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As mazelas da guerra
Continuação
O testamento
Como já estávamos habituados a dar proteção na abertura de picadas, lembraram-se de nós, para desta vez, darmos proteção à Engenharia Militar, na abertura de uma estrada
Todos os dias levavam as três máquinas utilizadas na obra, e nós mobilizávamos um pelotão para fazer a proteção
A obra foi interrompida por uns 15 dias, o que fez com que ficássemos preocupados com o recomeço dos trabalhos, porque estávamos com receio, que durante aquele interregno colocassem minas
Coube me, na ausência do Alferes, comandar o pelotão, no dia do recomeço da obra
Combinei com o condutor da Berliet, que iriamos os dois, à frente, seguindo as outras viaturas atrás para, na eventualidade da estrada estar armadilhada, reduzirmos as suas consequências
Assim, decidimos retirar, da carroçaria da viatura, tudo o que não fosse essencial, cobrimo-la com sacos de areia, na tentativa de evitar levar com estilhaços, caso acionássemos alguma mina, felizmente não tinham colocado minas
Quando entrei para a viatura, perguntei ao condutor se já tinha feito o testamento, já tínhamos brincado com o assunto, enquanto estávamos a preparar a viatura para aquela missão, foi uma maneira de tentar desanuviar o ambiente, embora estivéssemos preparados para tudo, não conseguíamos fugir ao nervoso miudinho do medo
Poucos meses depois, a nossa comissão acabou. Depois, da comissão acabar, era muito difícil mantermo-nos motivados para continuar a ir para o mato, todos sentíamos que já tínhamos cumprido a nossa obrigação, só queríamos ir para um lugar seguro, como se houvessem lugares seguros! O queríamos era embarcar para a Metrópole
Os últimos meses tinham sido muito difíceis porque, nós, os graduados, tínhamos tido um aumento do vencimento, mas esqueceram-se de aumentar o vencimento dos soldados, o que causou alguma revolta, e com razão, fazendo com que ouvíssemos: que fossemos sozinhos para o mato.
Continua
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