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Sonhos de verão
Sonhamos com as férias, novas paisagens, novas cidades, gentes diferentes
Num encontro fraterno de beijos, abraços e apertos de mão
Há barcos parados nos cais, à espera que lhes soltem as amarras
Sonham com novos horizontes, querem as velas enfunadas pelos ventos
Os sonhos de verão são de alegria, de alguma magia, de desejos fugientes
Cada um procura lançar, ao mundo, as suas sementes
Os dias são grandes, sem espartilhos, quentes, de muito brilho
Um sonho, um desejo, um abraço, um beijo podem ser o rastilho
Para uma grande mudança, para muitos e bons passos de dança, para renovar a esperança
Até para mudar de continente, para seguir em frente, encontrar o amor, para sempre
Conhecer gente diferente, atraente, mais sol no poente, uma luz, um caminho com sentido
Um grito de liberdade, sem anos nem idade, preservar a alegria da mocidade
No verão é tempo de reflexão, de contabilizar o passado e projetar o futuro
De ler um livro maduro, ver uma peça de teatro, ver um filme e sonhar com tudo
Saborear o tempo, sem pressas nem compromissos, aproveitar a preguiça sem pensar em enguiços
A constante aceleração da maneira como gastamos o tempo, nas correrias diárias de deitar os bofes pela boca, fez com que não saibamos fazer uma pausa para meditar, para descansar completamente: “desligar da corrente”
Hoje, só procuramos mais velocidade, mais perigos e aventuras, desafios, adrenalina, torturas
Correr de um lado para o outro, na ansia de abarcar o mundo, depois, vai-se a ver e sentimos um vazio profundo
Não conseguimos contemplar o nascer do sol, o silêncio noturno na natureza, ouvir o cantar do rouxinol
Tanta coisa para absorver, que não conseguimos ver nem apreender por causa de andarmos sempre a correr
Por muito que corramos, não apertaremos todas as mãos, nem afugentaremos a solidão
Paremos para ver o que nos rodeia, a beleza da areia, onde enterramos os sonhos, quando, no verão, vamos a banhos
Temos mais um verão, para aproveitar, assim saibamos o que de melhor poderemos fazer.
José Silva Costa
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