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Presidenciáveis!

por cheia, em 17.01.25

Presidenciáveis!

 

O cargo de Presidente da República é muito importante. Assim, devemos saber o que pensa, quem vamos eleger

Deve ser uma personalidade, que já tenha dado provas de ser democrata, que respeita a Constituição, que cada um lê de acordo com os seus interesses, porque depois de eleita, representa todos os portugueses

Em último caso, é ela que tem de defender todos os portugueses, e não este ou aquele partido ou grupo

Tem um poder muito importante, o de dissolver o parlamento, onde estão representados todos os portugueses. Por isso, tem de ser uma personalidade ponderada, que respeite a opinião de todos, que não esteja convencida que é ela que sabe tudo, que a vontade dos eleitores não conta, para nada, como, infelizmente, temos visto em tantos pontos do globo

Parece que, cada vez, vemos mais presidentes a não respeitarem o poder dos eleitores: dissolvendo parlamentos, escolhendo primeiros-ministros, passando por cima dos partidos e da vontade dos eleitores, dando ordens aos militares para invadirem os parlamentos, por estes os contrariarem

Não devemos eleger militares ou ex-militares, porque a sua missão é muito importante, mas não a de governar. Têm de estar acima de interesses partidários e do poder, para puderem, em último caso, se os órgãos de soberania não cumprirem com os seus deveres, serem eles a fazer com que os cumpram,  para isso, lhes entrgamos as armas.

A democracia é uma bonita flor, mas muito frágil, ao mais pequeno espirro fica constipada, só sobrevive se houver imprensa livre, se houver liberdade, se nos deixarem votar, se não autorizarmos que emendem a constituição, para se eternizarem no poder

Se todos soubesse-mos, o nosso poder, quando nos chamam a votar, não haveria abstenção, é lamentável que tenhamos, nas nossas mãos, o poder, e o atiremos para o lixo, como se não servisse para nada

Nas próximas eleições, em todas as eleições, não deixem de votar. Em democracia, o poder está nas nossas mãos,  está nas mãos dos que votam, os qu não votam não contam.

José Silva Costa

 

  

 

 

 

 

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publicado às 07:50

Há 60 anos!

por cheia, em 15.03.21

Amor & guerra

 

Há sessenta anos, a UPA (União dos povos de Angola) iniciou a luta armada no norte de Angola em 15/3/1961

Um casal, que vivia com a filha, foi assassinado. A Bárbara, sua filha, escondeu-se num abrigo, que havia na cave do estabelecimento, onde guardavam o dinheiro e as mercadorias de muito valor

O pai tinha construído aquele lugar secreto, a pensar na hipótese de um dia terem de o utilizar

Estava equipado e preparado, para passarem lá um mês ou mais. Tinha aposentos e uma despensa guarnecida, para os três viverem por algum tempo

A Barbara só saiu de lá quando viu, pelo óculo, bem disfarçado, os militares portugueses, que a incentivaram a abrir o estabelecimento, fazendo com que a vila voltasse a alguma normalidade

O comandante da companhia, vendo o estado dela, destacou uma secção, para a ajudar e proteger, para ver se ganhava confiança

Um militar apaixonou-se por ela, e ela por ele. Começaram a namorar, ele era o seu confidente e psicólogo, fazendo com que ela voltasse a viver

Foram poucos meses, uma vez que a companhia teve de ir para outra localidade, que ainda, estava ocupada, pelos guerrilheiros da UPA

Mais um grande choque para a Barbara, que continuava muito perturbada, pela morte dos pais. Mas conseguiu seguir com os seus planos de recuperar o negócio

Dois meses depois soube que estava grávida, mas nem sequer sabia o SPM (Serviço Postal Militar) da companhia do pai da criança, como é que o poderia informar de que era pai!

Seria que ele gostaria de saber que era pai, ou pelo contrário, negaria que aquele bebé, que estava para nascer, fosse seu!

 

 Carlos estava a cumprir o serviço militar obrigatório, faltavam-lhe seis meses, para passar à disponibilidade.

Namorava com a Miquelina, que era criada de servir, em Lisboa. Tencionavam casar-se, assim que ele saísse da tropa, e saírem do país

Primeiro iria ele, a seguir iria ela. Mas, as suas vidas mudaram de um dia para o outro. Ao começar a guerrilha em Angola, em vez de passar à disponibilidade, foi mobilizado, para ir para Angola

Com os sonhos desfeitos, os últimos dias, antes do embarque, foram de nervosismos e ansiedade, não se conformando com o que lhes aconteceu

Naqueles tempos, as raparigas, que não chegassem ao casamento virgens, eram severamente criticadas

Sem métodos anticoncecionais ao seu dispor, faziam os possíveis para não permitirem relações sexuais antes desse dia

A Miquelina resistiu quanto pôde, mas no último dia antes do embarque, o Carlos conseguiu convencê-la a terem relações sexuais antes de ele embarcar

Em menos de uma semana, a guerra separou-os, matando a felicidade, que há anos vinham construindo. As guerras, a uns matam os corpos, a outros os sonhos .

