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Abrupto

por cheia, em 11.09.23

Despedida

 

O verão está a despedir-se, este ano, abruptamente

Com chuva, que é muito bem-vinda, mas a destruição, não

O clima está muito doente, como tem mostrado, por todo o lado

Tão depressa está tudo a arder, queimando o que levou anos a crescer

Como tudo engole, com a força a força da água mole

Valha-nos o sol que, mesmo quente, parece não estar tão doente

Que continua a fazer germinar a semente

A amadurecer tudo, a iluminar o dia e a alegrar a nossa mente

Com o tempo doente ou não, temos de seguir em frente

Os que conseguem sobreviver a tantas calamidades

Que destroem tudo, incluindo vilas e cidades

Que não escolhem idades, utilizando todas as brutalidades

Como que a castigar-nos pelo desrespeito pela Natureza

Que, cada vez, nos presenteia com fenómenos de maior dureza

Será que conseguiremos aprender alguma coisa com a sua clareza?

Ou contentar-nos-emos com tanta perda de riqueza

Com meio mundo a morrer de pobreza

Sem sabermos o que fazer, sem termos nenhuma certeza

Num tempo em que a inteligência artificial sabe tudo

Por que razão não lhe perguntamos como poderemos acabar com o que nos aflige:

As guerras, a fome, as doenças, a ganância, as desigualdades, as calamidades, o orgulho

Tanta coisa, tanto sofrimento, para tão pouco tempo

Aproveitemos para melhorarmos o nosso comportamento

Enquanto, ainda, estamos a tempo

Se queremos evitar maior sofrimento

Não perdendo o resto do alento.

 

José Silva Costa

 

 

 

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publicado às 07:54

Paragem

por cheia, em 20.03.23

Paragem

Há três anos o mundo parou todo ao mesmo tempo, um inédito acontecimento

Foi uma grande contrariedade que nos vai por muito tempo afetar

Bem queríamos passar pelos intervalos dos pingos da chuva

Já nos bastaram as restrições, o afastamento dos ente-queridos, o confinamento

Mas, infelizmente, temos de pagar as consequências da grande paragem

Não saímos disto: 2008, 20014, 2020, 2022, quando pensamos que é desta que nos erguemos, levamos novo abanão

Como não há uma sem duas, o Putin achou que, depois da pandemia, era a melhor altura para abocanhar o resto da Ucrânia

A inflação já nos vinha a perseguir, e com a pandemia aproveitou para acelerar, para os mais pobres, ainda, mais empobrecer

Quando abriram as portas do mundo, ninguém quis saber dos efeitos de termos estado todos parados

Todos correram a fazer o que os impediram, durante tanto tempo de fazerem, e que tanto os deprimiu

Tinham poupado algum dinheiro era preciso gastá-lo, antes que ficasse fora de prazo

Comprar roupa e calçado, viajar, ao restaurante ir almoçar e jantar, para o tempo recuperar

Com a procura a superar a oferta, a inflação não dá sinais de abrandar

Com os Bancos e os Governos a faturarem e a esfregarem as mãos de contentes, que fazer aos descontentes?

Deram-lhes umas migalhas, para continuarem a dar trabalho aos dentes

A inflação é uma menina indomável, com quem os economistas não sabem como lidar

Dizem que é como a pasta de dentes, que depois de sair do tubo, dificilmente volta entrar

No princípio a causa da sua subida foi o preço da energia, que já baixou para o nível antes da guerra, mas ela continua nos altos pireneus

Aqueles que têm como missão fazê-la baixar para os dois por cento, sem saber o que fazer, perguntaram aos computadores como proceder

Obtiveram como resposta: subam os juros até os consumidores perceberem que a pandemia e guerra exigirão sacrifícios, por mais uns tempos, e disseram mais, estão muito mal habituados, antigamente contentavam- se com os legumes e frutas da época, hoje comem de tudo todos os dias

E, também, têm de perceber, que o clima está a mudar, quem não tem estufas aquecidas, não faz as alfaces, os tomates, os pepinos……., no inverno, crescerem

Espero que o doente não morra da cura, os bancos estavam todos contentes por subirem os juros dos empréstimos e não pagarem nada pelos depósitos, mas já começaram a tremer

É certo que algumas pessoas continuam a proceder como se nada tivesse acontecido, senão os destinos de férias da Páscoa não estariam todos esgotados

Mas não é a subirem os juros à bruta, que vão fazer a inflação descer, sem matarem a economia, que tem muito que se lhe diga.

