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Julho 2020
Um Verão quente no Interior, mas fresco no Litoral Ocidental
Com a pandemia, sempre, a ameaçar
Embebecidos, contemplamos a Lua
Neste Verão não há barulho, na rua
Há um doce silêncio, que nem parece Verão
Antes de adormecer, nas ondas dos teus cabelos, deito o meu olhar
Respirar o teu perfume, faz-me sonhar
Sozinhos, como no início!
Com os anos passados e os filhos criados
Temos a ilusão que voltámos aos tempos de namorados
Mas, o espelho desmente tudo o que tínhamos arquitetado
Os corpos, os rostos, os cabelos estão desfigurados
Como é que podemos ser os mesmos, dos vinte anos! Depois de tantos, passados
Acho que foram as nossas netas e neto, que guardaram os nossos rostos, dos vinte anos
Para os mostrarem aos nossos bisnetos, que nos vão ver como se fossemos, sempre, jovens
Enquanto vão vendo os seus pais a envelhecer
Como é bom, assim, ver o entardecer!
E, ao teu lado, adormecer.
José Silva Costa
Primavera, 20/03/20
Chegou a Primavera
Ficou em casa
Sem campos floridos, nem perfumes
Mas, solidária!
Trouxe-nos água
Para podermos continuar a lavar as mãos
A lembrar-nos que os tempos mudaram
Que estamos todos no mesmo barco
Que nunca estivemos tão ligados
E, o que nos liga não escolhe entre ricos e pobres
Que não se justifica, uns terem tudo e os outros só fome
Que chegou a hora de respeitar a Natureza
Não a destruindo com a força rude da ganancia
Numa exploração desenfreada, matando tudo, não deixando nada
Numa ambição desmesurada, que nunca está saciada
Aproveitamos este interregno, para mudar de rumo
Construir um novo futuro
Aproveitando os novos recursos
Para aprender e trabalhar
A partir de outros locais
Onde a presença não seja vital
Para os transportes não sobrecarregar
Um novo estilo de vida temos de inventar.
José Silva Costa
Mulher
Mulher! Enigma difícil de ler
Deusa do meu saber
O teu ventre me fez nascer
Magia do teu poder
Como te agradecer!
Tu és fogo, terra, água
Sol a amanhecer
Rio a correr
Colo de saber
A amamentar a vida
Perfume que me inebria os sentidos
Lume que me queima as entranhas
Companheira
Flor dos nossos frutos
Porto de abrigo
Onde ancoramos o tempo
Tu és o brilho do sol
Suave e doce
Como a Primavera em flor
Para todas as mulheres
Todas as rosas.
José Silva Costa
Rosas de Maio
Rosas de Maio
Tanto amar
Ventos do sul
Tanta dor
Tanto perfume
No chão, derramado
Por rosas de fogo
No Alentejo, queimado
Rosas de Maio, por que chorais?
Se todos os anos voltais
Com novos perfumes, mais …..
Só, as humanas não voltam mais!
Rosas de ventre inchado
Trarão ao mundo
Tanto bebé inacabado
Que, com leite e ternura, será criado
Rosas, por que me deixais?
Triste, sozinho, abandonado
À espera do dia prometido
O dia perfumado
Rosas, rosas de Maio
O mês mais perfumado
Por que não vindes, todos os meses?
Trazer-me novas e perfumes do meu amor.
José Silva Costa
Flores
A encantadora Primavera
Quanto perfume encerra!
Nas flores de todas as cores
As abelhas roubam beijos
Saltitando de flor em flor
Como se fossem apaixonados namorados
Com as patas carregadas de pólen perfumado
Vão acumulando muito trabalho
Para manterem a colmeia bem perfumada
Trabalhadoras incansáveis
Polinizadoras amáveis
Fazem um trabalho tão importante
Levar o pólen dos estames para o carpelo
Provocando a fecundação numa flor
Mas, nós se lhes agradecemos o mel!
José Silva Costa
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