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Passou o Natal
Amanhã, já ninguém se lembrará
De desejar um Feliz Natal
De colher uma flor para beijar
De pronunciar o verbo amar
A correria vai-nos obrigar a nem para o outro olhar
A competição, não perder o lugar, a ambição
Não nos permitem ao outro dar a mão para se levantar
Para o ano, vamo-nos, novamente, do Natal, lembrar
Ah! Como a publicidade gosta do Natal
E de todos os momentos que massajam o coração
O consumismo, sempre, à mão
Para alegrar o Natal de toda a população
Ao menos, todos têm, um dia no ano
Para se esquecerem da solidão
Para se esquecerem dos filhos e dos netos
Que lhes levou a emigração
Sempre tão lembrados, pela Nação
Quando mandam, para os Bancos, as suas economias
Para ajudarem a pagar os juros da dívida
Que não é para pagar, mas para gerir
Uma dívida, que já faz parte do nosso sorrir
Ano após ano, tantos milhões, tantas promessas
Mas, os milhões de pobres não diminui
Mas, para o ano é que é!
Vamo-nos ver livres do vírus
Vamos ficar mais ricos
Vamos ser mais solidários
Vamos voltar a sorrir, apertar a mão, beijar, abraçar, ouvir os corações.
José Silva Costa
Rosas de Maio
Rosas de Maio
Tanto amar
Ventos do sul
Tanta dor
Tanto perfume
No chão, derramado
Por rosas de fogo
No Alentejo, queimado
Rosas de Maio, por que chorais?
Se todos os anos voltais
Com novos perfumes, mais …..
Só, as humanas não voltam mais!
Rosas de ventre inchado
Trarão ao mundo
Tanto bebé inacabado
Que, com leite e ternura, será criado
Rosas, por que me deixais?
Triste, sozinho, abandonado
À espera do dia prometido
O dia perfumado
Rosas, rosas de Maio
O mês mais perfumado
Por que não vindes, todos os meses?
Trazer-me novas e perfumes do meu amor.
José Silva Costa
O encanto das Cidades
Quando os turistas desaguam nas praças das nossas cidades
E ficam de boca aberta com o encanto dos nossos monumentos
Não sabem nem sonham, o que se esconde, por de trás das bonitas fachadas
Muitos idosos, na solidão de quatro paredes, sustentam, com os seus corpos, o desmoronamento das cidades
Já não lhes bastavam as dores, o peso dos anos, o tempo a escoar-se por entre os dedos
Ainda têm de viver com o medo, a incerteza de não saberem o que lhes pode acontecer
Assediados por quem lhes quer roubar o lugar onde nasceram ou onde há muito vivem
Não conseguem, nem nos últimos anos de vida, um momento de paz
Mesmo que a lei os proteja, os fundos de investimento não têm sensibilidade nem rosto
E, quando não aceitam as miseráveis condições em que os querem despejar
Ou quando não há dinheiro que lhes pague o que sente por o seu lugar
Porque saírem de onde têm raízes e alguém que lhes dê atenção
É como condená-los a uma morte antecipada
Então, os novos donos das cidades, recorrem a métodos criminosos
Mandando incendiá-las
Triste tempo deste deslumbramento!
Em que para o vil metal, uma parte da peste grisalha é um impedimento
Para que o resto da peste grisalha calcorreie todo o mundo, a todo o momento
Há qualquer coisa de errado, quando os cabelos prateados não são acarinhados
José Silva Costa
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