Voltar ao topo | Alojamento: Blogs do SAPO
Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Amor & Guerra (31)
Com o regresso às aulas, a Sara estava ansiosa por saber como era a sua nova escola, não tinha amigas, nem amigos, não conhecia ninguém, só lhe restava a consolação de faltar apenas um ano, para começar a frequentar uma instituição de ensino superior
A mãe disse-lhe que a acompanhava, se ela quisesse, mas a Sara disse-lhe que não, porque isso era motivo para os colegas gozarem com ela, Já não era nenhuma criança!
A mãe calhou a passar pela escola, para onde ia a Sara, parou junto à receção, a observar o local, o edifício, para onde iria a sua menina, a sua única companhia
Uma funcionária, vendo-a tão absorta, perguntou-lhe se queria alguma informação
A Bárbara contou-lhe o que se passava: tinha vindo de Angola, com a filha, que iria para aquela escola, não conheciam ninguém em Portugal
A Miquelina disse-lhe que podia estar descansada, que já trabalhava ali há muitos anos, que o seu filho também ia para o décimo segundo ano, e se ela quisesse, que lho apresentava, para ela, melhor, se integrar
A Bárbara agradeceu-lhe, dizendo que iria dizer à Sara, para a contatar
Mesmo não precisando de trabalhar, procurou um emprego para não estar sozinha, enquanto a filha estava na escola
Foi trabalhar para uma joalharia, na Avenida da Liberdade, em Lisboa, gostava do contato com os clientes, de vender e comprar, porque isso, era o que tinha, sempre, feito
Ambas procuravam o mesmo homem: o Carlos, mas sem que o dissessem, faziam-no em completo segredo, sem deixarem transparecer o que andavam a fazer
A Sara já tinha questionado a mãe sobre o seu pai, já sabia quanto o assunto a entristecia, causando-lhe muita dor. Por isso, decidiu que iria continuar a procurá-lo, mas sem que a mãe soubesse
Para procurar o pai, apenas sabia que se chamava Carlos: um soldado, que tinha estado, em Angola, no início da guerra, em 1961
Mesmo com tão poucos dados, não deixou de escrever para o Ministério do Exército, contando a sua história, pedindo ajuda, para que conseguisse conhecer o pai
Tinha poucas esperanças de que a pudessem ajudar, mas iria fazer tudo o que estivesse ao seu alcance. Todos os que se chamassem Carlos, que tivessem sido soldados, e tivessem estado na sua terra, no início da guerra, tinham de ser inquiridos, até encontrar o seu pai
A Bárbara também não sabia como fazer, para encontrar o Carlos. Mas tinha uma vaga esperança de o encontrar numa rua de Lisboa, ou em um qualquer estabelecimento
O Miguel, também, ia frequentar o último ano do ensino secundário: o décimo segundo ano. Já tinha decidido o que queria fazer. Ser engenheiro informático, e já sabia que iria para o Instituto Superior Técnico, Em Lisboa, porque tinha notas, que lhe permitiam escolher o curso e o estabelecimento de ensino que quisesse.
Continua.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.