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Tromba-Marítima
18
"Vi, claramente visto, o lume vivo
Que a marítima gente tem por santo
Em tempo de tormenta e vento esquivo,
De tempestade escura e triste pranto.
Não menos foi a todos excessivo
Milagre, e coisa certo de alto espanto,
Ver as nuvens do mar com largo cano
Sorver as altas águas do Oceano.
19
"Eu o vi certamente (e não presumo
Que a vista me enganava) levantar-se
No ar um vaporzinho e subtil fumo,
E, do vento trazido, rodear-se:
Daqui levado um cano ao pólo sumo
Se via, tão delgado, que enxergar-se
Dos olhos facilmente não podia:
Da matéria das nuvens parecia.
20
"Ia-se pouco e pouco acrescentando
E mais que um largo masto se engrossava;
Aqui se estreita, aqui se alarga, quando
Os golpes grandes de água em si chupava;
Estava-se co'as ondas ondeando:
Em cima dele uma nuvem se espessava,
Fazendo-se maior, mais carregada
Co'o cargo grande d'água em si tomada.
21
"Qual roxa sanguessuga se veria
Nos beiços da alimária (que imprudente,
Bebendo a recolheu na fonte fria)
Fartar co'o sangue alheio a sede ardente;
Chupando mais e mais se engrossa e cria,
Ali se enche e se alarga grandemente:
Tal a grande coluna, enchendo, aumenta
A si, e a nuvem negra que sustenta.
22
"Mas depois que de todo se fartou,
O pó que tem no mar a si recolhe,
E pelo céu chovendo enfim voou,
Porque co'a água a jacente água molhe:
As ondas torna as ondas que tomou,
Mas o sabor do sal lhe tira e tolhe.
Vejam agora os sábios na escritura,
Que segredos são estes de Natura.
(canto V, est. 18-22)
“O meu conto de Natal”
A pedido da nossa colecionadora de Contos de Natal, imsilva, do blogue : Pessoas e Coisas da Vida
https://imsilva.blogs.sapo.pt
Este ano, o Pai Natal está muito triste, por não ter conseguido comprar as prendas, para os meninos e meninas
Mandou, para todos os pais, uma mensagem, porque, também não tinha papel para escrever cartas, pedindo desculpa por não poder visitar os seus lares, descer pela chaminé e entregar as prendas
Queixou-se destes tempos difíceis, de muitas guerras, com muitas casas destruídas, fazendo com que as meninas e os meninos não tenham chaminés, onde colocar os sapatinhos, o que o fez ficar, ainda, mais triste, dizendo que uma desgraça nunca vem só
Já não bastava não haver brinquedos, e ainda destruíam as chaminés
Estava muito preocupado com o que a Natureza lhe tinha dito, com ar de muito zangada, pediu para não estragarmos o resto, senão, cada vez, nos enviará avisos mais violentos:
Ciclones, cheias, incêndios, terramotos, vulcões, nevões: tudo o que seja preciso, para nos fazer parar a destruição, que lhe estamos a causar
Para a Natureza não é admissível que proíbam as crianças e os adultos de saírem de casa, por o ar, em certas cidades, estar irrespirável
Não compreende a vaidade de termos casas com 1.000 m2, carros com 500 cavalos, querermos conhecer o mundo, viajando de avião, por todo o lado, todos os dias trocar de telemóvel, computador ……………
Em Portugal, todos os anos, morrem 200.000 pessoas devido à poluição do ar
O Pai Natal, também, está muito preocupado com a falta de água. Em certas regiões há anos que não chove, os animais e as pessoas não têm água para beber
Assim, pede a todos que não desperdicem nem água, nem alimentos, nem brinquedos, nem roupas, nem sapatos porque é preciso tudo poupar, para ver se a Natureza se consegue regenerar
Este ano, os contentores do lixo não vão ficar a transbordar de embalagens de cartão, porque não há prendas para desembrulhar
Todos se podem, mais cedo, deitar, sem o nervosismo de pela meia-noite esperar
O consumismo pode não ter vindo para ficar, se a Natureza, um dia, com tudo isto acabar
Não há dúvida de que se regenerará, não sabemos a que preço será, nem quando isso acontecerá
Para todos um bom Natal, no acolhedor e doce lar, e que com o próximo ano venha a Paz, muita saúde e alegria.
