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Velhos
Este país não é para velhos
Bem podem, até, arranjar palavra mais suave: idoso
Que não é isso que evita que haja político manhoso
Que nas campanhas eleitorais não beije todo o idoso
Que o deixe morrer, numa maca, à porta do Hospital
Porque os serviços públicos fecharam para férias
Incluindo os Hospitais, que não se conseguem manter abertos
Devido à falta de investimento em recursos humanos e materiais
E o mais surpreendente é que isto tenha passado a ser a normalidade
E que ninguém se indigne, tenha muita ou pouca idade
As repartições das finanças só atendem com marcação
Depois de dias ao telefone, quando se consegue uma marcação
5 minutos depois, recebe-se um email a anular a marcação
As escolas passaram o ano com falta de professores e em greves
mas todos os alunos passaram de ano
Vamos continuar a ter técnicos cobiçados por os outros países?
Nada funciona, mas o país está melhor, na boca dos políticos
Agosto é o mês das férias, os políticos vão a banhos
Não querem ser incomodados
Devido ao fecho dos Hospistais, não se pode morrer, nascer ou adoecer
Como avisou o primeiro-ministro, escudado pela maioria absoluta:
“Habituem-se!”
José Silva Costa
O futuro é hoje (10)
Organização à portuguesa!
Centenas de pessoas idosas, com pouca mobilidade, alguns em cadeiras de rodas, receberam uma mensagem para se deslocarem ao posto de vacinação de Odivelas, domingo 28/11/2021, um dia muito frio, para receberem a terceira dose da vacinação
Tiveram de voltar para casa, sem serem vacinados, porque aquele posto de vacinação não abre aos domingos
Os responsáveis, questionados pela imprensa, responderam que já tinham sido agendados, para o dia seguinte. Só faltou dizerem que lhes tinha feito muito bem, aquele passeio forçado
A jornalista Sandra felgueiras, que apresentou, durante 10 anos, o programa Sexta Às Nove, no canal 1 da RTP, saiu da televisão pública
Os Governantes não tiveram coragem de proibir o programa, que muito contribuiu para algumas demissões, não-governamentais. Mas foram retirando-lhe meios até o matarem
Denunciou muitas irregularidades cometidas pelas autoridades, que acham que o país é uma quinta delas, que se julgam donos de isto tudo
Recusam-se a prestar contas, mesmo que as leis a isso obriguem, porque acham que estão acima da lei
Uma jornalista premiada, pelo seu excelente trabalho, pela causa pública, que muito desagradou aos corruptos
O Governo assinou 14 contratos de exploração de lítio e outros minerais, no dia seguinte ao chumbo “ do Orçamento do Estado”
Os contratos permitem que as empresas avancem para os trabalhos finais para a exploração dos minérios em causa, mas só depois de terem em sua posse os respetivos Estudos de Impacte Ambiental favoráveis concluídos
As Declarações de Impacte Ambiental favoráveis ou favoráveis condicionadas e ainda os planos de lavra aprovados
Ainda nenhuma das concessões reúne tais condições
Segundo o contrato, têm um prazo de dois anos
O Luís disse à filha que havia quem não partilhasse o entusiámos dela, com o fecho das centrais a carvão, porque poderíamos ter apagões, caso as barragens tivessem pouca água
Segundo essas pessoas, era uma irresponsabilidade basear a nossa produção de energia elétrica, apenas em fontes intermitentes (sol e vento)
A Filomena não concorda com o pai, segundo ela o que temos é de aproveitar todo o potencial dessas fontes renováveis
Mas, o Luís nunca aprovará essas modernices, assim com não concorda que acabem com os motores a combustão, que já existem à quase século e meio, e ainda hoje a potência dos motores é medida em cavalos
Isso da tração animal foram outros tempos, depois foi o vapor, a combustão, agora chegou a era de tudo ser movido a eletricidade, que não polui - disse a Filomena.
Os jardins
Nas avenidas das árvores
Passeias a beleza da Natureza
Admiras toda a sua beleza
Cada canteiro, cada árvore, uma certeza
Que o perfume tudo embeleza
Que harmonia, sem tristeza!
