Voltar ao topo | Alojamento: Blogs do SAPO
Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
A noite
Há noite há magia
Há noite os sonhos
Pintam alegria
A noite pare o dia
Há noite há um farol
A iluminar o mar
O marinheiro sonda o luar
Não vá o barco encalhar
Quer a lua namorar
O mar também a quer conquistar
Ela não sabe quem escolher
A quem namoro aceitar
Os dois gostava de a encantar
Vai continuar para todos sorrir
Sem ter de decidir
O sorriso não pode dividir
Com todos vai continuar a dormir
A todos inspirar
Sozinha se vai deitar
Sem ter com que se agasalhar
Tantos séculos magia a espalhar
Tantos poetas a enganar
Dizendo que é sua musa
Muitos continuam a esperar
Que as metáforas rompam o ar
Que os seus versos façam o mundo parar
Que a paz possa chegar
Que o ar se possa respirar.
José Silva Costa
Liberdade!
Naquela radiosa e inesquecível madrugada o mundo floriu
Os portugueses, finalmente, conquistaram a Liberdade e o seu império caiu
O Movimento das Forças Armadas pôs fim a uma guerra de 13 anos
E, a uma ditadura de quase meio-século, que tanto os povos molestou
Que custaram muitas vidas, muitos estropiados, muita miséria e dor a todos os povos envolvidos
Foi uma Revolução recebida com muita alegria e muito festejada em todo o lado
E não era caso para menos, foi um farol para a Liberdade e, para alguns povos, um passo para a dignidade
Um acontecimento à escala mundial, cuja bandeira é um cravo vermelho
Uma Senhora, vendedeira de flores, teve a feliz inspiração de colocar um cravo vermelho no tapa-chamas de uma G3, que um soldado empunhava
Pode dizer-se que foi como que um pedido para que não utilizassem as armas
E tinha tanta razão, já tínhamos utilizado as armas durante tempo demasiado!
Todos os minutos que consigamos viver, com armas caladas, são minutos de grandes vitórias
Os que precisam da força das armas para atacarem os outros, sãos os que não têm a força da razão
Não foi assim tão fácil, depois dos cravos e das rosas vieram os espinhos!
Foi um parto difícil, ao longo de mais de um ano, mas deu ao Mundo meia dúzia de novos países
Que, depois de cinco séculos de colonização conseguiram a libertação
Nunca mais assistiremos a um primeiro de Maio como o de 1974
Uma festa para todos, ainda não tinha chegado sectarismo dos Partidos
As ruas e as praças de Lisboa foram pequenas, para acolherem tanta gente
Havia uma alegria radiante estampada nas rugas da martirizada gente
Não deixem que este dia caia no esquecimento, porque isso seria uma grande injustiça para quem deu a vida para que tenhamos Liberdade
Muitas e muitos pagaram com a vida, por terem desafiado o ditador, que tinha como braço armado a PIDE, capaz de toda a violência e de todo o terror.
José Silva Costa
Naufrágio
Altos pinheiros, o vento a assobiar, no imenso mar
O farol, constantemente a avisar, para o barco não naufragar
O luminoso polícia sinaleiro
Compreendido pelo Mundo inteiro
Com a borrasca a varrer todo o mar
Um barco, ao largo, está com receio de não aguentar
Os marinheiros rezam para que acabe a tempestade
Tão marcados pelos anos, pela idade
Os mais novos, sem experiência de tempestades, não conseguem esconder a ansiedade
Um mar tão amoroso, de repente torna-se tão revoltoso
Parecendo não querer ninguém no seu dorso
Erguendo-se, impetuoso, como que a cuspir fogo
Mais uma furiosa vaga, quase que afunda o barco
Agarram-se uns aos outros, para tentarem afugentar o medo
Mas uma, ainda mais furiosa, atira com o barco contra as rochas
Não era o cais que queriam, do mal-o-menos
Apressaram-se a abandonar o barco
Atiraram-se para cima das rochas e subiram a escarpa ingreme
Escura como breu, mas no alto havia uma povoação iluminada
A placa com a identificação da povoação fez bater o coração
O telemóvel, para pedir ajuda, foi a solução
Desta vez salvou-se toda a tripulação.
José Silva Costa
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.