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Brincar!

por cheia, em 23.10.23

Faz-de-conta

Todos os anos, aquando da apresentação do Orçamento Geral do Estado

Governantes e Deputados brincam ao faz-de-conta

Uma brincadeira de que tenho tão boas recordações

A minha neta mais velha; que tive a felicidade de tomar conta até quase aos 3 anos

Enquanto os pais iam trabalhar, ficava a ler e ouvir a sua respiração até ela acordar

A certa altura começou a fazer sopas invisíveis, instantâneas, que me oferecia, e eu fazia-de-conta que estavam maravilhosas, o que fazia com que ficasse muito contente

Também, todo país fica muito contente, quando os Ministros das Finanças apresentam o Orçamento:

Muitos mil milhões para a educação, para a saúde, para a justiça …….

Mas, muitos daqueles milhões não são para gastar, é mais um faz-de-conta

São as famosas cativações, que fazem com que muitos milhões não sejam utilizados

O resultado do faz-de-conta está bem à vista nos Serviços Públicos:

Serviços hospitalares fechados, fazendo com que os doentes não saibam a quem recorrer

As grávidas não sabem onde os seus bebés irão nascer

Os médicos e professores estão zangados, de promessas, cansados

A justiça está parada, o que dá muito jeito a certos arguidos, que querem que os seus processos prescrevam

Os investimentos e as infraestruturas marcam passo, como tem acontecido com a ferrovia, os novos hospitais .....

O aumento dos juros virou do avesso a vida de muitas pessoas

A inflação matou todas as esperanças, mesmo que queira descer

É nos produtos alimentares, que continua a crescer, fazendo com que alguns produtos, de primeira necessidade, tenham subido cinquenta por cento ou mais

Os sem-abrigo, em Lisboa, quase que duplicou, e para eles ninguém olhou

O Governo deu algumas esmolas, mas fê-lo sem critério, deu mais a quem não precisava, talvez a intenção tenha sido a compra de votos

É triste ver o país, sempre, de mão estendida e de miséria escondida

Os jovens são os primeiros a darem o corpo ao manifesto, não adormecem ao som das balelas, pintam a manta

Os pobres não têm dinheiro para a janta

Os políticos continuam com as promessas e a propaganda.

 

José Silva Costa

 

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publicado às 07:56

Verão cinzento

por cheia, em 11.08.19

Verão cinzento

 

Há nuvens negras, neste agosto cinzento

Há quem tenha de trabalhar

Todos os dias, de sol a sol, para angariar o sustento

Há quem viva à conta do Orçamento

Que busque, lá fora, o que não tem cá dentro:

Espetadores, porque as praias têm estado entregues ao tempo

Que tenha forçado um evento

Para uma exibição contra o momento

Que exemplo!

A política deveria ser um exercício exemplar

Mas, tornou-se num espetáculo nojento

Muito pouco compatível com este tempo

Em que, muitos povos, correm de um lado para o outro

À procura de segurança, pão, casa, paz

À procura de um coração que os abrace

À procura de um sítio onde nasça a esperança.

 

José Silva Costa

 

 

 

 

 

 

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publicado às 17:26

Esquemas

por cheia, em 22.10.18

Esquemas

O Orçamento do Estado

Cada um a pensar no seu eleitorado

Não há o mínimo de sentido de Estado

O Orçamento é um documento esfrangalhado

Aqui e além retalhado, o futuro é ignorado

O que interessa é embebedar o eleitorado

Este país vive, sempre, no caos, nunca estruturado

A saúde, a educação e a justiça estão cada vez mais degradadas

Hospitais privados nascem como cogumelos

No entanto, a geringonça canta grandes vitórias

Bloco de Esquerda, para esbater as desigualdades, conseguiu uma redução, nas propinas, para todos

Assim, algumas meninas e meninos terão mais duzentos euros, para os festivais de verão

Partido Comunista Português,  um aumento, igual, para todos os funcionários públicos, nem que seja um cêntimo

Segundo estes partidos, poderia ser muito mais, se não fosse a obcecação de pagar a dívida e o controlo do défice!

Partido Socialista, congratula-se por nunca este jardim, à beira mar plantado, ter estado tão florido

Mais de dois milhões de pobres, os serviços públicos entupidos, marcação de consultas com três anos de espera, horários suprimidos por falta de comboios, consultas e cirurgias adiadas por greves, todos os dias.

Quando confrontados com a realidade, respondem com os programas vinte, vinte, quarenta, quarenta, cem, cem, carregados de milhões, que ninguém sabe para onde foram ou em que cofres estão.

José Silva Costa

 

 

 

 

 

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publicado às 07:46

Cabecinha pensadora

por cheia, em 04.09.18

Cabecinha pensadora

 

Num tempo em que todos morrem de amores pelo Interior

Quando todos dizem querer ajudá-lo a sair do inferior

Aparece um autarca a exigir que os passes dos transportes públicos baixem

O que é uma coisa boa!

Mas, pediu esta medida, só, para a sua Câmara e arredores

Custeada pelo Orçamento Geral do Estado

Corroborando a ideia, que se esperava apagada, de que Portugal é Lisboa, o resto é paisagem

Portanto, o Interior pode continuar a contar com o apoio de todos, mas só com beijinhos e abraços

No Interior, em muitas localidades, nem transportes públicos existem, quanto mais passes!

Na capital há escolhas, no Interior, muitas vezes, a única escolha é o carro de aluguer

Por causa das cabecinhas pensadoras é que o Interior está abandonado

E, as grandes cidades estão a rebentar pelas costuras.

 

José Silva Costa

 

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publicado às 21:51


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