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Propaganda enganosa!
Agosto, o mês das férias!
Este ano, de novo, em liberdade
Com a pandemia na melhor fase
Todos querem recuperar o tempo perdido
O Governo é que está perdido
Os serviços públicos não funcionam
Não conseguiram sobreviver à pandemia
Nada funciona, é só propaganda enganosa!
Por muito bem-feita e de cor-de-rosa
Não consegue apagar os problemas
Alunos sem professores e esquadras fechadas
O INEM sem ambulâncias, e a doente morre na rua em frente
E que dizer dos Hospitais, que nunca se sabe que serviços estão a funcionar!
Os serviços de obstetrícia são os que mais têm encerrado
Quem é que não está alarmado?
Às gravidas não lhes chegava o seu estado
Ainda têm de conviver com a incerteza de não saberem onde a filha/o irá nascer
Quantos quilómetros terão de percorrer, a que porta irão bater
Quem é que consegue explicar o que está a acontecer?
Os Governantes dizem que é tudo normal!
Quando interpelados, às questões não respondem
Atiram com atos praticados e milhões, para criarem confusões
Incapazes de fazerem previsões, passam o tempo a criarem ilusões
E, assim, vão arrastando o país para o precipício, apoiados por multidões
Que preferem ser enganados, a ouvirem as verdades
É tão agradável ouvir o que desejamos em vez de assumir as realidades!
Quando somos chamados a pagar a fatura ficamos indignados
Mas não assumimos que fomos coniventes
Nada colheremos, se não soubermos quando, à terra, deitar as sementes.
José Silva Costa
Adeus junho, até para o ano!
Junho está a terminar
O mês dos Santos Populares está a acabar
Foi um mês de muita folia e alegria
Como que uma preparação para as férias
Estamos todos desejosos de recuperar o tempo perdido
Parece que não aprendemos, com a pandemia, o devido
Continuamos nas correrias, como se nada tivesse acontecido
Para além da pandemia, estamos a sofrer as consequências de uma guerra
Continuamos “ naquele ingano d´alma ledo e cego/ Que a fortuna não deixa durar muito…” (1)
Não podemos ser só cigarras, também temos de ser formigas
O verão passa num ápice
O outono e o inverno podem ser frios: um inferno!
Temos de nos preparar para os novos tempos
A falta de energia pode ser um grande contratempo
No verão, ainda, podemos dormir ao relento
Mas no inverno o melhor é termos um bom teto
O que todos os pobres ambicionam
Onde possam, as poucas horas de descanso, passar
Como é bom termos uma casa para nos acarinhar!
Todos os dias quando chegamos cansados do trabalho, do duro dia
Num mundo tão desigual muitos nunca, esse carinho, vão saborear
Nem sequer têm uma almofada onde o sono deitar.
José Silva Costa
Sonhos de verão
Sonhamos com as férias, novas paisagens, novas cidades, gentes diferentes
Num encontro fraterno de beijos, abraços e apertos de mão
Há barcos parados nos cais, à espera que lhes soltem as amarras
Sonham com novos horizontes, querem as velas enfunadas pelos ventos
Os sonhos de verão são de alegria, de alguma magia, de desejos fugientes
Cada um procura lançar, ao mundo, as suas sementes
Os dias são grandes, sem espartilhos, quentes, de muito brilho
Um sonho, um desejo, um abraço, um beijo podem ser o rastilho
Para uma grande mudança, para muitos e bons passos de dança, para renovar a esperança
Até para mudar de continente, para seguir em frente, encontrar o amor, para sempre
Conhecer gente diferente, atraente, mais sol no poente, uma luz, um caminho com sentido
Um grito de liberdade, sem anos nem idade, preservar a alegria da mocidade
No verão é tempo de reflexão, de contabilizar o passado e projetar o futuro
De ler um livro maduro, ver uma peça de teatro, ver um filme e sonhar com tudo
Saborear o tempo, sem pressas nem compromissos, aproveitar a preguiça sem pensar em enguiços
A constante aceleração da maneira como gastamos o tempo, nas correrias diárias de deitar os bofes pela boca, fez com que não saibamos fazer uma pausa para meditar, para descansar completamente: “desligar da corrente”
Hoje, só procuramos mais velocidade, mais perigos e aventuras, desafios, adrenalina, torturas
Correr de um lado para o outro, na ansia de abarcar o mundo, depois, vai-se a ver e sentimos um vazio profundo
Não conseguimos contemplar o nascer do sol, o silêncio noturno na natureza, ouvir o cantar do rouxinol
Tanta coisa para absorver, que não conseguimos ver nem apreender por causa de andarmos sempre a correr
Por muito que corramos, não apertaremos todas as mãos, nem afugentaremos a solidão
Paremos para ver o que nos rodeia, a beleza da areia, onde enterramos os sonhos, quando, no verão, vamos a banhos
Temos mais um verão, para aproveitar, assim saibamos o que de melhor poderemos fazer.
