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Mazelas da Guerra
Continuação
O Natal de 1969
Para muitos era primeira consoada passada fora do calor familiar
Na guerra nunca nos faltou álcool, quanto a mim, responsável por muitos acidentes
Duas fábricas de cerveja trabalhavam 24 horas por dia, para que nunca faltasse cerveja, bem ou mal fermentada
Havia quem se gabasse de beber uma grade, 24 garrafas, de cervejas até ao almoço
Os oficiais e sargentos tinham direito, por mês, a adquirirem, a bom preço, 2 garras de bom uísque escocês, conhaque francês, para que nunca nos faltasse álcool
Quando chegaram as 24 horas do dia 24 de Dezembro de 1969, já estávamos quase todos alcoolizados
Depois de ter estado na messe de oficiais e sargentos, onde nos reunimos todos, incluindo as esposas dos Sargentos, para a noite da consoada, e aproveitámos para ouvir a mensagem de Natal, do Agostinho Neto, em que ele dizia, “ este é último Natal, que os colonialistas portugueses passam em Angola”
Pela meia-noite fui à caserna dos soldados, para dar um abraço aos elementos da minha secção
Deparei com um sofrimento inimaginável: choravam, abraçavam-se, como se o mudo estivesse a acabar
Abraçaram-me, choraram no meu ombro, tentei que percebessem que era um dia como outro qualquer, que também estava a sofrer, como eles, por não estar com a família, mulher e filha
Só quando o cansaço e o sono os chamou para a cama é que consegui sair de lá
Já tentei lembrar-me do Natal seguinte, mas não me consigo lembrar de nada, o que quer dizer, que não teve o dramatismo do primeiro Natal, passado em Angola.
O ano novo trouxe más notícias.
Continua
A Consoada
Ao Natal, ninguém fica indiferente
Muito ou pouco, todos são tocados por esta época diferente
As famílias enfeitam as casas para a celebração do Natal
A noite da consoada, é, por todos, a mais aguardada
Há dias, duas das nossas netas, no meio de beijinhos e abracinhos, lá foram lembrando à avó, do que não se podia esquecer, para a noite da consoada
Bacalhau com natas, o galo caseiro assado no forno e o seu famoso arroz-doce
Um arroz-doce em que os ovos são substituídos por pudim baunilha
Uma receita, que ela viu, há muitos anos, numa embalagem do pudim baunilha
São estes conhecimentos, passados de geração em geração, ao longor dos séculos
Que fazem com a nossa comida e os nossos doces sejam tão apreciados, por todos
Iguarias enriquecidas com sabores, que trouxemos do resto do Mundo
Especiarias, novos produtos, sabores diferentes, tudo contribuiu, para a saborosa variedade
As famílias, à medida que vão crescendo, por integração de elementos de outras terras
Também se vão adaptando aos sabores dos novos elementos, acrescentando novos pratos à ceia de Natal
Assim, todas as famílias, tentam brindar os novos elementos, com os sabores com que cresceram, depois de deixarem os berços
Uns não abdicam das couves cozidas com bacalhau cozido
Outros só comem bacalhau, se for assado nas brasas
E, há quem não passe sem o polvo
Para agradarem a todos, nesta noite tão especial, há muito trabalho a realizar
Os dias, que a antecedem ,são de labuta aturada
Todos devem colaborar, para que as protagonistas, também possam saborear
Na paz da alegria, a mais importante reunião da família
O desembrulhar das prendas é um momento de magia, pelo menos, para os mais pequenos
Com a satisfação de terem sido ouvidos, pelo Pai Natal, nos seus pedidos e sugestões
Um Feliz Natal.
