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Cravos Vermelhos

por cheia, em 24.04.23

Liberdade!

Naquela radiosa e inesquecível madrugada o mundo floriu

Os portugueses, finalmente, conquistaram a Liberdade e o seu império caiu

O Movimento das Forças Armadas pôs fim a uma guerra de 13 anos

E, a uma ditadura de quase meio-século, que tanto os povos molestou

Que custaram muitas vidas, muitos estropiados, muita miséria e dor a todos os povos envolvidos

Foi uma Revolução recebida com muita alegria e muito festejada em todo o lado

E não era caso para menos, foi um farol para a Liberdade e, para alguns povos, um passo para a dignidade

Um acontecimento à escala mundial, cuja bandeira é um cravo vermelho

Uma Senhora, vendedeira de flores, teve a feliz inspiração de colocar um cravo vermelho no tapa-chamas de uma G3, que um soldado empunhava

Pode dizer-se que foi como que um pedido para que não utilizassem as armas

E tinha tanta razão, já tínhamos utilizado as armas durante tempo demasiado!

Todos os minutos que consigamos viver, com armas caladas, são minutos de grandes vitórias

Os que precisam da força das armas para atacarem os outros, sãos os que não têm a força da razão

Não foi assim tão fácil, depois dos cravos e das rosas vieram os espinhos!

Foi um parto difícil, ao longo de mais de um ano, mas deu ao Mundo meia dúzia de novos países

Que, depois de cinco séculos de colonização conseguiram a libertação

Nunca mais assistiremos a um primeiro de Maio como o de 1974

Uma festa para todos, ainda não tinha chegado sectarismo dos Partidos

As ruas e as praças de Lisboa foram pequenas, para acolherem tanta gente

Havia uma alegria radiante estampada nas rugas da martirizada gente

Não deixem que este dia caia no esquecimento, porque isso seria uma grande injustiça para quem deu a vida para que tenhamos Liberdade

Muitas e muitos pagaram com a vida, por terem desafiado o ditador, que tinha como braço armado a PIDE, capaz de toda a violência e de todo o terror.

 

José Silva Costa

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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publicado às 07:59

Amor & guerra (31 )

por cheia, em 10.06.21

Amor & Guerra (31)

Com o regresso às aulas, a Sara estava ansiosa por saber como era a sua nova escola, não tinha amigas, nem amigos, não conhecia ninguém, só lhe restava a consolação de faltar apenas um ano, para começar a frequentar uma instituição de ensino superior

A mãe disse-lhe que a acompanhava, se ela quisesse, mas a Sara disse-lhe que não, porque isso era motivo para os colegas gozarem com ela, Já não era nenhuma criança!

A mãe calhou a passar pela escola, para onde ia a Sara, parou junto à receção, a observar o local, o edifício, para onde iria a sua menina, a sua única companhia

Uma funcionária, vendo-a tão absorta, perguntou-lhe se queria alguma informação

A Bárbara contou-lhe o que se passava: tinha vindo de Angola, com a filha, que iria para aquela escola, não conheciam ninguém em Portugal

A Miquelina disse-lhe que podia estar descansada, que já trabalhava ali há muitos anos, que o seu filho também ia para o décimo segundo ano, e se ela quisesse, que lho apresentava, para ela, melhor, se integrar

A Bárbara agradeceu-lhe, dizendo que iria dizer à Sara, para a contatar

Mesmo não precisando de trabalhar, procurou um emprego para não estar sozinha, enquanto a filha estava na escola

Foi trabalhar para uma joalharia, na Avenida da Liberdade, em Lisboa, gostava do contato com os clientes, de vender e comprar, porque isso, era o que tinha, sempre, feito

Ambas procuravam o mesmo homem: o Carlos, mas sem que o dissessem, faziam-no em completo segredo, sem deixarem transparecer o que andavam a fazer

A Sara já tinha questionado a mãe sobre o seu pai, já sabia quanto o assunto a entristecia, causando-lhe muita dor. Por isso, decidiu que iria continuar a procurá-lo, mas sem que a mãe soubesse 

Para procurar o pai, apenas sabia que se chamava Carlos: um soldado, que tinha estado, em Angola, no início da guerra, em 1961

Mesmo com tão poucos dados, não deixou de escrever para o Ministério do Exército, contando a sua história, pedindo ajuda, para que conseguisse conhecer o pai

Tinha poucas esperanças de que a pudessem ajudar, mas iria fazer tudo o que estivesse ao seu alcance. Todos os que se chamassem Carlos, que tivessem sido soldados, e tivessem estado na sua terra, no início da guerra, tinham de ser inquiridos, até encontrar o seu pai

A Bárbara também não sabia como fazer, para encontrar o Carlos. Mas tinha uma vaga esperança de o encontrar numa rua de Lisboa, ou em um qualquer estabelecimento  

O Miguel, também, ia frequentar o último ano do ensino secundário: o décimo segundo ano. Já tinha decidido o que queria fazer. Ser engenheiro informático, e já sabia que iria para o Instituto Superior Técnico, Em Lisboa, porque tinha notas, que lhe permitiam escolher o curso e o estabelecimento de ensino que quisesse.

Continua.

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publicado às 07:56


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