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A noite

por cheia, em 27.11.23

A noite

Há noite há magia

Há noite os sonhos

Pintam alegria

A noite pare o dia

Há noite há um farol

A iluminar o mar

O marinheiro sonda o luar

Não vá o barco encalhar

Quer a lua namorar

O mar também a quer conquistar

Ela não sabe quem escolher

A quem namoro aceitar

Os dois gostava de a encantar

Vai continuar para todos sorrir

Sem ter de decidir

 O sorriso não pode dividir

Com todos vai continuar a dormir

A todos inspirar

Sozinha se vai deitar

Sem ter com que se agasalhar

Tantos séculos magia a espalhar

Tantos poetas a enganar

Dizendo que é sua musa

Muitos continuam a esperar

Que as metáforas rompam o ar

Que os seus versos façam o mundo parar

Que a paz possa chegar

Que o ar se possa respirar.

José Silva Costa

 

 

 

 

 

 

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publicado às 08:10

O sol

por cheia, em 10.04.23

Praias

 

Em Abril o sol é mais feliz

São muitas horas de sol

Os teus olhos são a luz dos dias

Há cegonhas esguias

Que chocam os ovos nos ninhos, quentes

No silêncio de um céu transparente

As praias estão cheias de gente

Tu és o culpado desta enchente

Mas alguns vão na corrente

O mar podia ser mais prudente

Já que as pessoas nem sempre o são

A culpa é toda tua!

Quando aqueces, as pessoas esquecem-se

Que o mar é muito perigoso

Só pensam em refrescar-se

O que lhes dá muito gozo  

Tanto faz ser jovem, ou idoso

Mas, tu oh sol radioso!

Que és tão sensato e bondoso

Não permitas que o mar seja tão manhoso

Que leve as pessoas ao engodo

Não aqueças, quando vires que o mar está perigoso

Vais ver que deixamos de ver, todos os anos, esta mortandade

De pessoas, ainda, na juventude da idade

Que deixam tantas saudades

E causam tanta tristeza e dor

A vida não tem preço, mas tem muito valor.

 

José Silva Costa

 

 

 

 

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publicado às 07:55

Cheiro

por cheia, em 06.03.23

Cheiro

Já cheira a Primavera

Os passarinhos andam aos beijinhos

Passam os dias na construção dos ninhos

Sempre a namorar, para a canseira suavizar

Também eles se queixam do custo das casas

Fazer uma casa robusta, dá muita luta

Encontrar um lugar seguro, resistente ao vento e a todo o elemento

Para além da robustez do lugar, é preciso,  com todos os inimigos, contar

Quem é que não gosta de uma casinha a ver o mar! 

Sem ninguém a incomodar

É tão bom ter um bom lar!

Uma companheira e ver os filhos a palrear

De alegria, por a mãe os amamentar

Uma ternura de encantar!

Vê-los crescer, fazer o que já fizemos, e esperar que nos deem netos

Cheios de graça, ternura, birras, mimos e afetos

Tem sido assim ao longo dos séculos

Com mais ou menos tecnologia, com mais ou menos guerras

Infelizmente, há povos que continuam à espera

Que o progresso os empurre para dias melhores

Que não envenenem as meninas na sala de aula

Para as privarem da educação e lhes roubarem a compreensão

Mantê-las na ignorância, porque saber é poder

Alguns homens continuam só para si o querer

Sem se importarem com quem está a sofrer

Com quem tem de enfrentar todos os perigos

Para da fome, das guerras, das arbitrariedades fugir

Morrer é um mal menor, que em tais condições viver.

José Silva Costa

 

 

 

 

 

 

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publicado às 07:53

Chuva e sol

por cheia, em 24.10.22

Chuva e Sol

 

Chegou a chuva, nunca foi tão bem-vinda

Bem precisávamos de sol na eira, chuva no nabal e muito vento

Tudo para a produção de eletricidade, cujo preço está pela hora da morte

Mas tudo com peso e medida, para não provocarem nem prejuízos materiais nem perdas de vidas

Estamos desejosos de voltar a ver as barragens cheias, com todas as suas valências em atividade

A chuva é uma grande riqueza, que cai do céu, sem que a precisemos pagar

A que não for retida, o seu destino é o mar

Cada vez gastamos mais água, cada vez que abrimos a torneira são litros que desaparecem

Quando não tínhamos água canalizada, e a íamos buscar às fontes ou aos poços, não a desperdiçávamos

Dava muito trabalho carregá-la, um trabalho diário e muito duro, quase sempre, a cargo das crianças e das mulheres

Um líquido muito precioso, que temos de valorizar, porque se está a tornar muito escassa

Quando chove, dizemos que está mau tempo

Quando alteraremos este comportamento?

