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O futuro, ano de 3000
Com o terceiro milénio, chegou, também, a sociedade (quase) perfeita
A pandemia causada pelo SARS-Cov-2 e as contínuas calamidades, que se abateram sobre a Terra: cheias diluvianas, incêndios incontroláveis, ciclones, matando milhões de pessoas, fizeram com que a humanidade mudasse de rumo
Acabaram com os motores de combustão, todos os meios de transporte passaram a ser movidos a eletricidade, incluindo os foguetões para o espaço, Lua e Marte
A alimentação, também, sofreu uma grande alteração, mais de metade, da população mundial tornou-se vegan, contribuindo para um melhor ambiente
O setor têxtil teve uma grande diminuição de procura, porque a moda de vender roupa usada, na internet tem tido muita aceitação. Como é muito fácil a venda ou permuta de roupa, basta fotografá-la e coloca-la à venda, nas diferentes plataformas da internet
As casas deixaram de estar atafulhadas de roupa, alguma nem chegava a ser estreada. Acabou a febre de, todos os dias, comprar roupa para todos os dias mudar de visual
Em paz, sem pobres, sem deslocados nem desempregados, o mundo vive o melhor momento de sempre, depois de acabar com o analfabetismo, com os sem-abrigo, e até a violência doméstica, a humanidade pode, finalmente, saborear toda a beleza do nosso planeta
Depois de muitos anos de luta por um desenvolvimento sustentável, finalmente, o objetivo foi alcançado. Mas, para isso, primeiro, tivemos de pagar um preço muito elevado, por termos, o ambiente, envenenado
Infelizmente, parece que só assim somos capazes de evitar a queda no precipício, porque foi o que aconteceu com a conquista da paz, que só foi obtida, depois de muito sangue derramado
Falta saber, por quanto tempo, conseguiremos manter esta, feliz, situação!
As duras batalhas dos divórcios litigiosos, ainda, mais traumatizantes quando há filhos pelo meio, acabaram
Já não se veem, nem ouvem os progenitores dizerem mal um do outro, o que fazia com que os filhos fossem o saco de boxe, onde os pais descarregavam toda a fúria e frustração da separação, fazendo com que as crianças muito sofressem, porque todos gostamos de ambos
Quando as mulheres eram economicamente dependentes dos maridos, porque não trabalhavam fora de casa, era quase impossível, elas pedirem o divórcio.
Por isso, muitas sofreram muitas humilhações e agressões, sem meios para puderem fazer valer os seus direitos, tiveram de se resignar a uma vida sem dignidade
Assim que conseguiram a emancipação económica, os divórcios começaram, e vieram para ficar
Cada vez mais cedo, as crianças, se habituam a andarem com a trouxa às costas: semana num, semana no noutro
Hoje, o divórcio é encarado com toda a naturalidade, e os pais, mesmo divorciados, não deixam de se falar, acompanhando o crescimento dos filhos, juntos, nos momentos marcantes do seu crescimento.
Na Ilha de Madagáscar, devido à seca, há quem coza as solas dos sapatos, para enganar a fome!
José Silva Costa
Fevereiro/Março
Um sol radioso
Aqueceste o corpo
Mas não iluminaste o rosto
Não pudemos ver o sol-posto
Um mês e outro
Doze, um ano!
Adeus, até para o ano.
Vais chegar
Sejas bem-vindo
Não vamos festejar
Já basta lembrar
Que foste tu a começar
E, nós com a esperança
Que quando regressasses
Já te pudéssemos ir esperar
Contigo ir passear, correr, namorar
Mas não! Continuamos, às casas, atados
Para bem de todos, escondemos o rosto
Não estranhes, não te beijar
Fica para quando isto passar
Não te sintas abandonado
Sabes que temos de ter cuidado
Sorte a tua, por serem só 31 dias
Ninguém sabe quando é que as ruas deixarão de estar nuas
Estão tão tristes, por não saberem o que se passa!
Cada vez que um par de sapatos as beijam
Choram de alegria
Mas a rua continua fria!.
José Silva Costa
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