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Amor & guerra (36)
Despois de dois anos, da entrega das Colónias, começou a longa marcha, para a entrada no clube dos ricos
Foi uma dura e longa caminhada. A 11/3/1977, as explicações das razões do pedido de adesão à CEE, a 28, do mesmo mês, foi pedida a adesão
A 19/5/1978, a Comissão Europeia pronuncia-se a favor da adesão. Mais de dois anos e meio depois, a 18/12/1980, foi aprovado o acordo, sob forma de Cartas entre a CEE e República Portuguesa, relativo à criação de uma ajuda de pré-adesão a favor de Portugal, de 100 milhões de ecus para projetos ou programas de melhoramentos das estruturas industriais, modernização dos setores agrícola e das pescas e desenvolvimento de infraestruturas
Uma ajuda que não evitou que em 1983, tivéssemos de ir, pela segunda vez, bater à porta do FMI
A 18/12/1984, um segundo acordo de pré-adesão. Mais 50 milhões de ecus para as estruturas dos setores agrícola e pescas
Meio ano depois, a 11/6/1985, o Conselho decide que, o Reino de Espanha e a República Portuguesa, podem tornar-se membros da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço.
Na mesma data aceitou a admissão na Comunidade Económica Europeia, e na Comunidade Europeia da Energia Atómica
No dia seguinte, em Lisboa, nos Jerónimos, foi assinado o tratado de adesão da República Portuguesa à CEE e à CEEA
A Bárbara, vendo que tinham sobrado muitos francos franceses, decidiu ir ao Banco, vendê-los. Entrou no Banco, dirigiu-se ao balcão e vendeu os francos franceses. Quando ia a sair, encarou com o Carlos. Para confirmar, não fosse outra pessoa muito parecida, perguntou-lhe se se chamava Carlos, se tinha estado em Angola em 1961, até que ele a reconheceu, e lhe perguntou se era a Bárbara. Confirmou que era a Bárbara e que precisava muito de falar com ele. O Carlos pediu-lhe se podia esperar, no jardim ali perto, que estava quase a sair e iria ter com ela
Quando o Carlos chegou, confrontou-o com o facto de a ter abandonado, sem que tivesse, ao menos, escrito uma carta, para saber como estava
Ele tentou defender-se, dizendo que a Companhia tinha recebido ordens para sair, nessa noite, daquela Vila, e ir mais para Norte. Que ao fim de algum tempo foi ferido, em combate. Teve de ser evacuado para a Metrópole, e lhe tinham amputado a perna esquerda, abaixo do joelho
A Bárbara lamentou que tivesse sido amputado, mas que nada disso serviria de desculpa para não a ter procurado. Que ele nunca conseguiria imaginar o que ela tinha sofrido, durante todos aqueles anos, sem saber se estava vivo ou morto
Que tinha procedido como alguns animais irracionais, que, depois de cobrirem as fêmeas, nunca mais se importam se ficaram ou não prenhas
Perguntou-lhe se alguma vez tinha imaginado o que era criar uma filha, sozinha, que não se cansava de lhe perguntar pelo pai
Quando a Bárbara falou em filha, o Carlos estremeceu, mudou de cor, perguntou-lhe se a filha estava bem e se tinha com ela, alguma fotografia, que gostava de a ver
A Bárbara abriu a carteira e mostrou-lhe uma fotografia, recente, da filha
Ele disse que era linda e que já a conhecia, não sabia é que era filha dele
A Bárbara ficou admirada por ele já a conhecer, e perguntou-lhe de onde é que a conhecia
Respondeu-lhe que era a amiga do filho: o Miguel. Foi a vez de ela mudar de cor e dizer, que ainda, por cima, ele era o marido da sua melhor amiga: a Miquelina. Com tanta gente em Lisboa, tinha de travar amizade com a mulher do homem, que a tinha abandonado, sem querer saber se estava grávida ou não. Perguntou-lhe a quantas é que tinha feito o mesmo, em Angola
Respondeu-lhe que não tinha tido relações sexuais com mais nenhuma mulher, em Angola
A Bárbara continuava furiosa e disse-lhe, que fosse como fosse, o que lhe tinha feito não se fazia a ninguém. Depois de ter tido tanto trabalho para a convencer a sair daquela cave, de a ter devolvido à vida, de a ter engravidado, a tenha deixado, desaparecendo como o fumo
O Carlos voltou a dizer que a culpa não tinha sido só dele, que tinha sido da guerra, e até dela, que não se tinha opostos a que tivessem relações sexuais
Ela respondeu-lhe que naquelas circunstâncias dependia de quem lhe desse carinho, companhia, de tudo o que conseguisse fazê-la voltar à vida
Antes de se despedirem, o Carlos pediu-lhe para não dizer nada a ninguém, enquanto ele não dissesse à família o que tinha acontecido, porque pretendia fazê-lo, quando estivessem, os quatro, reunidos.
Continua.
Amor & guerra (4)
O tempo voava, já se tinham passado nove meses, a Miquelina já tinha terminado o tempo, estava à espera do bebé a qualquer momento. Enquanto o Carlos achava que o tempo não passava, aqueles nove meses pareceram-lhe dois anos
Carlos não deixava de pensar no bebé, que ia nascer e no que queria para ele, e se fosse um rapaz, não queria que fosse para a guerra, porque nunca tinha imaginado, que se pudessem cometer tantas barbaridades: pessoas decapitadas, cabeças e braços pelos ares, devido às granadas, pessoas atropeladas nas picadas, emboscadas, helicópteros equipados com canhões, contrariando as convenções internacionais, horrores indiscritíveis!
Começava a estar indeciso na preferência do sexo do bebé, ainda bem que não dependia dele, a Natureza que decidisse. Só pedia que se fosse menino, não fosse para a guerra. O que viesse era bem-vindo
A Barbara, à medida que o fim da gravidez se aproximava, mais sentia a falta dos seus pais. Gostava de ver a sua felicidade por serem avós. Tanto que a poderiam ajudar a criar aquela criança, que ia nascer sem o pai saber
Estava muito preocupada por não ter ninguém a seu lado para a ajudar, para a ensinar, para tomar conta da criança, caso lhe acontecesse alguma coisa.
Se o natural é serem duas pessoas para o conceber, um homem e uma mulher, então para o criarem, também deveriam ser duas.
Tinha tantos pretendentes, a dizerem que a queriam ajudar, mas eram todos militares, que estavam em comissão de serviço, o que lhe fazia lembrar o Carlos, que de um minuto para o outro, desapareceu
A todos dizia, que só aceitava namorar com quem, no fim da comissão, trocasse a viagem grátis para a Metrópole, pelo seu amor.
Continua
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