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A escolha
Abril não floriu
O cravo não riu
Está tudo vazio
Estamos em casa, confinados
Por causa do contágio
Que nos pode levar ao frio
Neste ano sombrio
Em que o Mundo está parado
Como que o sistema que o faz rodar
Se tivesse avariado
Há quem esteja desesperado
É duro estar enclausurado
Mais duro é estar internado
Mais duro, ainda, é ficar parado
Num local inesperado
Sem retorno, nem bailado
É fácil falar!
Mas quem tem, no dia-a-dia
De angariar dinheiro, para ir ao supermercado
Só pode estar angustiado
Não pode ouvir o meu recado:
Não se precipitem
Porque a procissão ainda vai no adro
Mas este conselho só serve para quem está instalado
Quem nada tem!
Tem de escolher entre sair ou ficar em casa
Uma escolha difícil
Porque o estômago não pode esperar
Assim, têm de arriscar a vida
Porque promessas não enchem barriga
Temos de manter a distância social
Menos nos aviões!
Onde podemos viajar uns ao colo dos outros
Os políticos um dia dizem para ficarmos em casa
No dia seguinte dizem para sairmos
Para gastarmos, porque a economia não pode parar
Em quem podemos acreditar!
José Silva Costa
A Chuva
São correntes de ouro a caírem do céu
Neste Abril chuvoso
Tão limpas como o amoroso
Quando as vimos contra os raios solares
São vida para plantas e animais
A Natureza está agradecida
Por tanta quantidade de água
Não posso ir ver se o rio vai alteroso
Mas, bem a vejo
Da minha janela
Quando a chuva passa
A espreguiçar-se, a sorrir, a esfregar os olhos
A beijar o vento de tanto contentamento
Abraçada ao sol, como se estivessem a combinar
Tudo fazerem germinar
Para todos alimentar
É na Primavera
Que os cereais costumam namorar
E, esta chuva, agora mais limpa, a todos vem abençoar
Num tempo em que só à janela podemos assomar
Devemos estar gratos por podermos continuar a ver
A chuva, o vento, o sol, a lua, todos juntos, na rua.
José Silva Costa
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