As árvores, os pássaros, as flores, na sua dureza
De uma vida parada na incerteza
Sem saberem se vai chover, se vai nevar, se vão viver na pobreza
Cada visitante tem no seu olhar uma delicadeza
Para cada cravo, para cada rosa uma fineza
Os idosos procuram os bancos, para descansarem da moleza
Onde tentam voltar a ser crianças e espantarem a tristeza
Enquanto as crianças, nas suas brincadeiras, exibem a esperteza
Os jardins são ponto de encontro de todos os encontros
São as casas dos pombos, dos namorados, dos abandonados
São palcos de alegria, de tristeza, de beleza e de ventos agitados
O que lhes vale é serem, pelos jardineiros, tão bem tratados
Os seus perfumes e flores são, por todos, muito admirados
São pelas plantas, pelos pássaros, crianças, mulheres e homens muito estimados
Os jardins, públicos, são um chão democrático
Onde todos podemos descansar das fadigas, das alegrias, do doce amar.
José Silva Costa
Amor & guerra (18)
A Bárbara e o Firmino decidiram vender e o estabelecimento e irem os três para Luanda
O desejo da Bárbara era que, depois, seguissem para a Metrópole, onde achava que estavam mais seguros
O Firmino tentava convencê-la a ficar em Lunda, onde ele tinha a família. Argumentando que o clima da Europa era muito diferente, as temperaturas têm grandes amplitudes térmicas, o sol não nasce, todos os dias, às 6 horas e não se põe, todos os dias, às 18 horas, como acontece em Angola, e além disso não poderia ter tantos criados, a não ser que tivesse uma grande fortuna
A Miquelina, no dia seguinte, quando foi visitar o Carlos, acompanhada do Miguel, tinha boas notícias, para o futuro deles. Achou-o muito melhor, mais alegre, entusiasmado, com uma grande vontade de viver, e disse-lhe que gostava muito de o ver assim!
Ele respondeu-lhe que desde que os tinha visto, tinha uma nova alma, que tudo faria para que fossem muito felizes, que ela não imaginava a força que lhe tinham dado, com a visita
Uma coisa era saber que tinha um filho, outra foi senti-lo no colo, apertá-lo nos seus braços, ver que ele, sem saber, lhe dava força para lutar por uma recuperação, que conseguisse arranjar um emprego, para ganhar o suficiente para o criar
E, que a presença dela não tinha sido menos importante, demonstrando todo o carinho que tinha por eles: uma extremosa mãe, uma bonita mulher, acabando por lhe perguntar, que mais um homem poderia querer?
Foi então, que lhe deu as boas notícias, dizendo-lhe que foram muito bem recebidos, pelos antigos patrões, que lhe deram os parabéns por terem um filho muito bonito, que lhe desejavam boas e rápidas melhoras, e quando tivesse alta lhe arranjariam um emprego
Mariana e João regressaram à sua terra, estavam exausto. A primeira viagem à capital tinha os deixado com pouca vontade de lá voltar
Foram descansar, porque no dia seguinte tinham de voltar para horta, de onde tiram o sustento, não têm direito a reforma, nem têm um pé-de-meia para quando não conseguirem trabalhar
Contavam com o filho, que foi o que aconteceu com eles, que tomaram conta dos seus pais até falecerem. O filho para além de estar doente, não voltaria a ter condições para trabalhar no campo, já o tinha abandonado antes de ir para a tropa
Tomara o Carlos ficar em condições de governar a vida dele. Assim, sabiam que estavam entregues à sua sorte e à caridade dos vizinhos
Os tempos estavam a mudar: os jovens não ficavam nas suas aldeias, procuravam trabalho nas grandes cidades ou no estrangeiro.
Muitos idosos acabam os seus dias, sem filhos, nem netos, por perto. É o que esperam
a Mariana e o João.
Continua
Novo
Os estranhos tempos
Que prendem o vento
Que não nos deixam sair do apartamento
Que não permitem o casamento
Que acabaram com qualquer evento
Que não deixam viver o momento
Que obrigam a fechar o estabelecimento
Que não deixa apreciar o talento
Porque não há espetáculos ao relento
Nem visitas ao Parlamento
Vivemos no impedimento
Só podemos sair para ir trabalhar ou comprar alimento
Novamente, temos de ficar em confinamento
Por causa do ajuntamento
O covid-19 é contra o envelhecimento
Os idosos não cabem no internamento
Muitos morreram fora do hospital, em sofrimento
Houve que escolher quem tinha mais alento!