José Silva Costa
Amor & guerra (11)
Em 1963, o país estava muito atrasado. Só tinha Universidades em Lisboa, Coimbra e Porto
O ensino estava dividido em ensino: Liceal, Industrial e Comercial
Uma década depois, (1973) as empresas continuavam a não ter, no mercado, trabalhadores com as qualificações de que necessitavam
Algumas grandes empresas tinham escolas próprias, para formarem os seus quadros, fora do horário de trabalho, dando preferência aos adolescentes, que contratavam a partir dos doze anos
Assim, como também tinham colónias de férias, para os filhos dos seus trabalhadores
No litoral Sintrense havia três grandes colónias de férias, para os filhos dos trabalhadores das empresas: Caminhos de Ferro Portugueses, Shell e Companhia União Fabril
Tínhamos, como hoje, bons técnicos, mas que não sabiam falar línguas, o que causava problemas às empresas portuguesas, representantes de fabricantes de eletrodomésticos e outros equipamentos, que pediam, aos seus concessionários, técnicos para estagiarem nas suas fábricas
Os institutos de língua inglesa tinham como alunos, muitos técnicos, que precisavam de saber inglês, para fazerem formação nas fábricas dos produtos, que os seus patrões vendiam
O país consumia uma grande parte dos seus recursos, nas guerras de Angola, Guiné e Moçambique
O Carlos tinha a perna esquerda, abaixo do joelho, esmagada, transferiram-no para o Hospital Militar, em Lisboa, onde lhe amputaram a perna, abaixo do joelho
Os pais foram informados de que o filho tinha sido ferido em combate, mas que estava livre de perigo e internado no anexo do Hospital Militar, em Lisboa
A Miquelina não foi informada, porque o nome dela não constava na informação, pedida a cada militar, para indicar quem queria que fosse informado, caso acontecesse algum problema grave
Estava desesperada, já tinha passado mais de um mês, e ele não dizia nada:” teria morrido, estaria ferido, como é que poderia saber?”
Já tinha pensado em pedir-lhe os nomes dos pais, a sua morada, o seu contato. Mas esperava que fosse ele a tomar essa iniciativa, porque os acidentes acontecem, mas não queremos falar neles, com medo, porque somos surpersticiosos
Os pais aconselharam-na a telefonar para o Quartel-General. Quem a atendeu disse-lhe que era muito difícil ajudá-la, porque o nome dela não constava no documento que foi apresentado ao Carlos, para escrever quem é que queria que fosse informado
Mas, a Miquelina não se deu por vencida, contou a quem estava do outro lado do telefone, o que tinha acontecido: que era namorada dele, que tinha ficado grávida dele na véspera do embarque, que tinha um filho dele quase com dois anos, e tinha cartas onde ele dizia que aperfilharia o filho
Aconselharam-na a ir ao Quartel-General, com as cartas, para ver se conseguiriam ajudá-la.
Continua
Mazelas da guerra
Continuação
A recompensa
Passados 9 meses, estávamos, de novo, em Luanda
Quando chegámos, acompanhei o Capitão ao Quartel-General, onde nos aguardava um Brigadeiro
O Capitão fez-lhe continência e manteve-se em continência, enquanto ele falava, perguntava o que tinha sucedido ………..
