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As Crianças

por cheia, em 04.06.24

Crianças

Oiço o choro das crianças, que estão presas nas guerras

Oiço o choro das crianças, que estão a morrer nas guerras

Oiço a fome e a sede das crianças, envoltas no pó das guerras

Oiço o choro das crinaças, que têm medo 

Oiço a aflição das crianças, que não têm um brinquedo

Oiço os gritos das crianças a quem mataram toda a família

Oiço os passos das crianças, que deambulam no som das balas

Oiço o suplício do que estão a fazer a crianças, homens e mulheres

Oiço as crianças a pedirem uns minutos de silêncio para poderem dormir

Oiço as crianças a pedirem tréguas para poderem sorrir

Oiço as crianças a dizerem que ninguém ganha com guerras

Oiço o barulho do tempo perdido nas guerras

Oiço o barulho dos animais e até das feras mortas nas guerras

Oiço o mar revoltado por causa das guerras

Mas, ninguém dá ouvidos a ninguém!

 

José Silva Costa

 

 

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publicado às 07:49

Abril!

por cheia, em 03.04.24

Abril de 2024

Reedição

Cinquenta anos em Liberdade a beber o vento

Mais tarde ou mais cedo tinha de chegar este momento

Há muito que o rumo tem muito de apoquento

Há forças a remar contra qualquer entendimento

O mundo sofrerá por não travar este recuamento

A defesa da Liberdade merecia muito mais tento

Mas, aqueles que sempre a tiveram, só pensam no sustento

Acham que nunca a perderão, não pensam no evento

Os novos ventos, para alguns, são um deslumbramento

Mas, para os que muito sofreram com o tormento

Nunca darão, a tais ideias, consentimento

Sabem que foi muito longo e duro o ensinamento

Todo o progresso é feito de muito trabalho e talento

Para comermos o pão, temos de juntar à farinha, o fermento

Se queremos viver em paz, não podemos escolher o vento turbulento

Teremos de acarinhar os que defendem a solidariedade e o alinhamento

Que colocam as pessoas no centro, contra a ganancia do enriquecimento

As sociedades mais felizes são as que vivem em entendimento

Onde não há grandes desigualdades, não há motivos para envenenamento

Em vez de ódio, cultivam a paz, a amizade, o respeito, o contentamento

Se quisermos viver em Liberdade, temos de lutar contra o constrangimento

De quem no-la quer tirar, por a odiar, está nas nossas mãos o cumprimento

Dos nossos deveres: irmos votar. Mas em pessoas com pensamento

Para que mais tarde, não tenhamos de fazer, nenhum lamento

Manter a paz é o melhor que o homem faz, a guerra é um mar sangrento

 

José Silva Costa

 

 

 

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publicado às 08:01

" Os Flechas"

por cheia, em 22.03.24

A RTP tem vindo, nos seus noticiários, a divulgar notícias do Telejornal de há 50 anos. Hoje, a notícia de há 50 anos: é a condecoração de Flechas, pelo Governador de Angola.

No Umpulo, em Angola, em 1971,  quanto terminámos a nossa comissão de serviço,  fomos surpreendidos com panfletos da PIDE, no refeitório dos gradudados, da minha companhia, a aliciarem-nos, para ficarmos, em Angola, para darmos instrução aos Flechas.

Das muitas e boas regalias, sobressaía o vencimento de 8.000,00 escudos mensais. Já não me lembro, mas acho que o meu vencimento não chegava a 5.000,00, e tinhamos sido aumentados, nesse ou no ano anterior,  só os graduados,  já não havia dinheiro para aumentar as praças, o que fez, com razão,  que ouvíssemos " que fossemos sozinhos, para o mato"

Não conseguiram aliciar niguém, eramos contra a guerra e a favor da indepenência das colónias. Depois de passar à disponabilidade, o melhor que consegui foram  2.000,00 escudos mensais.  Mas, por dinheiro nenhum, coloburaria com a PIDE, já sabia das suas atrocidades, desde os 12 anos, quando fui para Lisboa.   

