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Planície Dourada
Alentejo de longos horizontes
Salpicado de papoilas vermelhas
De planícies douradas, pelo sol, queimadas
Searas onduladas de espigas inchadas, cheias de grãos de oiro
Um mar sem fim, debaixo de um sol sufocante
Campos floridos, onde espalhamos os sentidos
Meu querido Alentejo, que te perdi tão cedo
Num tempo em que havia muito medo
Quando alguns te apontavam o dedo
A fome fez-me deixar o teu chão sagrado
Para sempre fiquei desenraizado
Em Abril o cravo floriu, e a madrugada tudo mudou
Pudeste, finalmente, libertar-te e deixares de ser subjugado
Mas continuas, no tempo, parado
O mundo, contigo, está encantado
Que futuro te estará destinado?
Sem autoestradas, sem vias férreas, com o melhor aeroporto da País
Com um dos melhores portos da Europa
Tens tudo para que o progresso te traga luz
Quem tem medo de que sejas feliz?
Procuro, e o que o mundo me diz
Que um dia ainda vais ter tudo o que a tua gente sempre quis
Paz, pão, liberdade, trabalho, habitação, o Cante, como animação.
José Silva Costa, Lisboa - Portugal
Os gritos das crianças!
Bombas rebentam por toda Ucrânia
As crianças gritam, nos colos das mães
Com medo, cheias de aflições
Um abrigo de que só as mães são capazes
Apertam-nos contra o seu peito
Fazendo com que momentaneamente passe o efeito
Mas, nos sonhos, tudo fica desfeito
Acordam aos gritos como se estivessem a ouvir as bombas a rebentar
Não conseguem descansar
As mães acabam por o seu país abandonar
Sem saberem para onde ir, vão, um lugar seguro, procurar
Os pais abdicam de tudo, para que os filhos, em paz, possam criar
Mas, os déspotas, sem coração, são surdos!
Não ouvem nem choros, nem gritos de arrepiar
A sua obsessão é tudo metralhar
Se possível tudo arrasar
Quem pode dizer que está seguro no aconchego do seu lar!
A descansar do muito trabalho que lhe deu a arranjar
Se há quem não saiba o que é sonhar viver em liberdade
Sem peias, nem meias, de que alguns estão, sempre, a relativizar
Sem nos conseguirem explicar
O que querem dizer com a seguinte frase: “amplas liberdades”
Como se a Liberdade se medisse em comprimento ou largura!
Não! A Liberdade não tem condicionantes
Ou há Liberdade, ou não há Liberdade
Não consente meio-termo!
José Silva Costa
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