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Maio
Maio maduro maio
Sol quente raiado
Flores por todo o lado
Um perfume empoeirado
Sardinheiras no beirado do telhado
As abelhas no seu bailado
O sol chega à noite cansado
São muitas horas a aquecer o relvado
As manhãs acordam de peito inchado
A temperatura sobe ao sobrado
E o trânsito ficou bloqueado
Todos querem, nas praias, um bocado
O calor está muito torrado
Excedeu-se no bronzeado
O vento continua calado
Alguém tem de dar conta do recado!
O Orçamento será hoje aprovado
Com a maioria absoluta está tudo controlado
Está bastante atrasado
O do ano que vem já deveria estar a ser gizado
Mas, com tanta inflação não há antevisão
Não vale a pena fazer a previsão
Melhor seria fazer o Orçamento, para o próprio ano, depois do verão
Quando aquece o coração
E os aumentos dos ordenados e das pensões subirão acima de um tostão
Para fazer face ao aumento do pão
Para acabar com a contestação
Mas as greves continuarão!
José Silva Costa
As minhas flores
As flores que me deste
São lindas, perfumadas
De um amor celeste
Duas Rosas e um Cravo
Que bonitas prendas me ofereceste!
Frutos do calor do nosso amor
Mesmo que quisesse partilhar as dores
Foste tu, meu amor, que as suportaste
Mas, dar vida a novas flores tudo merece
Vê-las crescer, florescer, a primeira palavra dizer
E, essa é, sempre, para ti: Mãe! Mãe! Mãe! Mãe!
Não há palavra que igual o doce da palavra Mãe
As nossas flores já deram as suas flores
Mais quatro rosas e um cravo
Mais perfume perfumado
Cumprimos com a natureza
Acrescentámos, ao mundo, beleza.
José Silva Costa
Colares
Princesa da serra e do mar
Com os seus palácios e altares
No perfume dos pomares
É bela, é uma flor
É inebriante o seu néctar
Um vinho das profundezas da terra
Um vinho digno de um altar
O melhor que há, para celebrar
No verde da serra e no azul do mar
A noite, o sono e a lua vão-se deitar
Na esperança de que com o nascer do sol irão acordar
Para poderem apreciar o sabor a mar
Quando o sol começa a subir a encosta
A beijar a serra, Colares fica prisioneira
Uma bela saloia, muito namoradeira
Sonha com um príncipe, mas contínua solteira
Nos vapores do vinho ramisco
Viaja até à Praia das Maçãs
No agosto das multidões
Apanha o elétrico e volta para casa.
José Silva Costa
O amor
O teu jardim tem bonitas rosas!
Mas tu és a mais bela e perfumada
Quem me dera ser o jardineiro
Do teu bonito canteiro
Poder tratar delas o dia inteiro
Para ficarem ainda mais belas
Na esperança de que ficasses muito agradada
Sei que nos separa uma grande escada
Mas, se conseguisse abrir o teu coração
Poderia ser que descesses do teu pedestal
Me viesses cumprimentar: apertar a mão
Para sentires o bater do meu coração
Ver nos meus olhos quanto te amo
Dizer-te porque passo os dias a espreitar as tuas rosas
Como me alimento, apenas, do seu perfume
Tudo, só para ver se te vejo
Se advinhas o meu desejo
Ver de perto os teus olhos da cor do mel
Esperar o tempo que for necessário
Para um dia contigo namorar
Beijar os teus rubros lábios
Poder ficar, para sempre, contigo
José Silva Costa
Juventude
Verdes anos
Primaveras floridas
Perfume de jovens vidas
Os olhos são avenidas
Por onde passam as cantigas
Ponto de encontro dos namorados
Nos dias perfumados
Com minutos cronometrados
Porque os beijos são apertados
Os dias não estão parados
Mal nascem, já estão acabados
São tão curtos para os namorados
Que têm de lidar com eles com todos os cuidados
Para não quebrarem o encanto dos amados
Nos mal-entendidos apressados
Que tropeçam na pressa do tempo
De quem julga ter respostas
Para todas as questões
Como se o mundo fosse simples
E não tivesse ambições
Cheias de contradições.