  Continua

 

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publicado às 08:04

Ficou a nossa Língua!

por cheia, em 01.01.21

As Mazelas da Guerra

Continuação

Fatores

O derrube da ditadura deveu-se a vários fatores, um deles, segundo o jornal britânico The Guardian, foi o do Professor Veiga Simão, Ministro da Educação de Marcelo Caetano, ter conseguido fazer passar, no Conselho de Ministro, a lei que permitiu que se fizesse o 2º Ciclo Liceal ( 3º, 4º e 5º anos) por disciplinas em vez da Secção de Letras ou Ciências, para maiores de 18 anos, como alunos externos

Naquele tempo havia muitas escolas particulares, por toda a Lisboa

Na Escola Académica, só para o sexo masculino, no Largo Conde de Barão, em Lisboa, onde tive três professores extraordinários: de Português, Matemática e Ciências

O de Ciências tinha o programa memorizado, e dizia-nos: “ como não têm tempo para estudar, dito-vos o programa”

Obrigava-nos a escrever com uma tal rapidez, que nunca mais consegui escrever como deve ser

Ainda hoje, tomo notas, e quando vou passar para o computador, deparo-me com palavras que não consigo decifrar

A seguir ao 25 de Abril de 1974, vi-o, na televisão, a explicar como se podia distinguir o bacalhau do pixilim, uma vez que os comerciantes estavam a enganar muita gente

O de Matemática, um juiz do Tribunal Militar, reformado, aquando da apresentação disse-nos: “ quem estiver disponível sábado à tarde e domingo de manhã, e queira tirar dúvidas, estarei aqui, para demonstrar que a matemática não é um bicho-de-sete-cabeças.” 

O de Português, um Camoniano, vendia apontamentos de interpretação de Os Lusíadas

Andava a elaborar um dicionário de Os Lusíadas. Os primeiros segundos das aulas eram para dizer que enquanto os outros andavam a ler A Bola, ele andava a decifrar os Lusíadas

Como a aula dele era das 23 às 24 horas, quando entrava na sala de aula, já estávamos a dormir, para nos acordar recitava:” Estavas, linda Inês, posta em sossego/ De teus anos colhendo doce fruito ……..”

Quando cheguei de África, vi numa montra de uma livraria, o seu livro em destaque: Os Lusíadas, com dicionário de Manuel dos Santos Alves, entrei e comprei-o 

 Com a nova lei do Professor Veiga Simão, todos os que não tinham tido oportunidade de continuar os estudos, podiam fazer o 2º Ciclo Liceal (3º,4º e 5º anos) por disciplinas, muito mais fácil que ter de fazer todas as disciplinas de Ciências Letras ao mesmo tempo. O que fez com que muitos tivessem acesso ao curso de Sargentos e Oficiais Milicianos, contribuindo para engrossar os que defendiam a independência das Colónias

Ao contrário dos que vinham da Academia, que estavam mais ligados aos grandes grupos económicos cujos negócios dependiam muito dos territórios ultramarinos

A descolonização provocou a vinda de cerca de um milhão de portugueses, que viviam nas colónias, para Portugal, a quem erradamente chamaram retornados, uma vez que alguns nunca tinham estado em Portugal

Alguns vieram, apenas, com a roupa que tinham no corpo. A integração não foi fácil!

Como se pode imaginar, foram tempos muito difíceis, para quem, de um momento para o outro, se viu sem nada

Foi precisa uma ponte aérea gigantesca para os trazer para Portugal

Os Funcionários Públicos e os Bancários foram integrados. Os outros tiveram de se desenrascar

Para um país pequeno e pobre, acho que não correu muito mal   

Ultimamente, tem aparecido, principalmente, nas redes sociais, quem queira comparar ao 25 de Abril de 1974 ao 25 de Novembro de 1975

Não há comparação possível, o 25 de Abril entregou o poder ao povo, acabou com uma ditadura, um império de cinco séculos e uma guerra sem fim à vista. Deu origem a seis novos países e serviu de inspiração para a libertação de outros povos

O 25 de Novembro foi muito importante na consolidação da democracia. O 11 de Março de 1975 deu uma grande guinada à esquerda, tendo sido tudo nacionalizado, era inevitável voltar a colocar a revolução no rumo certo.

Quem ler estes relatos não deve deduzir que todos tiveram uma guerra como a nossa. A guerra não foi igual em todas as colónias, nem em todos os sítios. Infelizmente, em muitos locais, não podiam sair dos abrigos subterrâneos, porque choviam balas e granadas de morteiro, noutros foram as emboscadas, as minas, lutas corpo a corpo: Muitos horrores!  

Fim

José Silva Costa

 

 

   

 

  

 

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publicado às 08:00


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