José Silva Costa
A chegada da Primavera
Sons e perfumes são raios de luz
Tens a alegria e o brilho que a todos seduz
Em Março todos queremos o teu abraço
Trazes a esperança da renovação
És a mais bonita Estação
Muitas e bonitas flores enchem os nossos olhos
Toda a Natureza se enfeita para te receber
As aves ensaiam bonitas melodias
Para te oferecerem ao nascer dos dias
Que é quando se constroem as harmonias
E se houve as mais bonitas sinfonias
É quando as flores acordam e se beijam
Dando as boas vindas ao sol
Tão importante para todas as vidas
São noites mal dormidas
Para te prepararem as boas vindas
Mais ninguém é recebido com tanto carinho
São flores, são perfumes, são sinfonias e hinos.
José Silva Costa
Namorados
Flores para os nossos amores
Não só no dia dos namorados
Mas em todos os dias do ano
Passeios, na natureza, com os nosso namorados/as
Mas em todas as horas, nas vinte e quatro horas
Partilhar todas as tarefas, no lar, com as nossas companheiras/os
Mas em todos os minutos, horas, dias e meses do ano
Acabar com a violência doméstica, o amor não provoca dor
Mas em todos os segundos de todas as horas
Celebremos o namoro em todos os segundos do ano
Mas sempre com a alegria do primeiro dia
Viver a dois é uma arte, para que o tempo não nos farte
Fazer ao outro o que gostamos que nos façam!
Admirar, todos os dias, as nossas namoradas/os
Dar, dar, sem pensar em receber, é como semear
Mais tarde ou mais cedo a colheita será a dobrar
Ser amável a todo o momento, esse é o segredo
É difícil, mas vale a pena, porque a vida é uma linda rosa
Que vamos saboreando pétala a pétala com alegria e entusiasmo
A vida a dois é partilha, é amor, é solidariedade, é ternura
Bom dia dos namorados para todos e todas, todos os dias.
José Silva Costa
Terramotos e guerras
Tanta morte, tanta dor
Muitos milhares de mortos, um horror!
Tanta destruição, em mais de uma nação
Numas é a loucura dos homens, com a sua desmesurada ambição
Noutras são as leis da natureza ajustando as suas posições
Sem quererem saber dos prejuízos, dos aís e das aflições
Sem quererem saber se são homens, mulheres, crianças ou mães
Os que não morrem ficam em terríveis condições
Sem casa nem pão, ao frio, na escuridão, à espera do que lhes darão
Não nos chegavam as desgraças que não dependem da nossa mão?
Por que razão as armas conseguem exercer tanta sedução?
Porque têm o poder que todos queremos ter
Ser mais forte que o outro, poder mandar, poder ser admirado, respeitado
Não por o que sou, mas pelo poder que tenho, pelo medo que consigo transmitir
Pelo mal que posso provocar, e de que muitos se conseguem orgulhar
E não vale apena apelar a mudanças para que todos sejamos humanos
Porque tem sido assim ao longo dos séculos, sem grandes alterações
Quando já estávamos esperançados que a Europa tivesse aprendido alguma coisa com as Grandes guerras, voltou a loucura, a destruição, a dor, a morte…………
Com falsos pretextos de que se sentem intimidados, de que vão socorrer quem quer uma parcela de terreno, para poder ser Presidente, nem que para isso tenha de matar muita gente
Estamos sempre prontos para apoiar guerrilhas de independências, de separações, nem que sejam de Freguesias, não para melhorar a vida das pessoas, mas para alimentar as nossas vaidades
Quem é que não quer ser Presidente, seja do que for?
Como se o diálogo não servisse para nada, e muitas vezes não serve, porque quem tem o poder mantem a arrogância de não responder. É tão bom mandar!