A não ser que não queiramos chuva e queiramos só bom tempo

Sem chuva não há sustento, por muito desagradável que seja, sem ela não há vida

Todos gostaríamos que a chuva chegasse a sorrir, como o sol!

Mas, a Natureza não o quis assim. As nuvens passam as passas do Algarve para nos trazerem a chuva

Têm de ir carregá-la, subirem com todo aquele imenso peso até atingirem a altitude para a puderem descarregar

Operação difícil, que necessita da ajuda do vento e, por vezes, dos trovões.

 

 

José Silva Costa

 

  

 

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publicado às 07:58

Férias!

por cheia, em 11.08.22

Férias!

Sol sal areia água mar

Uma onda para refrescar

Dois dedos de conversa na esplanada

As férias a esgueirarem-se por entre os dedos

Passam a correr, sem se ver!

Um terço do mês desapareceu num ápice

Os castelos de areia a desfazerem-se nas mãos

A sexta dormida na barriga da tarde

O resto da tarde a comtemplar o mar

A noite a evaporar-se como se fosse álcool

Os planos a saírem furados

Mais de metade dos projetos ficaram por executar

A ida aos museus ficou para melhores dias

Foram muitas e boas as horas passadas com as tias

Por muito que tivesse esticado os dias não consegui melhorias

Os minutos as horas os dias os meses os anos já estão completamente esticados

Cada vez somos mais solicitados

É a televisão é o cinema o teatro a praia o campo o sol a lua o diabo o vento

Cada um rouba um bocado do nosso tempo, e aquele aquém não dermos atenção fica zangado

Este é o triste fado de quem tem um mês de férias e não fica o resto do ano desocupado

Há tanto que fazer por todo o lado!

Nem que seja passar umas boas horas a meditar deitado

Com o cansaço das correrias do progresso já nem dão um abraço

Não há tempo não há amor nem amizade nem espaço

Para muitas pessoas perder um segundo é um embaraço

Como se não tivessem todo o tempo para descansarem do cansaço

Quando finalmente se preparam para saborear o tempo, este já acabou ou é escaço

O nosso tempo é medido por um baraço

Que vai encolhendo até acabar

É por isso que não o devemos desperdiçar

Mestria é saber gastá-lo.

José Silva Costa

 

 

 

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publicado às 08:04

Princesa

por cheia, em 14.09.21

Colares

 

Princesa da serra e do mar

Com os seus palácios e altares

No perfume dos pomares

É bela, é uma flor

 

É inebriante o seu néctar

Um vinho das profundezas da terra

Um vinho digno de um altar

O melhor que há, para celebrar

 

No verde da serra e no azul do mar

A noite, o sono e a lua vão-se deitar

Na esperança de que com o nascer do sol irão acordar

Para poderem apreciar o sabor a mar

 

Quando o sol começa a subir a encosta

A beijar a serra, Colares fica prisioneira

Uma bela saloia, muito namoradeira

Sonha com um príncipe, mas contínua solteira

 

Nos vapores do vinho ramisco

Viaja até à Praia das Maçãs

No agosto das multidões

Apanha o elétrico e volta para casa.

 

José Silva Costa

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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publicado às 07:42

A moda

por cheia, em 30.08.21

A moda

Estamo-nos a despedir do mar

As aulas vão começar

Mais um verão a terminar

Vem aí o doce setembro, para saborear

Podemos, até continuar a ver o mar

Mas, as idas à praia vão acabar

Os dias mais pequenos não nos permitem navegar

O material de praia temos de arrumar

Mais um ano à espera que as férias não se esqueçam de chegar

Não se pode passar a vida só a trabalhar

Porque o vento pode acabar

E, nós podemos ter pena de não o ter visto passar

O tempo não para, nem para descansar

Esse é que passa a vida, sempre, a trabalhar

Nós, por vezes, bem queríamos que descansasse

Mas, ainda bem que não nos obedece

Senão, podíamos estica-lo de mais

Assim, as horas, os dias, as semanas, os meses, os anos passam sem que possamos interferir

Tudo o que podemos fazer é aproveitá-lo o melhor que soubermos e pudermos

Vamos, novamente, a correr para o inverno!