"Durante a Guerra do Ultramar Portuguesa, a PIDE - transformada na Direção-Geral de Segurança (DGS) em 1969 - era responsável pelas operações de recolha de informações estratégicas, investigação e ações clandestinas contra os movimentos guerrilheiros, em proveito das Forças Armadas e de segurança. Como tal foi decido criar uma força especial armada para auxílio e proteção dos agentes daquela polícia nas operações contra os guerrilheiros.

Os membros dos Flechas eram recrutados entre determinados grupos nativos, nomeadamente ex-guerrilheiros e membros da etnia bosquímane. Os bosquímanos eram exímios intérpretes de rastos e pistas deixadas no terreno pelo inimigo dada a sua experiência em perseguição de caça. Esses membros nativos eram enquadrados por oficiais do Exército e por agentes da PIDE e recebiam treino de forças especiais.

Com o decorrer da Guerra do Ultramar os Flechas revelaram-se uma das melhores forças antiguerrilha ao serviço de Portugal, indo progressivamente alargando o seu tipo de atuação. Se no início eram basicamente usados como guias e pisteiros dos agentes da PIDE, passaram posteriormente também a ser usados como forças de assalto em operações especiais. Pelo reconhecimento do seu elevado nível de eficácia, as próprias Forças Armadas passaram a solicitar frequentemente à PIDE o auxílio dos Flechas nas suas operações.

Algumas das operações frequentemente realizadas eram as chamadas "pseudo-terroristas", em que os Flechas, muitos deles ex-guerrilheiros, se disfarçavam de guerrilheiros para atacarem alvos que não podiam ser abertamente atacados por forças identificadas como portuguesas, como alvos em território estrangeiro e missões religiosas que auxiliavam terroristas.

Os Flechas atuaram sobretudo em Angola." 

 ( Wikipédia)

 

 

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publicado às 19:11

Guerra na Ucrânia

por cheia, em 21.08.23

Guerra na Ucrânia

 

Ucrânia, o mundo está contigo!

Todos repudiamos o hediondo crime

Da tua destruição e extermínio da tua população

Ninguém pactua com agressões

As divergências resolvem-se com conversações

Queremos continuar a ser livres, sem opressões

Temos de ser solidários em todas as ocasiões

Vamos continuar a apoiar-te até expulsares o invasor

Que tem de ser presente à justiça, para ser punido

O castigo tem de ser exemplar

Para que mais nenhum ditador se julgue dono do Mundo

Por muito poder que tenha, não pense que pode fazer o que quer

Às Nações Unidas têm de obedecer

Para que não se repitam barbáries como a que está a acontecer

Cegos pelo poder, as maiores atrocidades podem cometer

Comandados pelo ódio, humanos deixam de ser

Com as mãos ensanguentadas e a vista perturbada são incapazes de ver

Que todo o mundo os está a combater

Para tentar que não continuem, horrendos crimes, a cometer

Será, assim tão difícil de perceber, que todos temos o direito de viver?

Que temos de ser solidários, para que todos, aqui, possamos caber

Sei que há quem isso não consiga entender

Que ache natural, deixar o irmão, à fome morrer

Mesmo que desperdice o que ao outro, o faria viver

Só por que nasceu rico, experto, inteligente, ganancioso ou poderoso.

 

José Silva Costa

 

 

 

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publicado às 07:57

Cravos Vermelhos

por cheia, em 24.04.23

Liberdade!

Naquela radiosa e inesquecível madrugada o mundo floriu

Os portugueses, finalmente, conquistaram a Liberdade e o seu império caiu

O Movimento das Forças Armadas pôs fim a uma guerra de 13 anos

E, a uma ditadura de quase meio-século, que tanto os povos molestou

Que custaram muitas vidas, muitos estropiados, muita miséria e dor a todos os povos envolvidos

Foi uma Revolução recebida com muita alegria e muito festejada em todo o lado

E não era caso para menos, foi um farol para a Liberdade e, para alguns povos, um passo para a dignidade

Um acontecimento à escala mundial, cuja bandeira é um cravo vermelho

Uma Senhora, vendedeira de flores, teve a feliz inspiração de colocar um cravo vermelho no tapa-chamas de uma G3, que um soldado empunhava

Pode dizer-se que foi como que um pedido para que não utilizassem as armas

E tinha tanta razão, já tínhamos utilizado as armas durante tempo demasiado!

