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Outono
Nestes rudes tempos, indiferente à brutalidade, continuas a tua missão
Recolher as secas folhas, lavar as árvores, para receberem o inverno
Mas, as guerras, essas não param, continuam a alimentar o ódio
Os agiotas continuam a amontoar o dinheiro, vivem do seu cheiro
Tudo inútil, tudo sem futuro, tudo para criar fome, dor e morte
Nunca ouviram o puro choro do nascer de uma criança
A pedir, pão, paz, educação, habitação, futuro sem opressão
Mas, os donos do mundo não as ouvem
Só ouvem o telintar do ouro, como se isso fosse bom para o povo
Mais tarde ou mais cedo chega a chuva e o frio
Os migrantes dormem à porta da AIMA, no conforto do humanismo
Saboreando a nova política de acolhimento com dignidade
Dando um novo e bonito colorido à cidade
O Ministro bem os quer enganar, dizendo que podem utilizar o colo da Internet
Mas, eles o que querem é que lhes resolvam os problemas
Estão fartos de sistemas, da burocracia, da exigência de documentos, sem fim
Assim, preferem dormir nos braços da adorável AIMA, à espera de um milagre
Na confortável cama da discriminação da lei dos estrangeiros
Tão boa, para quem tem muito dinheiro, num país tão interesseiro.
José Silva Costa
25, de Abril
Madrugada determinada, há muito sonhada, que mudou o Mundo
Povos oprimidos, depois de cinco séculos, assumiram os seus destinos
Mas, não há parto, que não seja doloroso, só suavizado pela alegria de um novo ser
Cortar o cordão umbilical, velho de séculos, foi matar muito jovem, foi muita carne para canhão
Foram treze anos de guerra, de atrocidades sem nome, por pura insanidade
Cortar um cordão umbilical com catanas, granadas, balas, minas, e no céu, para além dos aviões, helicópteros com canhões
Mães sem filhos, mulheres sem maridos, namoradas sem namorados, pais sem filhos, filhos sem pais
Quão difícil é criar e educar uma criança, fará uma nação!
Mas, há sonhadores, que acham, que depois do sangrento parto, ainda podíamos impor as nossas leis
Pura ilusão, depois de armas na mão, ninguém aceitaria essa decisão
Os que beneficiaram da opressão achavam-se no direito de saírem da contenda, sem nenhum beliscão
De um lado e doutro pagámos muito cara a separação, que era inevitável
Que, só uma parte não queria, mas que todo o mundo exigia, incluindo o Papa, que já tinha recebido os dirigentes dos movimentos, que lutavam pela independência
Podíamos ter aprendido, com os que já tinha feito a descolonização, mas, não! Diziam-nos que eramos diferentes, que podíamos oprimir os outros povos, durante mais séculos, eternamente!
Há quem queira diminuir este acontecimento, comparando-o ao 25 de Novembro
Mas não há comparação, porque o 25 de Abril teve repercussões mundiais
Mais meia dúzia de novas nações, em dois continentes, muitos milhões de corações
Que vibraram de alegria, mesmo que um país não se crie, num dia
Muito obrigado a todos os que contribuíram, em especial aos Capitães, para um inesquecível dia.
José Silva Costa
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