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Luto

por cheia, em 02.11.24

Valência

 

Respeitar a Natureza

Em Valência, no século passado, com recurso à hidráulica, desviaram o rio

Fizeram-no tendo em conta a precipitação da altura, não sei se tiveram em conta outros fatores que, por vezes se associam, causando grandes tragédias

Em Lisboa, também, acabaram com os sete rios, que nasciam perto de onde está localizado o Jardim Zoológico

O espaço, nas cidades é muito valioso, rios a dividi-las não é harmonioso, o melhor é entaipá-los, construir muitos prédios volumosos

Quando acontecem as grandes tragédias, poderão, sempre, distribuir as responsabilidades: a maré cheia, as sargetas que não estavam limpas, as pessoas terem continuado a circular nos seus automóveis até ficarem debaixo de água, a construção de muitos pisos abaixo do chão …..   

Em Valência, ainda, não se sabe quantos perderam a vida. Mas, as duas centenas confirmadas causam-nos muita tristeza, e os que tiveram a sorte de não perdê-la, ficaram sem nada

Espero que sirva de alerta, para os senhores que autorizam construções em cima de rios, com a desculpa de que nos últimos anos tem chovido pouco, sem saberem que o São Pedro, um dia, farto das suas asneiras, os castiga, abrindo todas as torneiras.    

 

José Silva Costa

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publicado às 13:04

Inverno!

por cheia, em 15.02.22

Um inverno diferente

Sem chuva, para um vão contentamento

De muita gente, que não o entende

Este inverno que mente

Que em vez de chuva, nos dá sol

Que nos quer conquistar pelo brilho do anzol

Que nos quer matar à sede

E que quer, que lhe agradecemos, por nos dar sol

E há tanta gente a morder o anzol

A agradecer o bonito e belo sol

Como se não precisássemos de comer e beber

Mas, é tão agradável o teu sol

Sol de inverno!

Que este ano nos levará ao inferno

Sem água! Pessoas, animais e plantas não resistirão

Com trigo sem grão, não haverá pão!

Haver fome, ou não!

Está na tua mão, meu inverno mandrião

Não te deixes envaidecer

Por aqueles que acham que podes ser só sol e amor

Tu tens de fazer chover, nevar, e a todos enregelar

Não és Estação para flores, perfumes, coisas fofinhas, sem dores

Deixa isso, para a tua amante: a Primavera

De ti esperamos rigor, noites quentes à lareira

O cheiro da flor de laranjeira

Não puder passar a ribeira

Ficar no outro lado a ver a água baixar

À espera de poder, a namorada, abraçar

Mesmo que ela fique no escuro da lua.

José Silva Costa

  

 

 

 

 

 

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publicado às 08:00

O último helicóptero

por cheia, em 25.09.20

As mazelas da guerra

Continuação

 

A queda do último helicóptero

 

Todos os azares vinham ter connosco

O último helicóptero, daquela série, avariou

Ficou sem leme, tendo o piloto conseguido imobilizá-lo num morro

Felizmente, não houve feridos: oficiais e piloto saíram ilesos

Para guardar o helicóptero, fomos mobilizados

A seguir ao almoço, um pelotão foi guardá-lo

Ao fim do dia pediram-nos, pelo rádio, para lhes levarmos água

A minha secção foi mobilizada para, ao nascer do sol, sairmos com os garrafões de água que conseguíssemos carregar

Quando chegámos, andavam a lamber o capim

Também tinham utilizado os componentes acrílicos do helicóptero, para durante a noite, captarem alguma água

Ninguém sabia como o tirar dali 

O Alferes responsável pela proteção estava preocupado, com aquela operação, e com razão

Do Batalhão só lhe diziam que estavam a estudar o problema

Respondeu-lhes com um ultimato, se não encontrassem uma solução, dentro de um prazo de que não me lembro, o helicóptero seria desmantelado de maneira a ser levado, pelos trabalhadores da fazenda, para as viaturas, que o levariam para o Batalhão

Como não recebeu nenhuma resposta, mobilizou homens e ferramentas para a destruição, do mesmo

Mas, não conseguiram dividir o motor, que era muito pesado

Ordenou que arranjassem paus, para colocarem debaixo de cada bocado, para ver se o conseguiam levantar

Tudo testado, o mais difícil foi gerir aquela operação, pelo morro abaixo, em que alguns não queriam fazer força ou já não aguentavam mais

Estava ultrapassado mais um pesadelo

O Natal estava a chegar, seria a noite mais longa do ano.

 

 

Continua

 

 

 

 

 

 

 

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publicado às 06:56


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