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Flores de outono

por cheia, em 06.11.23

Flores de Outono

 

Cores de outono, suaves e doces

Dos amarelos aos castanhos e aos roxos

As árvores ficam sem rostos

Despidas e nuas no frio inverno

Os seus braços esguios espantam o frio

Bonitas e límpidas águas correm no rio

As geadas congelam o vento, que não floriu

As manhãs brancas são perfume, que sorriu

Já ninguém lava a roupa no brilho das águas, que correm a fio

As aves fazem acrobacias nos ares aquecidos pelo sol

Há uma paleta de cores na sombra de um assobio

O outono tem um sol muito fugidio

Aparece, desaparece, volta a aparecer, vai se embora sem nada dizer

Quem o quiser apanhar tem de estar atento, mas não o consegue prender

A qualquer momento, foge, vai-se deitar com o vento

Cada vez deita-se mais cedo, gosta muito do sossego

Do escuro não tem medo, quer ficar no seu aconchego

Nestes dias de chuva, de vento e frio cinzento

Em que para enfrentar o mau tempo, é preciso muito talento

Soltar as amarras do vento, pôr as nuvens em movimento

Aparar com as duas mãos as suas prateadas lágrimas

Para, a todos dar de beber e o mundo ver viver

A Água é um tesouro, é ouro a cair do céu.

 

José Silva Costa

 

 

 

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publicado às 07:54

Dia do trabalhador

por cheia, em 01.05.23

IBAN

 

Trabalhador, cada um com o seu valor

Por que razão alguns têm tão pouco valor?

Aqueles que fazem o trabalho que poucos querem

Colher frutos nas estufas, debaixo de uns tórridos cinquenta graus centígrados

Os que constroem as casas, ao vento, à chuva e ao frio

Por um magro salário, que não dá para terem uma casa

Os trabalhos mais duros são os mais mal pagos, porquê? 

Porque os doutores que fazem as leis não se lembram deles

Não fazem parte da sua roda de amigos

Quem não tem um curso universitário, não tem valor

Mesmo que saiba construir uma casa, um carro

Uma ponte, uma barragem, criar couves, batatas ou cenouras

Nada disso tem valor, para os senhores doutores

Que fazem as leis e governam o país

Que acham que os aumentos de pensões e ordenados

Com uma percentagem igual para todos é aceitável

Cavando, cada vez, mais desigualdades

Quem ganha 500€ terá um aumento de 17€

Quem ganha 2000 terá um aumento de 70€

Os preços no supermercado não são iguais para todos?

Enquanto não valorizarem todas as profissões, porque todas são necessárias

Não falem de igualdade, de valorização, de reconhecimento, de estima social

Não nos queiram enganar com palavras cor-de-rosa, que são migalhas para ganharem as eleições

Meia pensão para todos, com algumas exceções, tanto faz que tenha uma pensão de 50000€, ou de 500€ (leis socialistas,( faria se não fossem socialistas!)

1€ por dia, para uma minoria, e discriminação para quem não tiver um IBAN, que não receberá nada

Muitos países dentro de um país, muitos Governos, dentro de um Governo

A Ministra da Segurança Social e Emprego disse que quem não tivesse conta bancária podia indicar um IBAN de outra pessoa

Enquanto o Ministro das Finanças, que é mais quero, posso e mando, não aceita IBAN de terceiros, fazendo com que mais de 260 mil pessoas não tenham recebido os 125€ + 50€ por cada filho  

Com todas estas manigâncias não admira que continuemos na cauda da Europa

Fomos os primeiros a ir a Bruxelas, de mão estendida, pedir o dinheiro do PRR

Já alguém viu alguma obra estruturante paga com esse dinheiro?  

Podiam aproveitá-lo para equiparem o parque escolar para o futuro, com meios tecnológicos

Já é tempo de todos os alunos, de todos os graus de ensino, utilizarem os computadores e neles fazerem os testes

A mobilidade, a saúde e a justiça também poderiam ter beneficiado da chamada bazuca

Mas, a incompetência não o permitiu.

Já gastaram em projetos, pareceres e estudos para o TGV e Aeroporto mais do que custariam a construção das obras

José Silva Costa

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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publicado às 07:44

O Altar

por cheia, em 27.01.23

Pobre povo

Entregue a corruptos vaidosos

Sempre prontos para eventos únicos

 1 0 estádios de futebol para Euro 2004

Alguns para ovelhas pastarem

 Que ainda estamos a pagar

Um palco altar, mais um evento único

Feito em ouro, para ficar para posterioridade

80 milhões de euros atirados aos ventos

Ninguém nos ganha na organização de eventos

Para a construção de casas, escolas e hospitais não temos tempo

Felizmente, dinheiro não nos falta!

Todos os dias vamos, de cesta na mão, pedi-lo emprestado

Somos os maiores em tudo!

Temos a terceira maior dívida do mundo

O Governo acaba de ir buscar mais um fundo de pensões

O da Caixa Geral de Depósitos, no valor de 3 mil milhões

Os dos outros Bancos, já tinha sido absorvidos, no tempo do Governo de Sócrates

Para tantos luxuosos e únicos eventos, temos de fazer alguns sacrifícios

Dormir na rua ao frio, ao relento neste inverno gelado, e em casa sem aquecimento

Esperar, dezenas de horas nas urgências dos hospitais, anos por consultas externas

Alunos sem aulas, a algumas disciplinas, todo o ano, por falta de professores

Mas todos estes sacrifícios serão bem compensados, quando já não fizer frio

Em Agosto conviveremos com jovens de todo o Mundo

Esqueceremos todos os nossos problemas

Viveremos felizes para sempre.