José Silva Costa
,
Faz de conta
Começaram as férias escolares do Natal
Vamos brincar ao faz de conta
Uma brincadeira muito apropriada
Para fazermos com as crianças
Principalmente quando nos obrigam a comer
Aquelas comidas invisíveis, que elas confecionam
Com a ajuda das fadas, em que só vemos o prato, garfo e colher
Mas que fazemos de conta, que nunca comemos melhor comer
Faz de conta que ninguém morre por comer demais ou de menos
Faz de conta que ninguém dorme na rua, porque todos temos direito a um lar
Faz de conta que Natal é todos os dias, e não um dia
Faz de conta que o texto, sobre banqueiros e políticos corruptos, foi publicado
Faz de conta que todas as guerras acabaram, para poder dormir descansado
Faz de conta que as imagens do Iémen, que já vimos em tanto outro lado, são um fantasiado
Faz de conta que o meu blog foi publicitado
Faz de conta que vivemos no mundo das fadas, um mundo onde não há impossíveis e tudo é perfeito, sem refugiados, esfomeados, deserdados
Desejo-vos um feliz Natal, mas não de faz conta, real.
José Silva Costa
Natal
A magia do Natal
Não são só as crianças que se agitam, nesta época
Também os adultos se adaptam à magia do Natal
Mudando o relacionamento para com que se cruzam, no dia-a-dia
Desejando a todos, um feliz Natal e um bom Ano Novo
Há harmonia no ar que se respira!
É pena que não pratiquemos este relacionamento, todo o ano
Dando atenção a quem nos rodeia, com um sorriso nos lábios e uma palavra de fraternidade
Em vez dos palavrões a saltarem, por todo o lado, no trânsito, acelerado
Mas é das crianças este tempo, de Natal, antecipado
Tentando sensibilizar os familiares a investirem nas prendas, que nomearam, para presentes deste Natal
Um treino a pensar numa futura ida a uma Web Summit
Imitando o que fazem os inventores com os investidores
Da América, nos últimos tempos, com maus ventos
Chegou-nos um bom presente
Mais de cem mulheres, de todas as cores, credos e orientações sexuais, foram eleitas nas eleições intercalares
Uma das eleitas para a Câmara dos Representantes, de origem africana, disse que não subia ao palanque, para cantar vitória, o que, só faria sentido quando houvesse igualdade de oportunidades
Bem ao contrário do que o que se passa cá no sítio
Onde cantaram vitórias, nas tragédias, que queimaram o trabalho de muitas vidas!
Boa escolha de prendas, para este Natal.
José Silva Costa
É Natal
Todos os dias são dias, de Natal
Celebremos o nascimento
Celebremos todos os nascimentos
É o nosso mais alto momento
É o início do nosso andamento
Que todos desejamos
Seja longo e feliz
Com saúde e amor
É Natal
As estrelas brilham no ar
É um momento de paz
Que faz com que a família se una
Para comemorar o nascimento
De uma frágil for
Que necessita de todo o calor
De todo o amor
Para crescer
Para se tornar
Mulher ou homem
Para ser mãe ou pai
Para mais tarde ansiar
Ser avó ou avô
Na esperança de que o peso dos anos
Lhes tragam a mais bela lembrança
Bisnetos e bisnetas
E a paz eterna.
Para todos, um feliz Natal
José Silva Costa
Natal
O branco frio chegou
Carregado de calor humano
Na época do Natal
O frio rodopia por entre a multidão
Só se ouve: Feliz Natal!
As pessoas atropelam-se na ânsia de comprar
Uma prenda para, no sapatinho, colocar
Irradiam alegria, nas suas correrias, para tudo comprar
Para que no dia mais festejado, o Natal se sinta desejado!
É com muito entusiasmo, que todos regressam
Às suas origens, aos braços dos amigos, aos sítios dos seus primeiros dias
No calor da lareira, na mesa farta, na emoção de todas as recordações
Uma noite inesquecível, que de repente se evapora
Enquanto dão voltas à memória!
Um dia de confraternização, com não há outro igual
No dai seguinte, tudo desalvora
Na esperança de no próximo ano voltar
Fazendo com que se sintam revigorados
Para mais um ano enfrentarem
Sem que o frenesim do dia- a- dia os consiga esmagar!
As localidades voltam à sua pacatez
Até que a invasão volte outra vez!
José Silva Costa
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