Todos os minutos que consigamos viver, com armas caladas, são minutos de grandes vitórias

Os que precisam da força das armas para atacarem os outros, sãos os que não têm a força da razão

Não foi assim tão fácil, depois dos cravos e das rosas vieram os espinhos!

Foi um parto difícil, ao longo de mais de um ano, mas deu ao Mundo meia dúzia de novos países

Que, depois de cinco séculos de colonização conseguiram a libertação

Nunca mais assistiremos a um primeiro de Maio como o de 1974

Uma festa para todos, ainda não tinha chegado sectarismo dos Partidos

As ruas e as praças de Lisboa foram pequenas, para acolherem tanta gente

Havia uma alegria radiante estampada nas rugas da martirizada gente

Não deixem que este dia caia no esquecimento, porque isso seria uma grande injustiça para quem deu a vida para que tenhamos Liberdade

Muitas e muitos pagaram com a vida, por terem desafiado o ditador, que tinha como braço armado a PIDE, capaz de toda a violência e de todo o terror.

 

José Silva Costa

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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publicado às 07:59

Amor & guerra (26)

por cheia, em 24.05.21

Amor & guerra (26)

Na madrugada de 25 de Abril de 1974, o Movimento das Forças Armadas decidiu fazer um golpe militar, para acabar com a ditadura e pôr fim à guerra

Cansados de muitas comissões, na guerra, vendo que os políticos não tinham nenhuma solução, depois do mais prestigiado General ter publicado um livro, dizendo que Portugal tinha de alterar o seu relacionamento com as colónias, só lhes restava tentar mudar o regime

Foi uma grande aventura, ninguém sabia o que ia acontecer, felizmente correu bem, mas podia ter terminado num banho de sangue, bastava o atirador, do carro de combate do Regimento de Cavalaria nº7, ter cumprido a ordem de fogo contra o carro de combate da Escola Prática de Cavalaria, para a Rua do Arsenal, em Lisboa, ter ficado manchada para sempre

Foi um longo dia, até o poder passar para os militares, o Presidente do Conselho, Marcelo Caetano, pediu para que o Movimento das Forças Armadas nomeasse um representante, para receber o Poder. Escolheram o General António de Spínola

Estava derrubada a ditadura! Mas o que é que se seguiria, ninguém sabia, foram quase dois anos de ziguezagues

As comemorações, do primeiro de Maio de 1974, foram uma coisa indiscritível, todas as avenidas foram poucas e estreitas, para tanta gente em festa. Ainda não havia divisões, era como se fossem todos irmãos, foi uma alegria imensa, que em poucos meses se desvanecia

Por todo o império português, de Cabo Verde a Timor, foi como se tivesse sido abalado por um grande terramoto

Se, neste pequeno retângulo europeu, não se sabia o que aconteceria, como seria, por esse mundo fora, onde se dizia que era território português!

A Miquelina, o marido e o filho deixaram a pensão, foram viver para a nova casa, na Amadora, um rés-do-chão, perto da estação ferroviária

O Carlos começou a trabalhar, como telefonista, num Banco. A Miquelina arranjo trabalho, na Escola, do filho, estava muito feliz, por ter o filho, por perto

Em Luanda, a Bárbara estava, cada vez, mais nervosa. Não havia autoridade, desde o dia 26 de Abril de 1974, que não se sabia quem mandava, os guerrilheiros do MPLA faziam operações de stop, interrogavam as pessoas, tentavam saber se simpatizavam ou não com eles, ninguém estava em segurança.

 

Continua

 

 

 

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publicado às 07:59

Amor & guerra (17)

por cheia, em 28.04.21

Amor & guerra (17)

O Firmino e a Bárbara decidiram viver juntos, não ambicionavam casar-se, queriam ser felizes e para isso não precisavam de papéis assinados

Tinham, era de tomar decisões sobre o seu futuro. O Firmino confessou-lhe que gostava de ter um filho ou uma filha dela. A Bárbara disse-lhe que também gostava de ter um bebé dele

Queriam vender a loja, quanto antes, porque a guerra não atava nem desatava. Quem é que sabia quando e como seria o seu fim?

