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Poesia!
Hoje é o teu dia, luz no poente, euforia
Flores, perfumes, louvores, maioria
Todos, por todos os lados, em romaria
Enchem os lábios, com versos, sem autoria
Num só dia, condensam toda a tua alforria
E, nos outros dias, fazem de ti zombaria
Dizendo: “ somos um país de poetas”
Como se isso fosse a causa da nossa avareza
Do nosso estado de permanente tristeza
De não conseguirmos passar da vil pobreza.
José Silva Costa
Obrigado!
Eugénio de Andrade
19/01/1923 – 19/01/ 2023
Como gostava de te homenagear
Neste dia do teu aniversário
Neste dia do teu centenário
Mas não tive o teu condão
A poesia não me deu a mão
Mas tenho uma enorme alegria
Por poder ler os teus poemas
Poemas como ninguém fazia
Grato por me teres deixado a tua poesia
Posso lela todo o dia
Nunca me cansarei, eu sei
Porque ela é única, é sabedoria
Quero que saibas que hoje é o teu dia
Todos te estão a homenagear
Podes em paz descansar
Os teus versos nunca se vão apagar
A morte foi um acordar
Para os que em vida nunca te viram versar
Daqui a cem anos já cá não estarei para te homenagear
Mas outros te vão, nesse dia, lembrar
Mas descansa, nunca te esquecerão, outros te louvarão.
Obrigado, Eugénio de Andrade!
José Silva Costa
Miguel Torga
Coimbra,6 de Abril de 1943
VOZ
Era o céu que sorria nos seus olhos.
Eram junquilhos trémulos aos olhos,
As flores do rosto que eu beijava.
Fresca e gratuita como um hino à lua,
Nua,
Era um mundo de paz que se entregava.
Oh! Perfume da Vida! - gritei eu.
Oh! Seara de trigo por abrir,
Quem te fez todo o pão da minha fome?
Mas os seus braços, longos e contentes,
Só responderam, quentes:
- Come
III
Sete Motivos do Corpo
Com a paixão desconcerta o pensamento
E ama. É física a profundidade.
Inspira Vénus o desejo ardente
Para nos mover à última ansiedade.
Num ser unívoco o amor enleia
Os corpos nus. Na área da magia
Rompe a brancura; e cresce, ao tempo alheia,
A onda do prazer, causa da vida.
Segura do infinito a carne aberta
Atrai o sangue que corre para a verdade
Procurando na jóia mais secreta
Do corpo a inicial da eternidade.
Um sol em agonia a carne gera
E vai o espasmo ao mais fundo da alma
Buscar o grito casto que se enterra
Na terra fêmea e faz cair a máscara.
Langues e lívidas esfolham-se então nos corpos
Estrelas caídas do trono da loucura.
O sangue enrosca-se e faz sair dos poros
Um fumo de almas que mastigam nuvens.
( Natália Correia)
Primavera
Chegas-te, pela manhã, airosa, radiante
acompanhada do brilho das estrelas
Manhã radiosa, com a lua como amante, brilhante,
Um perfume de mil uma flores, de mil e uma cores, sem rancores!
Trazes água, sol, calor, amor!
Fazes a natureza desabrochar.
As aves acordaram num frenesim, com trinados melódicos, de encantar
Por todo o lado, procuram companheiras e companheiros
Querem aninhar, acasalar, tudo está a fervilhar!
A madrugada acordou, ensonada, cansada,
escutou a chilreada da passarada
Esfregou os olhos, beijou o sol e alua
As pessoas estavam felizes, caminhavam na rua
Beijavam as flores
Do modo como se beijam os namorados!
Nascia um novo dia!
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