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Lisboa!
Fada, namorada
Em cada canto, em cada escada
A ver nascer o sol, na madrugada
Nos braços do mundo, por todos é admirada, por todos é beijada
Estrela mimada, feiticeira, namoradeira, a atrair gente de todo o lado
Num abraço encantado, vai ouvir o fado
O horizonte, por cima do monte, estrelado
Sobe a colina, saia rodada, como se fosse uma varina
No rescaldo da noitada, bebe o sol e vai para a Madragoa
É o sol que Lisboa abençoa
Uma gaivota voava, voava à procura duma canoa
Queria voltar ao mar, queria deixar Lisboa
Os barcos atracados aos cais são um fascínio
Para quem não consegue estar em lado nenhum
Para quem sonha fazer-se ao mar e pelo mundo viajar
Desfraldam-se as velas e o sonho
Em cada beijo um luar risonho
Como se o mundo fosse um lugar seguro e colorido
Cheio de coisas boas e muito florido
De mãos dadas, sem guerras nem bandidos, que não respeitam a vida
Que só pensam na vaidosa subida
Que não contam que, mais tarde ou mais cedo, terão uma triste descida
Que ninguém lhe perdoará as mortes, o sofrimento, a sangrenta ferida
Entre nações, entre povos, entre mulheres e homens uma guerra fratricida
Seria muito melhor, que conseguíssemos viver em paz e dividir a comida
Tentar que a vida seja menos dolorosa e muito mais divertida
José Silva Costa
Lisboa!
Moura encantada
Saia rodada
Bebe o sol da madrugada
Na Madragoa
É esta a minha Lisboa
Feiticeira, namoradeira
Um manjerico num vão de escada
Uma sardinheira numa sacada
Dois dedos de conversa
Na porta de entrada
Uma varina apressada
No cais da Ribeira
Um pregão que se ouve na Lisboa inteira
Num banco de jardim, um magala e uma sopeira
Namoram a tarde inteira
Já foram à feira Popular
Estão a ver o tempo a passar
Aproxima-se a noite
Têm de se despedir
Ele tem de ir para o quartel
Ela tem de ir servir o jantar.
José Silva Costa
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