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Postigo fechado

por cheia, em 20.01.21

Mal dita pandemia

Quem diria

Que tanta gente mataria

Tanta gente desesperada

Tanta casa fechada

No jardim, no banco, não nos podemos sentar

Nem beber café ao postigo

Temos de estar em casa fechados

Podemos ir à varanda

Espreitar a vizinha

Ver se está acompanhada

A rua está sozinha

Nem homem das castanhas

Nem o artista de rua

Nem o arrumador de automóveis

Ela está completamente nua

Até as aves estão a penar

Não há um resto de bolo

Nem pão, nem miolo

Está tudo tão limpo

Tão desinfetado

Mas ninguém tem cuidado

Andam sem máscaras

Em multidão

Para poderem sair à rua

Alugam um cão

Gabam-se de a todos enganar

Menos o vírus

Que sem esperarem

Os faz pararem

Depois, queixam-se da má sorte

Nunca dizem que é a cabeça que não tem norte

Não acreditam na ciência

Só em milagres!

José Silva Costa

 

 

 

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publicado às 08:00

Esquemas

por cheia, em 22.10.18

Esquemas

O Orçamento do Estado

Cada um a pensar no seu eleitorado

Não há o mínimo de sentido de Estado

O Orçamento é um documento esfrangalhado

Aqui e além retalhado, o futuro é ignorado

O que interessa é embebedar o eleitorado

Este país vive, sempre, no caos, nunca estruturado

A saúde, a educação e a justiça estão cada vez mais degradadas

Hospitais privados nascem como cogumelos

No entanto, a geringonça canta grandes vitórias

Bloco de Esquerda, para esbater as desigualdades, conseguiu uma redução, nas propinas, para todos

Assim, algumas meninas e meninos terão mais duzentos euros, para os festivais de verão

Partido Comunista Português,  um aumento, igual, para todos os funcionários públicos, nem que seja um cêntimo

Segundo estes partidos, poderia ser muito mais, se não fosse a obcecação de pagar a dívida e o controlo do défice!

Partido Socialista, congratula-se por nunca este jardim, à beira mar plantado, ter estado tão florido

Mais de dois milhões de pobres, os serviços públicos entupidos, marcação de consultas com três anos de espera, horários suprimidos por falta de comboios, consultas e cirurgias adiadas por greves, todos os dias.

Quando confrontados com a realidade, respondem com os programas vinte, vinte, quarenta, quarenta, cem, cem, carregados de milhões, que ninguém sabe para onde foram ou em que cofres estão.

José Silva Costa

 

 

 

 

 

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publicado às 07:46


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