seguir em frente
Os que conseguem sobreviver a tantas calamidades
Que destroem tudo, incluindo vilas e cidades
Que não escolhem idades, utilizando todas as brutalidades
Como que a castigar-nos pelo desrespeito pela Natureza
Que, cada vez, nos presenteia com fenómenos de maior dureza
Será que conseguiremos aprender alguma coisa com a sua clareza?
Ou contentar-nos-emos com tanta perda de riqueza
Com meio mundo a morrer de pobreza
Sem sabermos o que fazer, sem termos nenhuma certeza
Num tempo em que a inteligência artificial sabe tudo
Por que razão não lhe perguntamos como poderemos acabar com o que nos aflige:
As guerras, a fome, as doenças, a ganância, as desigualdades, as calamidades, o orgulho
Tanta coisa, tanto sofrimento, para tão pouco tempo
Aproveitemos para melhorarmos o nosso comportamento
Enquanto, ainda, estamos a tempo
Se queremos evitar maior sofrimento
Não perdendo o resto do alento.
José Silva Costa
Paragem
Há três anos o mundo parou todo ao mesmo tempo, um inédito acontecimento
Foi uma grande contrariedade que nos vai por muito tempo afetar
Bem queríamos passar pelos intervalos dos pingos da chuva
Já nos bastaram as restrições, o afastamento dos ente-queridos, o confinamento
Mas, infelizmente, temos de pagar as consequências da grande paragem
Não saímos disto: 2008, 20014, 2020, 2022, quando pensamos que é desta que nos erguemos, levamos novo abanão
Como não há uma sem duas, o Putin achou que, depois da pandemia, era a melhor altura para abocanhar o resto da Ucrânia
A inflação já nos vinha a perseguir, e com a pandemia aproveitou para acelerar, para os mais pobres, ainda, mais empobrecer
Quando abriram as portas do mundo, ninguém quis saber dos efeitos de termos estado todos parados
Todos correram a fazer o que os impediram, durante tanto tempo de fazerem, e que tanto os deprimiu
Tinham poupado algum dinheiro era preciso gastá-lo, antes que ficasse fora de prazo
Comprar roupa e calçado, viajar, ao restaurante ir almoçar e jantar, para o tempo recuperar
Com a procura a superar a oferta, a inflação não dá sinais de abrandar
Com os Bancos e os Governos a faturarem e a esfregarem as mãos de contentes, que fazer aos descontentes?
Deram-lhes umas migalhas, para continuarem a dar trabalho aos dentes
A inflação é uma menina indomável, com quem os economistas não sabem como lidar
Dizem que é como a pasta de dentes, que depois de sair do tubo, dificilmente volta entrar
No princípio a causa da sua subida foi o preço da energia, que já baixou para o nível antes da guerra, mas ela continua nos altos pireneus
Aqueles que têm como missão fazê-la baixar para os dois por cento, sem saber o que fazer, perguntaram aos computadores como proceder
Obtiveram como resposta: subam os juros até os consumidores perceberem que a pandemia e guerra exigirão sacrifícios, por mais uns tempos, e disseram mais, estão muito mal habituados, antigamente contentavam- se com os legumes e frutas da época, hoje comem de tudo todos os dias
E, também, têm de perceber, que o clima está a mudar, quem não tem estufas aquecidas, não faz as alfaces, os tomates, os pepinos……., no inverno, crescerem
Espero que o doente não morra da cura, os bancos estavam todos contentes por subirem os juros dos empréstimos e não pagarem nada pelos depósitos, mas já começaram a tremer
É certo que algumas pessoas continuam a proceder como se nada tivesse acontecido, senão os destinos de férias da Páscoa não estariam todos esgotados
Mas não é a subirem os juros à bruta, que vão fazer a inflação descer, sem matarem a economia, que tem muito que se lhe diga.
José Silva Costa
Bem-vindo, Outono!
Menos horas de sol
Mais tempo para o sono
É importante acompanhar e respeitar a Natureza
Não devemos tentar enganar o sono
Tomando substâncias para o afugentar
Pode não querer voltar!
É muito importante descansar
Não podemos querer tudo abarcar
O outono e o inverno são para recuperar
Das loucuras do verão
Em que o sol nos obriga a desrespeitar os bons hábitos
”Deitar cedo e cedo erguer, dá saúde e faz crescer”
Com a invenção da eletricidade é dia todo o dia
E, não pararam as invenções a apelarem-nos para que as descubramos
Para nos mantermos sempre à tona e não ficarmos para trás
Tantos séculos, tantos progressos!
Mas, o tempo continua na mesma, nem mais um segundo!
Como conseguir dar atenção a todas a solicitações?
Temos de fazer escolhas
A melhor é fazer uma vida saudável
Sem saúde as escolhas ficam muito limitadas
Com os anos, temos de ir abandonando algumas autoestradas
Todos os dias devemos fazer o que podermos
Não deixar para quando estivermos reformados
Podemos chegar atrasados
Não conseguindo fazer o que tínhamos planeado
O nosso tempo está cronometrado.
Hoje, fazemos 57 anos de casados.
José Silva Costa
O sonho fechado
No frio da rua, fixas o olhar
Rua deserta, onde ninguém anda a caminhar
As aves tomaram conta dos espaços
Ensaiam novas coreografias
Livres, disputam o pouco alimento
Neste inverno cinzento
Assustadas por não verem movimento
O frio entra-nos pelos ossos adentro
Preparamos mais um confinamento
O vírus e o frio voltam a fechar o hemisfério norte
Para todos, boa sorte!
Vamos dispor de mais tempo
Que deve ser bem aproveitado
Nem que seja para um novo cozinhado
Temos de manter um treino aturado
Para mantermos a saúde em bom estado
Para que quando o sonho for libertado
O podermos beijar em qualquer lado
Não adianta mal dizer do fado!
O melhor é encara-lo com agrado
Aceita-lo, é meio caminho andado.
José Silva Costa
Verão cinzento
Há nuvens negras, neste agosto cinzento
Há quem tenha de trabalhar
Todos os dias, de sol a sol, para angariar o sustento
Há quem viva à conta do Orçamento
Que busque, lá fora, o que não tem cá dentro:
Espetadores, porque as praias têm estado entregues ao tempo
Que tenha forçado um evento
Para uma exibição contra o momento
Que exemplo!
A política deveria ser um exercício exemplar
Mas, tornou-se num espetáculo nojento
Muito pouco compatível com este tempo
Em que, muitos povos, correm de um lado para o outro
À procura de segurança, pão, casa, paz
À procura de um coração que os abrace
À procura de um sítio onde nasça a esperança.
José Silva Costa
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