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Velhos
Este país não é para velhos
Bem podem, até, arranjar palavra mais suave: idoso
Que não é isso que evita que haja político manhoso
Que nas campanhas eleitorais não beije todo o idoso
Que o deixe morrer, numa maca, à porta do Hospital
Porque os serviços públicos fecharam para férias
Incluindo os Hospitais, que não se conseguem manter abertos
Devido à falta de investimento em recursos humanos e materiais
E o mais surpreendente é que isto tenha passado a ser a normalidade
E que ninguém se indigne, tenha muita ou pouca idade
As repartições das finanças só atendem com marcação
Depois de dias ao telefone, quando se consegue uma marcação
5 minutos depois, recebe-se um email a anular a marcação
As escolas passaram o ano com falta de professores e em greves
mas todos os alunos passaram de ano
Vamos continuar a ter técnicos cobiçados por os outros países?
Nada funciona, mas o país está melhor, na boca dos políticos
Agosto é o mês das férias, os políticos vão a banhos
Não querem ser incomodados
Devido ao fecho dos Hospistais, não se pode morrer, nascer ou adoecer
Como avisou o primeiro-ministro, escudado pela maioria absoluta:
“Habituem-se!”
José Silva Costa
Amor & guerra (19)
O Firmino convenceu a Bárbara e a Sara a ficarem em Luanda. Agora, a família era maior: tinham os pais dele e o irmão
Em Luanda reinava a tranquilidade, podiam disfrutar da bonita cidade, todos estavam felizes: o Firmino, a Bárbara e a Sara por terem ganho uma família alargada, os pais dele por terem uma nora e uma neta, o irmão por ter uma cunhada e uma sobrinha
O Firmino estava a viver um grande sonho, por estar na sua cidade, acompanhado da mulher que o encantou. Queria que ela e a filha conhecessem a bonita cidade de Lunda
Levou-as à ilha do Mussulo: um paraíso, onde se podem passar agradáveis dias
Aos cinemas ao ar livre, onde estamos com um olho no ecrã e outro na marginal
Militares, sempre, a chegarem e a partirem para a guerra, e que no pouco tempo, que ficavam, procuravam o Bairro Operário, o correspondente ao Bairro Alto, em Lisboa
A cidade vivia na euforia e alegria, e quem não soubesse, não diria que havia guerra!
A Miquelina, depois de dar as boas notícias ao Carlos, disse-lhe que o melhor seria voltar para a casa dos pais, enquanto ele não tivesse alta, com o que ele concordou
Mas, antes de se despedirem, ainda, falaram do futuro, que dependia do emprego que lhe arranjassem, para puderem alugar uma casa ou parte de casa, onde pudessem viver os três
O Carlos disse-lhe que estava ansioso pela prótese, para que pudesse ter alta, quanto antes, porque já não conseguia viver sem ela e o Miguel
Ela, também, lhe disse que gostava de ficar junto dele, mas que tinham de ter muita força, para suportarem a separação, por mais uns tempos, até ele sair do hospital
Agarrou-se ao filho, apertou-o e beijou-o, como se não o quisesse largar. A Miquelina abraçou-os, beijou-os até conseguir separá-los
Foi uma despedida muito emocionante, até o Miguel não se queria separar do pai, mas o enfermeiro disse-lhes que tinha de sair, já tinham ultrapassado, em muito, o tempo da visita
A Miquelina pegou no filho ao colo e saiu, apanhou um táxi para Santa Apolónia, onde o comboio já os esperava, para voltarem a casa
A Miquelina ia mais confiante, tinha tudo corrido muito bem, melhor do que esperava, apesar da amputação da perna do Carlos, tudo apontava para que pudesse andar e governar a vida
Não sendo as melhores notícias, eram reconfortantes para tranquilizar os pais, quanto ao futuro dos três. Iam ficar tristes por verem a filha e o neto saírem de casa, quando Carlos tivesse alta. Mas a vida é assim, feita de encontros e desencontros. E, já se sabe que os filhos, um dia deixam o ninho, para construírem o seu próprio ninho, dando continuação à família pelos séculos fora.
Continua.
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