Quando assim é, só o som das armas o consegue acordar
Depois, o difícil é calá-las!
José Silva Costa
Mãos de fada
Mãos que abraçam e confortam
Sombras nuas em noite de luar
Olhos que iluminam a escuridão
Beijos em noites de solidão
Que queimam o coração
Noturnos silêncios em combustão
Corpos que sublimam na perfeição
A natureza a sorrir de tanta pureza
Rios que nos embalam os sonhos
Com os seus bonitos olhos risonhos
Vertical amanhecer da madrugada
Como se fosse uma noiva dourada
Sol quente na terra molhada
A lavar-nos os lábios da noite suada
Uma rosa vermelha, perfumada, para a namorada
Corpos fundidos a respirarem o ar quente
Terra ávida de sol, água e semente
Temos uma longa e bonita vida pela frente.
José Silva Costa
A seca (2022)
Fevereiro quente traz o diabo no ventre
Fevereiro sem chuva não germina a semente
A Natureza toda se sente
Sem água, toda fica doente
Sem água, morre a semente
Não há vida, não há gente
Não há chuva, não há vida
A chuva, que tanta gente detesta
Faço-lhe uma festa
Venha chuva, com conta e medida
Não quero que morra a vida!
Se continuar esta seca
Na Primavera não haverá festa
As flores não desabrocharão
E os animais morrerão
À fome! Não há nada para a sua alimentação
A chuva não é agradável, não!
Mas é indispensável à vida
Temos de aprender a usar a água
Não podemos continuar a desperdiça-la.
José Silva Costa
Os jardins
Nas avenidas das árvores
Passeias a beleza da Natureza
Admiras toda a sua beleza
Cada canteiro, cada árvore, uma certeza
Que o perfume tudo embeleza
Que harmonia, sem tristeza!
As árvores, os pássaros, as flores, na sua dureza
De uma vida parada na incerteza
Sem saberem se vai chover, se vai nevar, se vão viver na pobreza
Cada visitante tem no seu olhar uma delicadeza
Para cada cravo, para cada rosa uma fineza
Os idosos procuram os bancos, para descansarem da moleza
Onde tentam voltar a ser crianças e espantarem a tristeza
Enquanto as crianças, nas suas brincadeiras, exibem a esperteza
Os jardins são ponto de encontro de todos os encontros
São as casas dos pombos, dos namorados, dos abandonados
São palcos de alegria, de tristeza, de beleza e de ventos agitados
O que lhes vale é serem, pelos jardineiros, tão bem tratados
Os seus perfumes e flores são, por todos, muito admirados
São pelas plantas, pelos pássaros, crianças, mulheres e homens muito estimados
Os jardins, públicos, são um chão democrático
Onde todos podemos descansar das fadigas, das alegrias, do doce amar.
José Silva Costa
Mês de Férias
Julho, que sejas bem-vindo!
Que tragas um novo brilho
A um Verão diferente
Para as férias de muita gente
Que precisa urgentemente
De sair do confinamento do apartamento
De manter o afastamento
E, a quem tu podes ajudar, com o tempo
Mostrando-lhe um outro segmento
O de conhecer todo o país
Que para além das praias, tem muito mais
Tem muitos patrimónios!
Um vastíssimo património cultural e monumental
Disperso por todo o país
Que, infelizmente, muitos nem sabem que existe
Que, para todo o saborearmos, muitos anos seriam precisos
Este ano é a ocasião de deixarmos as praias sossegadas
De partirmos à descoberta do resto do país
De mergulharmos nos nossos rios
De usufruirmos dos nossos sumptuosos monumentos e jardins
De afugentarmos o demasiado calor, no centro duma Catedral ou de qualquer outro monumento
De saborearmos a nossa riquíssima gastronomia
Por todos tão admirada!
Não nos faltariam argumentos
Para celebrarmos ao progresso do Interior
Para ver se somos capazes de criar um país mais harmonioso
Baseado no aproveitamento de todos os seus recursos
Para a sustentação de uma economia verde
Que é o que a Natureza quer
E os povos estão a escolher.
José Silva Costa
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