Quão difícil foi o escolhimento
Mas é compreensível o entendimento
Todos concordam com o fundamento
Como nos naufrágios, quando alguns têm de ser empurrados para o afogamento
Em Terra, infelizmente, também não há lugar para todos!
A ciência bem nos queria eternizar
Mas a Natureza não pode colaborar
Quando uns chegam, outros têm de abalar
Quando o equilíbrio começa a falhar
Manda um vírus, para nos empurrar
Portanto, a Natureza é que nos continua a governar.
José Silva Costa
Sexta-feira,13 de março de 2020
Para tudo! Estamos em alerta
Nunca o Mundo tinha assistido a uma coisa assim
Infelizmente, uma grande lição, para os que, sem saberem nada do novo vírus
Se apressaram a dizer que este vírus era menos letal que o vírus da gripe
O Mundo está fechado!
Ninguém quer nada com o vizinho do lado
Está tudo virado do avesso
Tanto que gostamos de receber e fazer visitas
Agora, ninguém é bem-vindo
Está tudo assustado
Cada um no seu canto, resguardado
Nem me deixam ir ao supermercado
Os filhos encarregaram-se do recado
Porque o vírus gosta muito dos idosos
Têm mais portas de entrada, para o hóspede indesejado
Assim, temos de ter o máximo cuidado
Não correr para as grandes superfícies
A colecionar rolos de papel higiénico
Para que não falte nada ao novo vírus
Porque o que ele prefere é papel higiénico
E, isso não nos vai salvar
Portando, não devemos de continuar
A lutar por um rolo de papel
É melhor ficarmos em casa a descansar
Amanhã, os supermercados vão, outra vez, atestar as prateleiras.
José Silva Costa
O encanto das Cidades
Quando os turistas desaguam nas praças das nossas cidades
E ficam de boca aberta com o encanto dos nossos monumentos
Não sabem nem sonham, o que se esconde, por de trás das bonitas fachadas
Muitos idosos, na solidão de quatro paredes, sustentam, com os seus corpos, o desmoronamento das cidades
Já não lhes bastavam as dores, o peso dos anos, o tempo a escoar-se por entre os dedos
Ainda têm de viver com o medo, a incerteza de não saberem o que lhes pode acontecer
Assediados por quem lhes quer roubar o lugar onde nasceram ou onde há muito vivem
Não conseguem, nem nos últimos anos de vida, um momento de paz
Mesmo que a lei os proteja, os fundos de investimento não têm sensibilidade nem rosto
E, quando não aceitam as miseráveis condições em que os querem despejar
Ou quando não há dinheiro que lhes pague o que sente por o seu lugar
Porque saírem de onde têm raízes e alguém que lhes dê atenção
É como condená-los a uma morte antecipada
Então, os novos donos das cidades, recorrem a métodos criminosos
Mandando incendiá-las
Triste tempo deste deslumbramento!
Em que para o vil metal, uma parte da peste grisalha é um impedimento
Para que o resto da peste grisalha calcorreie todo o mundo, a todo o momento
Há qualquer coisa de errado, quando os cabelos prateados não são acarinhados
José Silva Costa
Peste grisalha
A mortalidade, da “peste grisalha”, como foram cognominados, no auge da crise, tem vindo a aumentar
No dia mais quente, desta vaga de calor, morreram quase quinhentos!
Aqueles que defendem, que a solução seria uma injeção, atrás da orelha
Talvez não tenham muita razão
A Natureza parece ter encontrado uma solução mais aceitável
Acusados de deverem muitos anos à cova, foram uma almofada preciosa
Para filhos e netos, cujas famílias faliram, tendo, muitos, sido obrigados a voltarem para a casa dos pais
E, aqueles que esperavam uma vida mais folgada, aquando da reforma, viram-se, de férias e viagens, privados
Viram, nalguns casos, voltar a casa mais do que tinham saído
Mas, o que é que os pais não fazem pelos filhos?
Tristes por os filhos terem perdido a casa, o emprego, etc.
Confortados por voltarem a ter a companhia dos filhos e até de netos
As duas faces da moeda.
José Silva Costa
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