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Faz-de-conta
Todos os anos, aquando da apresentação do Orçamento Geral do Estado
Governantes e Deputados brincam ao faz-de-conta
Uma brincadeira de que tenho tão boas recordações
A minha neta mais velha; que tive a felicidade de tomar conta até quase aos 3 anos
Enquanto os pais iam trabalhar, ficava a ler e ouvir a sua respiração até ela acordar
A certa altura começou a fazer sopas invisíveis, instantâneas, que me oferecia, e eu fazia-de-conta que estavam maravilhosas, o que fazia com que ficasse muito contente
Também, todo país fica muito contente, quando os Ministros das Finanças apresentam o Orçamento:
Muitos mil milhões para a educação, para a saúde, para a justiça …….
Mas, muitos daqueles milhões não são para gastar, é mais um faz-de-conta
São as famosas cativações, que fazem com que muitos milhões não sejam utilizados
O resultado do faz-de-conta está bem à vista nos Serviços Públicos:
Serviços hospitalares fechados, fazendo com que os doentes não saibam a quem recorrer
As grávidas não sabem onde os seus bebés irão nascer
Os médicos e professores estão zangados, de promessas, cansados
A justiça está parada, o que dá muito jeito a certos arguidos, que querem que os seus processos prescrevam
Os investimentos e as infraestruturas marcam passo, como tem acontecido com a ferrovia, os novos hospitais .....
O aumento dos juros virou do avesso a vida de muitas pessoas
A inflação matou todas as esperanças, mesmo que queira descer
É nos produtos alimentares, que continua a crescer, fazendo com que alguns produtos, de primeira necessidade, tenham subido cinquenta por cento ou mais
Os sem-abrigo, em Lisboa, quase que duplicou, e para eles ninguém olhou
O Governo deu algumas esmolas, mas fê-lo sem critério, deu mais a quem não precisava, talvez a intenção tenha sido a compra de votos
É triste ver o país, sempre, de mão estendida e de miséria escondida
Os jovens são os primeiros a darem o corpo ao manifesto, não adormecem ao som das balelas, pintam a manta
Os pobres não têm dinheiro para a janta
Os políticos continuam com as promessas e a propaganda.
José Silva Costa
Verão cinzento
Há nuvens negras, neste agosto cinzento
Há quem tenha de trabalhar
Todos os dias, de sol a sol, para angariar o sustento
Há quem viva à conta do Orçamento
Que busque, lá fora, o que não tem cá dentro:
Espetadores, porque as praias têm estado entregues ao tempo
Que tenha forçado um evento
Para uma exibição contra o momento
Que exemplo!
A política deveria ser um exercício exemplar
Mas, tornou-se num espetáculo nojento
Muito pouco compatível com este tempo
Em que, muitos povos, correm de um lado para o outro
À procura de segurança, pão, casa, paz
À procura de um coração que os abrace
À procura de um sítio onde nasça a esperança.
José Silva Costa
Esquemas
O Orçamento do Estado
Cada um a pensar no seu eleitorado
Não há o mínimo de sentido de Estado
O Orçamento é um documento esfrangalhado
Aqui e além retalhado, o futuro é ignorado
O que interessa é embebedar o eleitorado
Este país vive, sempre, no caos, nunca estruturado
A saúde, a educação e a justiça estão cada vez mais degradadas
Hospitais privados nascem como cogumelos
No entanto, a geringonça canta grandes vitórias
Bloco de Esquerda, para esbater as desigualdades, conseguiu uma redução, nas propinas, para todos
Assim, algumas meninas e meninos terão mais duzentos euros, para os festivais de verão
Partido Comunista Português, um aumento, igual, para todos os funcionários públicos, nem que seja um cêntimo
Segundo estes partidos, poderia ser muito mais, se não fosse a obcecação de pagar a dívida e o controlo do défice!
Partido Socialista, congratula-se por nunca este jardim, à beira mar plantado, ter estado tão florido
Mais de dois milhões de pobres, os serviços públicos entupidos, marcação de consultas com três anos de espera, horários suprimidos por falta de comboios, consultas e cirurgias adiadas por greves, todos os dias.
Quando confrontados com a realidade, respondem com os programas vinte, vinte, quarenta, quarenta, cem, cem, carregados de milhões, que ninguém sabe para onde foram ou em que cofres estão.
José Silva Costa
Cabecinha pensadora
Num tempo em que todos morrem de amores pelo Interior
Quando todos dizem querer ajudá-lo a sair do inferior
Aparece um autarca a exigir que os passes dos transportes públicos baixem
O que é uma coisa boa!
Mas, pediu esta medida, só, para a sua Câmara e arredores
Custeada pelo Orçamento Geral do Estado
Corroborando a ideia, que se esperava apagada, de que Portugal é Lisboa, o resto é paisagem
Portanto, o Interior pode continuar a contar com o apoio de todos, mas só com beijinhos e abraços
No Interior, em muitas localidades, nem transportes públicos existem, quanto mais passes!
Na capital há escolhas, no Interior, muitas vezes, a única escolha é o carro de aluguer
Por causa das cabecinhas pensadoras é que o Interior está abandonado
E, as grandes cidades estão a rebentar pelas costuras.
José Silva Costa
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