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O Governo da Propaganda
Todos os anos o mesmo desespero
De alto abaixo, o País a arder
A única preocupação é que nenhum humano morra
Tudo o resto pode arder
“ Deixa arder que o meu pai é Bombeiro”
No último incêndio de 5 dias, entre Odemira e Monchique, um cidadão alemão disse para uma câmara de televisão: “ estavam três autotanques, bem equipados, mas ninguém fez nada”
Há dias, Tiago Martins de Oliveira, presidente da AGIF, I.P (Agência de Gestão Integrada dos Fogos Rurais, I.P, disse que os Bombeiros recebem por hectare ardido, palavras que incendiaram os Bombeiros e os Autarcas, caiu o Carmo e a Trindade!
O Ministro da Administração Interna disse que as palavras foram mal interpretadas, o costume
O Governo não se cansa de propagandear que tem não sei quantos meios aéreos, mundos e fundos. Mas, o que é que isso interessa, se o País continua a arder, e não arde mais porque, qualquer dia, não há nada para arder!
Por que razão não tentam salvar os pertences das populações?
Será que casas, animais, hortas, pomares, vegetação, biodiversidade não merecem mais atenção!
Ignoram, os que, sempre, viveram à conta do Orçamento Geral do Estado, que é com o que arrancam da terra, que complementam as miseráveis reformas, sem nunca terem domingos, feriados, férias, tolerância de ponto, trabalham 365 dias por anos, para que os animais, também, comam todos os dias!
Em vez de tentarem proteger as casas, construídas com o suor de uma ou mais gerações, arrancam as pessoas das suas casas, sem olharem ao sofrimento, que lhes causam
Como é que querem revitalizar o Interior, se os poucos que arriscam investir em pequenos negócios, ficam sem nada de um momento para o outro?
Toda a nossa gratidão, para com os Bombeiros, é pouca, porque eles, muitas vezes, arriscam as suas vidas, para salvar a do próximo
Estão as 24 horas de prevenção para acudir em caso de desgraça
Não podem viver de esmolas e da venda de rifas!
Têm de ser pagos e reconhecidos de acordo com os valiosos serviços, que prestam às populações.
José Silva Costa
Horrores
Há quem conviva bem com os horrores
Continuam a defender os invasores
Os comunistas e alguns doutores
São contra a ajuda militar a quem se defende
Não são capazes de condenar quem invade
Falam muito de paz e amizade
Mas apoiam os regimes que gastam tudo em armamento
E os povos vivem em grande sofrimento
Dizem-se grandes democratas, mas apoiam os ditadores
Se pudessem fechavam as fronteiras, para manterem a soberania nacional
Como se o mundo, hoje, não estivesse todo interligado
E ainda há quem vá na conversa deles!
Por que razão não põem os olhos em Cuba e na Coreia do Norte?
Que são os seus grandes inspiradores
Se todos conseguissem cooperar, grandes e pequenos
Se não fosse preciso fabricar armamento
Se não fosse preciso fugir da fome, das guerras, do ditador violento
Se não fosse preciso ganhar eleições
Não teríamos democracias
O mal é estar no olho do furacão
Como aconteceu ao povo Ucraniano
Por terem um vizinho louco, vaidoso, capaz das maiores atrocidades
Até quando durará esta guerra?
Ninguém sabe, mas os Ucranianos podem vir a ser obrigados a aceitarem um cessar-fogo ruinoso, se um presidente, das grandes nações, que os apoia, precisar desse trunfo, para tentar as eleições ganhar.
José Silva Costa
Mazelas da Guerra
Continuação
O Natal de 1969
Para muitos era primeira consoada passada fora do calor familiar
Na guerra nunca nos faltou álcool, quanto a mim, responsável por muitos acidentes
Duas fábricas de cerveja trabalhavam 24 horas por dia, para que nunca faltasse cerveja, bem ou mal fermentada
Havia quem se gabasse de beber uma grade, 24 garrafas, de cervejas até ao almoço
Os oficiais e sargentos tinham direito, por mês, a adquirirem, a bom preço, 2 garras de bom uísque escocês, conhaque francês, para que nunca nos faltasse álcool
Quando chegaram as 24 horas do dia 24 de Dezembro de 1969, já estávamos quase todos alcoolizados
Depois de ter estado na messe de oficiais e sargentos, onde nos reunimos todos, incluindo as esposas dos Sargentos, para a noite da consoada, e aproveitámos para ouvir a mensagem de Natal, do Agostinho Neto, em que ele dizia, “ este é último Natal, que os colonialistas portugueses passam em Angola”
Pela meia-noite fui à caserna dos soldados, para dar um abraço aos elementos da minha secção
Deparei com um sofrimento inimaginável: choravam, abraçavam-se, como se o mudo estivesse a acabar
Abraçaram-me, choraram no meu ombro, tentei que percebessem que era um dia como outro qualquer, que também estava a sofrer, como eles, por não estar com a família, mulher e filha
Só quando o cansaço e o sono os chamou para a cama é que consegui sair de lá
Já tentei lembrar-me do Natal seguinte, mas não me consigo lembrar de nada, o que quer dizer, que não teve o dramatismo do primeiro Natal, passado em Angola.
O ano novo trouxe más notícias.
Continua
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