José Silva Costa
Julho 2020
Um Verão quente no Interior, mas fresco no Litoral Ocidental
Com a pandemia, sempre, a ameaçar
Embebecidos, contemplamos a Lua
Neste Verão não há barulho, na rua
Há um doce silêncio, que nem parece Verão
Antes de adormecer, nas ondas dos teus cabelos, deito o meu olhar
Respirar o teu perfume, faz-me sonhar
Sozinhos, como no início!
Com os anos passados e os filhos criados
Temos a ilusão que voltámos aos tempos de namorados
Mas, o espelho desmente tudo o que tínhamos arquitetado
Os corpos, os rostos, os cabelos estão desfigurados
Como é que podemos ser os mesmos, dos vinte anos! Depois de tantos, passados
Acho que foram as nossas netas e neto, que guardaram os nossos rostos, dos vinte anos
Para os mostrarem aos nossos bisnetos, que nos vão ver como se fossemos, sempre, jovens
Enquanto vão vendo os seus pais a envelhecer
Como é bom, assim, ver o entardecer!
E, ao teu lado, adormecer.
José Silva Costa
Primavera, 20/03/20
Chegou a Primavera
Ficou em casa
Sem campos floridos, nem perfumes
Mas, solidária!
Trouxe-nos água
Para podermos continuar a lavar as mãos
A lembrar-nos que os tempos mudaram
Que estamos todos no mesmo barco
Que nunca estivemos tão ligados
E, o que nos liga não escolhe entre ricos e pobres
Que não se justifica, uns terem tudo e os outros só fome
Que chegou a hora de respeitar a Natureza
Não a destruindo com a força rude da ganancia
Numa exploração desenfreada, matando tudo, não deixando nada
Numa ambição desmesurada, que nunca está saciada
Aproveitamos este interregno, para mudar de rumo
Construir um novo futuro
Aproveitando os novos recursos
Para aprender e trabalhar
A partir de outros locais
Onde a presença não seja vital
Para os transportes não sobrecarregar
Um novo estilo de vida temos de inventar.
José Silva Costa
Mulher
Mulher! Enigma difícil de ler
Deusa do meu saber
O teu ventre me fez nascer
Magia do teu poder
Como te agradecer!
Tu és fogo, terra, água
Sol a amanhecer
Rio a correr
Colo de saber
A amamentar a vida
Perfume que me inebria os sentidos
Lume que me queima as entranhas
Companheira
Flor dos nossos frutos
Porto de abrigo
Onde ancoramos o tempo
Tu és o brilho do sol
Suave e doce
Como a Primavera em flor
Para todas as mulheres
Todas as rosas.
José Silva Costa
Rosas de Maio
Rosas de Maio
Tanto amar
Ventos do sul
Tanta dor
Tanto perfume
No chão, derramado
Por rosas de fogo
No Alentejo, queimado
Rosas de Maio, por que chorais?
Se todos os anos voltais
Com novos perfumes, mais …..
Só, as humanas não voltam mais!
Rosas de ventre inchado
Trarão ao mundo
Tanto bebé inacabado
Que, com leite e ternura, será criado
Rosas, por que me deixais?
Triste, sozinho, abandonado
À espera do dia prometido
O dia perfumado
Rosas, rosas de Maio
O mês mais perfumado
Por que não vindes, todos os meses?
Trazer-me novas e perfumes do meu amor.
José Silva Costa
Flores
A encantadora Primavera
Quanto perfume encerra!
Nas flores de todas as cores
As abelhas roubam beijos
Saltitando de flor em flor
Como se fossem apaixonados namorados
Com as patas carregadas de pólen perfumado
Vão acumulando muito trabalho
Para manterem a colmeia bem perfumada
Trabalhadoras incansáveis
Polinizadoras amáveis
Fazem um trabalho tão importante
Levar o pólen dos estames para o carpelo
Provocando a fecundação numa flor
Mas, nós se lhes agradecemos o mel!
José Silva Costa
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