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Colares
Princesa da serra e do mar
Com os seus palácios e altares
No perfume dos pomares
É bela, é uma flor
É inebriante o seu néctar
Um vinho das profundezas da terra
Um vinho digno de um altar
O melhor que há, para celebrar
No verde da serra e no azul do mar
A noite, o sono e a lua vão-se deitar
Na esperança de que com o nascer do sol irão acordar
Para poderem apreciar o sabor a mar
Quando o sol começa a subir a encosta
A beijar a serra, Colares fica prisioneira
Uma bela saloia, muito namoradeira
Sonha com um príncipe, mas contínua solteira
Nos vapores do vinho ramisco
Viaja até à Praia das Maçãs
No agosto das multidões
Apanha o elétrico e volta para casa.
José Silva Costa
A moda
Estamo-nos a despedir do mar
As aulas vão começar
Mais um verão a terminar
Vem aí o doce setembro, para saborear
Podemos, até continuar a ver o mar
Mas, as idas à praia vão acabar
Os dias mais pequenos não nos permitem navegar
O material de praia temos de arrumar
Mais um ano à espera que as férias não se esqueçam de chegar
Não se pode passar a vida só a trabalhar
Porque o vento pode acabar
E, nós podemos ter pena de não o ter visto passar
O tempo não para, nem para descansar
Esse é que passa a vida, sempre, a trabalhar
Nós, por vezes, bem queríamos que descansasse
Mas, ainda bem que não nos obedece
Senão, podíamos estica-lo de mais
Assim, as horas, os dias, as semanas, os meses, os anos passam sem que possamos interferir
Tudo o que podemos fazer é aproveitá-lo o melhor que soubermos e pudermos
Vamos, novamente, a correr para o inverno!
É um grande privilégio estar constantemente a mudar de visual
Cada dia, cada estação veste-se de maneira diferente
E, isso interfere com a nossa imaginação
Queremos acompanhar toda essa variedade com muita atenção
Porque temos de adaptar os nossos hábitos e o vestuário à sua condição
Um grande desafio para quem impõe a moda
A quem muita gente obedece
E, se não andar nela, nem se quer adormece
Que bom, vestir o que me apetece!
Desde que não colida com a harmonia consentida.
José Silva Costa
Junho de 2020
Seis meses de pandemia, provocada pelo covid-19
O Mundo já estava conturbado
Mas, agora, está irreconhecível
Ficou tudo parado
Felizmente ou infelizmente, nem todos, ainda, se aperceberam da catástrofe
O constante anúncio de despedimentos tira-me o sono
Tal com aconteceu em 2008
Em que a ganância, que alimentou as pirâmides, na ilusão de alguns, de que todos podiam enriquecer facilmente, levou o Mundo à falência
Desta vez foi um vírus que, ao provocar a morte, o medo, o desespero, nos levou ente-queridos, abraços, beijos, convívios, empregos, empresas, a vida
O que devemos fazer para sair deste confinamento?
Ninguém sabe, porque tudo isto é novo
Mas uma coisa é certa, temos de respeitar a Natureza
Temos de tentar reduzir a pobreza
A tendência será reduzir o desperdício
O que vai fazer com que tenham de converter algumas empresas
Com esta pandemia, a alimentação ganhou outra atenção
A agricultura mais destaque e dimensão
É na terra e no mar que, o que comemos, nasce
Se todos fomos afetados!
Que dizer dos refugiados
Em campos superlotados
Crianças, mulheres, homens amontoados
Um WC para uma centena de pessoas!
Onde as mulheres estão, sempre, em perigo
Com receio de serem violadas
À noite, preferem usar fraldas, a saírem das suas débeis muradas
Estamos a assistir a coisas inusitadas
Os novos inquisidores querem apagar a História
Derrubando e queimando estátuas
Como se isso revertesse os erros cometidos
Quantos dos que hoje gritam contra o colonialismo, beneficiam ou beneficiaram com ele?
Não se emendam erros, destruindo o património!
Todos ficamos a perder.
José Silva Costa
Lua Cheia!
Não encendeis a minha candeia
Há noite, depois da ceia
A tua magia aumenta a fantasia
Não durmo como dormiria
A tua luz os olhos fere!
Uma energia, que os impede de se fecharem
Sei que interferes nas ondas do mar
Como me impedes de, os meus sonhos, navegar
Tenho de esperar que te deites
Para poder, enfim, descansar
Lua de quatro fases e de outras tantas faces
Ao longo dos séculos, quantos encantaste?
