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Lisboa!

por cheia, em 04.10.24

Lisboa!

 

Fada, namorada

Em cada canto, em cada escada

A ver nascer o sol, na madrugada

Nos braços do mundo, por todos é admirada, por todos é beijada

 Estrela mimada, feiticeira, namoradeira, a atrair gente de todo o lado

 Num abraço encantado, vai ouvir o fado

O horizonte, por cima do monte, estrelado

Sobe a colina, saia rodada, como se fosse uma varina

No rescaldo da noitada, bebe o sol e vai para a Madragoa

É o sol que Lisboa abençoa

Uma gaivota voava, voava à procura duma canoa

Queria voltar ao mar, queria deixar Lisboa

Os barcos atracados aos cais são um fascínio

Para quem não consegue estar em lado nenhum

Para quem sonha fazer-se ao mar e pelo mundo viajar

Desfraldam-se as velas e o sonho

Em cada beijo um luar risonho

Como se o mundo fosse um lugar seguro e colorido

Cheio de coisas boas e muito florido

De mãos dadas, sem guerras nem bandidos, que não respeitam a vida

Que só pensam na vaidosa subida

Que não contam que, mais tarde ou mais cedo, terão uma triste descida

Que ninguém lhe perdoará as mortes, o sofrimento, a sangrenta ferida

Entre nações, entre povos, entre mulheres e homens uma guerra fratricida

Seria muito melhor, que conseguíssemos viver em paz e dividir a comida

Tentar que a vida seja menos dolorosa e muito mais divertida

 

José Silva Costa

 

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publicado às 07:51

Cravos Vermelhos

por cheia, em 24.04.23

Liberdade!

Naquela radiosa e inesquecível madrugada o mundo floriu

Os portugueses, finalmente, conquistaram a Liberdade e o seu império caiu

O Movimento das Forças Armadas pôs fim a uma guerra de 13 anos

E, a uma ditadura de quase meio-século, que tanto os povos molestou

Que custaram muitas vidas, muitos estropiados, muita miséria e dor a todos os povos envolvidos

Foi uma Revolução recebida com muita alegria e muito festejada em todo o lado

E não era caso para menos, foi um farol para a Liberdade e, para alguns povos, um passo para a dignidade

Um acontecimento à escala mundial, cuja bandeira é um cravo vermelho

Uma Senhora, vendedeira de flores, teve a feliz inspiração de colocar um cravo vermelho no tapa-chamas de uma G3, que um soldado empunhava

Pode dizer-se que foi como que um pedido para que não utilizassem as armas

E tinha tanta razão, já tínhamos utilizado as armas durante tempo demasiado!

Todos os minutos que consigamos viver, com armas caladas, são minutos de grandes vitórias

Os que precisam da força das armas para atacarem os outros, sãos os que não têm a força da razão

Não foi assim tão fácil, depois dos cravos e das rosas vieram os espinhos!

Foi um parto difícil, ao longo de mais de um ano, mas deu ao Mundo meia dúzia de novos países

Que, depois de cinco séculos de colonização conseguiram a libertação

Nunca mais assistiremos a um primeiro de Maio como o de 1974

Uma festa para todos, ainda não tinha chegado sectarismo dos Partidos

As ruas e as praças de Lisboa foram pequenas, para acolherem tanta gente

Havia uma alegria radiante estampada nas rugas da martirizada gente

Não deixem que este dia caia no esquecimento, porque isso seria uma grande injustiça para quem deu a vida para que tenhamos Liberdade

Muitas e muitos pagaram com a vida, por terem desafiado o ditador, que tinha como braço armado a PIDE, capaz de toda a violência e de todo o terror.

 

José Silva Costa

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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publicado às 07:59

Ventos do Sul

por cheia, em 16.01.23

Ventos do Sul

 

Ventos do Sul, pássaros azuis

O brilho do sol nascente

És trigo, és fogo, és gente

Na planície bem quente

Papoilas lançadas ao vento

São sangue, são semente

São beijos de um sonho contente

Rubros lábios gretados do vento suão

Mãos calejadas das foices

Faces rosadas e perfumadas como flores

Trigueira ceifeira de olhos castanhos

Cabelos pretos tapados com o lenço

Corpo dorido e cansado

Sonhando com o dia da adiafa

Espigas douradas reluzentes ao sol ardente

Que embalam os grãos que vão alimentar tanta gente

És perfume, és esperança, és pão

Festas de mastros pelo São João

Onde se canta e dança, para esquecer os duros trabalhos do campo

Planície dourada, bonita namorada da madrugada

Que dorme a sexta na sala de entrada

Quando a calma é demasiada.

 

José Silva Costa

 

 

 

 

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publicado às 07:58

A feira!

por cheia, em 05.08.21

A feira!

 

Árvores frondosas, na bonita serra

Rochas descalças, à sombra

A ouvirem o sussurrar da ribeira

O vento a assobia na eira

À espera do dia da feira

Onde descansam do duro trabalho do campo

E compram os sonhos de um ano

Todos os anos, o mesmo entusiasmo

Feirantes ensonados no amanhecer da madrugada

A tenda à espera dos sorrisos dos fregueses

Cansados do pó da estrada

Com os fatos domingueiros, engomados

Rostos afogueados para a festa anual

O prémio de um duro ano de trabalho

Um bailarico ao som do acordeão

Para dançar com o namorado

Mais um ciclo, das culturas, acabado.

José Silva Costa

 

 

 

 

 

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publicado às 07:53


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