É um grande privilégio estar constantemente a mudar de visual

Cada dia, cada estação veste-se de maneira diferente

E, isso interfere com a nossa imaginação

Queremos acompanhar toda essa variedade com muita atenção

Porque temos de adaptar os nossos hábitos e o vestuário à sua condição

Um grande desafio para quem impõe a moda

A quem muita gente obedece

E, se não andar nela, nem se quer adormece

Que bom, vestir o que me apetece!

Desde que não colida com a harmonia consentida.

José Silva Costa

 

     

 

 

 

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publicado às 07:53

Vírus e vandalismo

por cheia, em 12.06.20

Junho de 2020

Seis meses de pandemia, provocada pelo covid-19

O Mundo já estava conturbado

Mas, agora, está irreconhecível

Ficou tudo parado

Felizmente ou infelizmente, nem todos, ainda, se aperceberam da catástrofe

O constante anúncio de despedimentos tira-me o sono

Tal com aconteceu em 2008

Em que a ganância, que alimentou as pirâmides, na ilusão de alguns, de que todos podiam enriquecer facilmente, levou o Mundo à falência

Desta vez foi um vírus que, ao provocar a morte, o medo, o desespero, nos levou ente-queridos, abraços, beijos, convívios, empregos, empresas, a vida

O que devemos fazer para sair deste confinamento?

Ninguém sabe, porque tudo isto é novo

Mas uma coisa é certa, temos de respeitar a Natureza

Temos de tentar reduzir a pobreza

A tendência será reduzir o desperdício

O que vai fazer com que tenham de converter algumas empresas

Com esta pandemia, a alimentação ganhou outra atenção

A agricultura mais destaque e dimensão

É na terra e no mar que, o que comemos, nasce

Se todos fomos afetados!

Que dizer dos refugiados

Em campos superlotados

Crianças, mulheres, homens amontoados

Um WC para uma centena de pessoas!

Onde as mulheres estão, sempre, em perigo

Com receio de serem violadas

À noite, preferem usar fraldas, a saírem das suas débeis muradas

Estamos a assistir a coisas inusitadas

Os novos inquisidores querem apagar a História

Derrubando e queimando estátuas

Como se isso revertesse os erros cometidos

Quantos dos que hoje gritam contra o colonialismo, beneficiam ou beneficiaram com ele?

Não se emendam erros, destruindo o património!

Todos ficamos a perder.

José Silva Costa

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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publicado às 07:55

A magia da lua

por cheia, em 07.06.20

 

Lua Cheia!

Não encendeis a minha candeia

Há noite, depois da ceia

A tua magia aumenta a fantasia

Não durmo como dormiria

A tua luz os olhos fere!

Uma energia, que os impede de se fecharem

Sei que interferes nas ondas do mar

Como me impedes de, os meus sonhos, navegar

Tenho de esperar que te deites

Para poder, enfim, descansar

Lua de quatro fases e de outras tantas faces

Ao longo dos séculos, quantos encantaste?

Quem amaste!

Misteriosa, bela, encantadora

Todos te têm cantado

Inspiradora de almas noturnas

Que não obedecem à noite

Que não adormecem

Que se portam como se o sol nunca se pusesse.

José Silva Costa

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publicado às 12:07

Gaivotas!

por cheia, em 24.02.20

Carnaval

22/02/2020

 

Fomos ver os meninos e meninas da EB1 de Mafra

Desfilaram pelas ruas da Ericeira

Terminaram no Parque de Santa Marta

Com muitas máscaras alusivas ao mar

Onde não faltaram as pranchas de surf

Em homenagem às ondas de Ribeira D’ Ilhas

Pareciam bandos de Gaivotas

A esvoaçarem pelas ruas

Misturados de criaturas do mar

Por aquelas ruas a desfilar

Na alegria contagiante

Que só as crianças nos sabem dar

Uma tradição muito antiga

Que nos permite brincar ao Carnaval

Com a qual tive contato

Quando ainda, nos bancos da Escola, não tinha lugar

Mas como nasci numa casa onde também estava instalada a Escola

Desde muito cedo me intrometi nas brincadeiras do recreio

Estava na porta de entrada, teria 3 ou 4 anos, quando vi um Senhor a subir a rua

Mascarado com cortiça queimada e uns grandes dentes de cana

Fez-me sinal para não dizer nada

Devia ter autorização da Professora

Porque a porta estava aberta

Aproveitei a boleia e entrei ao lado dele

E, vi alguns alunos a saltarem para cima das carteiras

Esta é a minha primeira lembrança das brincadeiras do Carnaval.

 

José Silva Costa

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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publicado às 17:56


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