Quem amaste!
Misteriosa, bela, encantadora
Todos te têm cantado
Inspiradora de almas noturnas
Que não obedecem à noite
Que não adormecem
Que se portam como se o sol nunca se pusesse.
José Silva Costa
Carnaval
22/02/2020
Fomos ver os meninos e meninas da EB1 de Mafra
Desfilaram pelas ruas da Ericeira
Terminaram no Parque de Santa Marta
Com muitas máscaras alusivas ao mar
Onde não faltaram as pranchas de surf
Em homenagem às ondas de Ribeira D’ Ilhas
Pareciam bandos de Gaivotas
A esvoaçarem pelas ruas
Misturados de criaturas do mar
Por aquelas ruas a desfilar
Na alegria contagiante
Que só as crianças nos sabem dar
Uma tradição muito antiga
Que nos permite brincar ao Carnaval
Com a qual tive contato
Quando ainda, nos bancos da Escola, não tinha lugar
Mas como nasci numa casa onde também estava instalada a Escola
Desde muito cedo me intrometi nas brincadeiras do recreio
Estava na porta de entrada, teria 3 ou 4 anos, quando vi um Senhor a subir a rua
Mascarado com cortiça queimada e uns grandes dentes de cana
Fez-me sinal para não dizer nada
Devia ter autorização da Professora
Porque a porta estava aberta
Aproveitei a boleia e entrei ao lado dele
E, vi alguns alunos a saltarem para cima das carteiras
Esta é a minha primeira lembrança das brincadeiras do Carnaval.
José Silva Costa
Domingo vai chover
As previsões dizem que Domingo vai chover
Graças à ciência e às novas tecnologias, podemos, com antecedência, saber como vai estar o tempo
No Domingo vamos dar descanso às férias, não correndo para as praias, para torrar
Vamos aproveitar para descansar, sabe tão bem descansar do cansaço das férias
Há sempre muito que fazer: ver um filme, ir ao cinema ou ao teatro, visitar uma amiga ou um amigo, mesmo que esteja detido
Proponho-vos um exercício muito mais difícil: tentar desconectar toda a família, sentá-la a uma mesa, para jogar às cartas, às damas, ao monopólio, etc.
Um ótimo exercício, para testarmos as reações, de cada um, quando se perde, ou quando se ganha
E, vão ver que nem se lembram que está a chover
Mas, se preferirem, também, podem ver a chuva a cair, regar e lavar tudo, com as plantas a sorrir
Na segunda-feira não se esqueçam de observar e saborear a frescura, o perfume, os efeitos, de o Verão, ter procedido à limpeza do que não fez, durante um mês de muitas desilusões
Nem ele sabe muito bem, por que razão não fez o Sol brilhar, aquecer a água do mar………
Tenho uma explicação: o Verão, este ano, no seu primeiro mês, foi de férias, para a Rússia, para ver o Campeonato Mundial de Futebol.
José Silva Costa
As imagens
As imagens da televisão
Bem avisaram que não eram
Para que tem coração
Infelizmente, todos os dias morrem bebés!
Mas, não os mostram na televisão
As imagens destes três, vão-me atormentar
Durante muito tempo, a toda a hora, a todo momento
Olhos que não veem, coração que não sente
Como é que há gente?
Que se recusa a enfrentar este problema, de frente
O maior cemitério de sempre!
Não consegue incomodar, quem vive comodamente
Preso no egoísmo do seu ambiente
Cercado de uma realidade que não mente
Vai-se empanturrando de ódio, na mente
Tentando convencer-se que é feito de matéria diferente.
José Silva Costa
Castelos de areia
Um ano inteiro a sonhar
Com estes dias à beira mar
Poder, nas ondas do teu cabelo, navegar
Deito-me no brilho dos teus olhos
Começo logo a sonhar
Com o que a internet nos teima em mostrar
Todos os paraísos do mundo
Onde gostava de te levar
E, é essa desmesurada ambição
Que não me deixa, estes poucos dias aproveitar
Porque estou sempre a magicar
A construir castelos de areia
Para onde te possa levar
Beber a alegria de te sentires sereia
Mas, acordo na realidade
Amanhã temos de ir trabalhar
Voltar à correria de sempre
Na esperança de para o ano voltar.
José Silva Costa
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