Sempre com o rádio ligado, um meio de informação, que leva o som a todo o lado, para estar bem informada e ligada ao mundo

Sabia que mais tarde ou mais cedo, Portugal tinha de dar a independência às suas colónias

Disse ao Firmino que tinham de vender a loja e ir para a Europa, para a Metrópole, antes que a situação piorasse ainda mais, que tivessem de fugir à pressa. Queria evitar que a filha passasse por esse trauma

O Firmino queria evitar, a todo o custo, que saíssem de Angola. Tinha ali nascido, sempre ali tinha vivido, nunca tinha ido à Metrópole, e o que diriam os pais e o irmão!

A Mariana e o João apanharam um táxi para a estação ferroviária de Santa Apolónia. Depois do comboio iniciar a marcha, a Mariana começou rememorar o que o filho lhe tinha dito, e perguntou ao marido se ele sabia porque é que ele não andava. Só lhe tinha dito que tinha sido ferido na perna esquerda

João respondeu-lhe, que lhe tinham amputado a perna esquerda, abaixo do joelho, fora o que lhe dissera, quando estavam abraçados

A Mariana começou a chorar e a perguntar porque é que não lhe tinham dito nada? O filho sem uma perna, e ela sem saber, devia ter desconfiado de ele estar na cadeira de rodas

O João abraçou-a, beijo-a, e disse-lhe que o filho não a quis enervar, porque como ela sofre do coração não queria que se enervasse, mas que não ficasse assim, porque vão mandar-lhe fazer uma prótese, e que quando o voltassem a ver já ele andava

Nada a consolava, dizia que tinha ficado sem o filho, desde que tinha ido para Lisboa, que tinham um neto e nem sequer sabiam que ele existia, tudo tão diferente do que era antigamente! Dantes os avós viam os netos crescer, e tomava conta deles enquanto os pais iam trabalhar. Agora, nem filhos, nem netos, todos iam para as grandes cidades e para França, estavam condenados a acabarem os últimos dias sozinhos

 

Os patrões da Miquelina agradeceram-lhe a visita e ficaram encantados com o Miguel, deram-lhes os parabéns por ter um filho muito bonito

Ficaram muito tristes e preocupados por terem amputado a perna do Carlos. Prometeram ajuda-los, arranjando emprego para o Carlos, assim que ele tivesse alta, porque tinham um amigo, que era diretor dum Banco, onde haveria um lugar para ele

A Miquelina agradeceu-lhes, não só o emprego para o Carlos mas também, o facto de os deixarem ficar lá em casa

Tinha boas notícias para o Carlos, quando, no dia seguinte, o fossem visitar. 

Continua.

 

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publicado às 07:56

Amor & guerra (3)

por cheia, em 21.03.21

 

Amor & guerra (3)

 

Na Metrópole, os embarques sucediam-se. Salazar tinha dito: “ Para Angola, rapidamente e em força. Angola é nossa”

Foi criado o Movimento Nacional Feminino, que fez apelos, para que à entrada das salas de cinemas e teatros fossem colocados recipientes, para os espetadores doarem cigarros, para os militares, na frente de batalha, para que as raparigas aceitassem ser madrinhas de guerra, e geriu os aerogramas militares

 

Miquelina, finalmente, recebeu notícias do Carlos, que a informava ter ficado muito contente por vir a ser pai, desejando que tudo estivesse bem com ela e com o bebé. Quando regressasse casariam

Ficou tão feliz, que até os pais notaram a felicidade estampada no rosto da filha. Nunca lhes revelará a razão por que andava tão triste. Eles respeitavam a sua independência, nunca a questionando sobre quaisquer problemas, e muito menos entre ela e o Carlos. Só se preocupavam em ajudá-la em tudo o que pudessem. Queriam tudo do melhor, para a filha e para o bebé

 

Barbara só podia contar com ela e com a sua dedicada empregada. Como o negócio estava a crescer, contratou outa empregada, e começou a preparar, a que era o se braço direito, para a substituir, quando tivesse a criança

Todos os dias se lembrava do Carlos, conjeturando como seria feliz, se ele acompanhasse aquela gravidez, junto dela. Se não fosse a maldita guerra, poderia viver uma grande felicidade, nos braços dele. Mas, ao mesmo tempo, se não fosse a guerra, talvez nunca o tivesse conhecido. Acabando por dizer, por que razão não podia ser feliz?