José Silva Costa

 

 

 

 

 

 

  

 

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publicado às 07:25

Bem-vindo, Outono!

por cheia, em 26.09.22

Bem-vindo, Outono!

 

Menos horas de sol

Mais tempo para o sono

É importante acompanhar e respeitar a Natureza

Não devemos tentar enganar o sono

Tomando substâncias para o afugentar

Pode não querer voltar!

É muito importante descansar

Não podemos querer tudo abarcar

O outono e o inverno são para recuperar

Das loucuras do verão

Em que o sol nos obriga a desrespeitar os bons hábitos

”Deitar cedo e cedo erguer, dá saúde e faz crescer”

Com a invenção da eletricidade é dia todo o dia

E, não pararam as invenções a apelarem-nos para que as descubramos

Para nos mantermos sempre à tona e não ficarmos para trás

Tantos séculos, tantos progressos!

Mas, o tempo continua na mesma, nem mais um segundo!

Como conseguir dar atenção a todas a solicitações?

Temos de fazer escolhas

A melhor é fazer uma vida saudável

Sem saúde as escolhas ficam muito limitadas

Com os anos, temos de ir abandonando algumas autoestradas

Todos os dias devemos fazer o que podermos

Não deixar para quando estivermos reformados

Podemos chegar atrasados

Não conseguindo fazer o que tínhamos planeado

O nosso tempo está cronometrado.

 

Hoje, fazemos 57 anos de casados.

José Silva Costa

 

 

 

 

 

 

 

 

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publicado às 07:57

Fechado

por cheia, em 14.01.21

O sonho fechado

 

No frio da rua, fixas o olhar

Rua deserta, onde ninguém anda a caminhar

As aves tomaram conta dos espaços

Ensaiam novas coreografias

Livres, disputam o pouco alimento

Neste inverno cinzento

Assustadas por não verem movimento

O frio entra-nos pelos ossos adentro

Preparamos  mais um confinamento

O vírus e o frio voltam a fechar o hemisfério norte

Para todos, boa sorte!

Vamos dispor de mais tempo

Que deve ser bem aproveitado

Nem que seja para um novo cozinhado

Temos de manter um treino aturado

Para mantermos a saúde em bom estado

Para que quando o sonho for libertado

O podermos beijar em qualquer lado

Não adianta mal dizer do fado!

O melhor é encara-lo com agrado

Aceita-lo, é meio caminho andado.

 

José Silva Costa

 

 

 

 

 

 

 

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publicado às 07:23

Verão cinzento

por cheia, em 11.08.19

Verão cinzento

 

Há nuvens negras, neste agosto cinzento

Há quem tenha de trabalhar

Todos os dias, de sol a sol, para angariar o sustento

Há quem viva à conta do Orçamento

Que busque, lá fora, o que não tem cá dentro:

Espetadores, porque as praias têm estado entregues ao tempo

Que tenha forçado um evento

Para uma exibição contra o momento

Que exemplo!

A política deveria ser um exercício exemplar

Mas, tornou-se num espetáculo nojento

Muito pouco compatível com este tempo

Em que, muitos povos, correm de um lado para o outro

À procura de segurança, pão, casa, paz

À procura de um coração que os abrace

À procura de um sítio onde nasça a esperança.

 

José Silva Costa

 

 

 

 

 

 

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publicado às 17:26


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