 

José Silva costa

 

  

 

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publicado às 10:09

Abandono!

por cheia, em 21.07.22

Abandono!

Chamas venenosas por todas as encostas

Aceleradas pelo vento, matam tudo por onde passam

As pessoas assistem, indefesas, ao roubo de bens e vidas

Rezam, mas as chamas não as ouvem e continuam com as suas investidas

As lágrimas sulcam-lhes as faces e inundam as rugas

Como se quisessem apagar as chamas

Arderam os animais, as plantas, as casas e as camas

O trabalho de muitas vidas, em pouco tempo, desaparecido

Nos choros sustidos, afogam-se os gritos, para não magoarem os sentidos

Corpos abandonados, às dores, vagueiam no fumo espesso dos horrores

Um silêncio aterrador inunda os campos ardidos

Todos os anos se repetem as tragédias dos incêndios

Abandonados e vergados pelos anos não conseguem retomar a vida

Se ninguém os ajudar, em breve vão definhar

Ninguém aguenta voltar a perder tudo quando se estava a reerguer

Os políticos papagueiam, como se soubessem tuto

Têm o seu sustento garantido, com o rendimento certo ao fim do mês

Saberão quão duro é arrancar, da pouca e pobre terra, o sustento?

Não é com palavreado, nem discurso estafado, muito bem preparado

Mas com muito trabalho, suado, à chuva, ao frio, ao sol

Sob o peso dos impostos

Para um dia perderem tudo

Que, para muitos, é nada!

Uns tarecos velhos, sem utilidade

Para os que vivem em palácios

Que conhecem o mundo

Que nunca precisaram de contar os cêntimos

Que não sabem nada

Do trabalho necessário, para produzir os seus alimentos.

José Silva Costa

 

 

 

 

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publicado às 07:56

Adeus Junho!

por cheia, em 30.06.22

Adeus junho, até para o ano!

 

Junho está a terminar

O mês dos Santos Populares está a acabar

Foi um mês de muita folia e alegria

Como que uma preparação para as férias

Estamos todos desejosos de recuperar o tempo perdido

Parece que não aprendemos, com a pandemia, o devido

Continuamos nas correrias, como se nada tivesse acontecido

Para além da pandemia, estamos a sofrer as consequências de uma guerra

Continuamos “ naquele ingano d´alma ledo e cego/ Que a fortuna não deixa durar muito…” (1)

Não podemos ser só cigarras, também temos de ser formigas

O verão passa num ápice

O outono e o inverno podem ser frios: um inferno!

Temos de nos preparar para os novos tempos

A falta de energia pode ser um grande contratempo

No verão, ainda, podemos dormir ao relento

Mas no inverno o melhor é termos um bom teto

O que todos os pobres ambicionam

Onde possam, as poucas horas de descanso, passar

Como é bom termos uma casa para nos acarinhar!

Todos os dias quando chegamos cansados do trabalho, do duro dia

Num mundo tão desigual muitos nunca, esse carinho, vão saborear

Nem sequer têm uma almofada onde o sono deitar.

José Silva Costa

 

  • Lusíadas, canto III, estrofe 120

 

 

 

 

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publicado às 07:59

Folhas caídas

por cheia, em 04.10.21

Folhas caídas

 

O vento a uivar pelas esquinas

As árvores a tiritarem de frio

Despidas, com o céu vazio

À espera do último arrepio

Sem folhas, mas aprumadas de brio

O vento com o seu assobio

A avisar, que o tempo é esguio

Que a água procura o rio

Com pressa de, ao mar, chegar

É aí que quer ficar

Até as nuvens a voltarem

A derramar, novamente, sobre a terra

Assim se completa mais um ciclo da água

Folhas caídas, árvores despidas

Alamedas atapetadas de folhas molhadas

 Que perderam o brilho, estão amarguradas

Destroçadas por serem espezinhadas

De um dia para o outro perderam a sua função

Tiram-lhes o coração

Agora, são lixo no chão

Choram, perderam a ilusão

De que eram úteis e eternas

Perderam as pernas, perderam tudo

Não voltam a vestir as árvores

Não voltam a ter a admiração do Mundo.

 

José Silva Costa

 

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publicado às 07:54

Branco

por cheia, em 11.01.19

Frio

Um frio seco cortante

Mais branco que diamante

Deixa-nos num incómodo constante

Gela-nos como morte galopante

Não creio que tenha amante

Porque ninguém gosta de uma companhia tão deselegante

Pronto a gelar tudo num instante

A mandar, para o hospital, um montante

Para matar alguma bicharada é importante

Funciona como um bom desinfetante

Para a planta do trigo é radiante

Faz com que a raiz seja pujante

Não gosta do elefante

Tem um poder muito refrescante

Para uns, dignificante

Para outros muito irritante.

 

José Silva Costa

 

 

 

 

 

 

 

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publicado às 20:38

O vento

por cheia, em 29.10.18

O vento

Vento, não faças, das desgraças, o teu sustento

Fazendo com que os pobres durmam ao relento

Modera a velocidade do teu andamento

Quando beijares, as pessoas e os seus bens, não sejas tão violento

Não queiras ser o mau do tempo

Atirando a chuva e o frio contra o nosso corpo adentro

Aplica toda a tua força na produção da energia eólica

Uma energia limpa e perfumada

Um presente para o futuro

Vindo da natureza, cheio de ar puro.

 

José Silva Costa

 

 

 

 

 

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publicado às 19:30


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