Continua

 

 

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publicado às 10:46

A chegada

por cheia, em 21.08.20

Mazelas da guerra

 

Continuação

 

A chegada

 

Chegados ao porto de Lunada, entrámos num comboio que nos levou para o Grafanil, onde se localizava o quartel que nos acolheu até seguirmos para a nossa base

Depressa percebemos porque nos tinham dado uma rede mosquiteiro, os insetos pareciam enxames à nossa volta

No dia seguinte fui aos Correios, para me inteirar de como funcionava o Serviço Postal Militar (SPM) , que consistia na atribuição de um número, no nosso caso, à nossa Companhia, por se tratar duma Companhia independente, o que quer dizer que não fazíamos parte de nenhum Batalhão.

Bastava aos Correios saberem para que localidade tinham de enviar o SPM da Unidade com o número que lhe tinha sido atribuído

O Correio era muito importante para o moral das tropas, sem correio ficávamos nervosos, preocupados, desmoralizados

Tão importante que criaram o aerograma militar, um impresso carta, grátis, tanto o impresso como os portes

Ao fim de poucos dias seguimos para o nosso destino: Norte de Angola, junto à fronteira, perto de Maquela do Zombo

Foi um passeio de dois dias, dormimos no primeiro dia, na Base Aérea do Negage

No dia seguinte fomos recebidos com euforia, pelos camaradas que há muito nos esperavam, para quanto antes chegarem às suas terras e abraçarem os familiares.

No aquartelamento da Fazenda Costa, um acampamento construído, a seguir ao início da guerra, com madeira e chapas de zinco, sem qualquer povoação, por perto

E, a receção foi muito original, nas portas, entre abertas, tinham colocado alguidares de plástico, cheios de água, assim que empurrávamos as portas, ficávamos com o alguidar enfiado na cabeça e muito fresquinhos

Esta receção foi o ponto de partida, para que dali em diante, cada um refinasse as partidas a pregar

A imaginação atingiu tamanha proporção, que o Capitão teve de ordenar que o primeiro-cabo, que estava incumbido de desligar o gerador que iluminava o acampamento, dormisse numa camarata só para ele, porque todos os dias levava uma grande banhada, dormindo todo molhado, sem querer dar o braço a torcer, jurando que não estava molhado

Aos sábados, por escala, íamos a Maquela do Zombo, ao cinema. Quando chegou a minha vez, já sabia que a cama mudaria de lugar, e não me enganei, lá estava nas alturas, atada ao teto

Era uma Companhia de Cavalaria, formada no Regimento de Cavalaria nº7, em Lisboa. Eramos todos milicianos, com exceção de dois Sargentos, cujas mulheres, mais tarde, também se lhes juntaram, passando a viver no acampamento.

Continua

 

 

 

 

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publicado às 07:47

As emoções!

por cheia, em 24.08.18

Desespero

 

 

Fogem de tudo: da fome, da guerra, das ditaduras, dos abusos

Percorrem um Continente, descalços, rotos, esfomeados

Arriscam a vida para conseguirem concretizar o sonho

Entrarem na mais cobiçada menina: A Europa

Tentam-no por todos os meios: Terra, Mar, Ar

Há poucos dias, cem jovens conseguiram-no

Saltaram a vedação de Ceuta!

A sangrarem de pernas e braços choravam e saltavam de contentes

Como é que há gente, que recuse ajudar esta gente?

A nossa Pátria é onde formos felizes

Seja bem-vindo, quem vier por bem.

 

José Ilva Costa

 

 

 

 

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publicado às 22:59


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