O Capitão manteve-se quedo e mudo, até o Brigadeiro corresponder à continência
Como uma parte da tempestade já tinha passado, o Capitão justificou por que razão foi impossível controlar os condutores civis, tudo acabou em bem
Passámos alguns dias em Luanda, antes de seguirmos para os nossos novos destinos
Acabados os dias de férias em Luanda, saímos em direção ao novo paraíso, numa extensa coluna militar, desta vez, em direção ao Sul
Fomos distribuídos por quatro povoações. Ao meu pelotão coube a bonita Vila do Andulo, terra natal de Jonas Savimbi, líder da UNITA – União Nacional para a Independência Total de Angola
Não podíamos ter sido melhor recebidos, ainda não tínhamos autorização para sairmos das viaturas, já estas estavam rodeadas de civis, o inverso do que tinha acontecido no Norte
Ficámos instalados numa casa civil, nunca apagámos as luzes, porque a produção da barragem era superior ao consumo
Havia uma coabitação harmoniosa entre civis e militares. Eramos convidados para os bailaricos, aos sábados à tarde, na Sociedade Recreativa
O nosso mais famoso futebolista, que não pertencia ao meu pelotão, foi logo cobiçado por o clube de futebol, local. Mas havia um pequeno detalhe, não tinha concluído a quarta classe, tudo se resolveu com a conclusão e a sua inscrição na Federação
Fazíamos patrulhas ao nível de secção, numa das patrulhas vimos uma escola em funcionamento, construída em tijolo, muito arejada, não tinha janelas nem porta, a Professora foi muito amável para connosco, esforçou-se para que os alunos falassem em português, mas poucas palavras disseram
Numa outra patrulha encontrámos um comerciante, cuja camioneta estava atascada, e havia já umas boas horas que esperava que alguém passasse e o ajudasse. Com a ajuda de uma árvore, onde prendemos o guincho da nossa viatura, conseguimos que a camioneta voltasse a andar
Camaradas nossos, também em patrulha, foi-lhes pedido que transportassem uma grávida, cujo parto estava complicado, para uma Missão
Na povoação mais distante do nosso raio de ação, vivia um casal de madeirenses, que tinham um comércio, eram os únicos europeus da povoação. Gostavam muito das nossas visitas, pernoitávamos na casa deles, só nos pediam que lhes levássemos pão.
Um dia, quase ao fechar da loja, entrou uma senhora com um açafate cheio de grãos de café, pedindo que o pesassem.
Fiquei sem saber o verdadeiro objetivo, mas penso que quereria saber, quando trouxesse todo o café, os quilos que tinha a receber
Aquele casal comprava-lhes o que produziam ou pescavam e vendia-lhes o quisessem comprar, ainda lhes arranjavam alguns medicamentos. A povoação ficava perto do rio Quanza
Foram estes poucos e pequenos gestos de humanidade que, quanto a mim, deram alguma recompensação aos nossos sacrifícios
Tantas vidas perdidas, tantos recursos mal gastos, que ainda hoje estamos a sofrer as suas consequências
Aproximavam-se as férias, o mês de agosto na Metrópole, na companhia da filha e da mulher, depois de mais um ano sem as ver, o tempo parecia não passar
Converter angulares em escudos era muito difícil, muitos queriam ter um pé-de-meia na Metrópole, podia-se converter 7.000,00 angulares em escudos, por cada viagem à Metrópole. Assim, abri a minha primeira conta bancária, no único Banco do Andulo, Banco Pinto & Sotto Mayor, que quando foi inaugurado, alguém conseguiu ler: “ branco, tinto e copo maior”, depositei 7.000 angulares e recebi 7.000,00 escudos, em Lisboa
À boleia do Andulo para Luanda, para apanhar o avião, para Lisboa.
Continua
Agosto!
Este ano ficaste sem rosto
Ninguém te veio visitar
Não levantam os aviões
Nem os barcos podem navegar
Que mal-estar!
Cada um fechado no seu lugar
Sem ter contatos
Nem querer contatar
Não vá a peste, o contaminar
Não há abraços, nem beijos
Nem sorrisos, nem desejos
Está tudo parado e triste
Sem festejos, nem romarias
Que estranhos dias!
Mesmo com todos os condicionamentos
Não deixas de ser o preferido
Mais que não seja
Pelo descanso, o sol, o mar e a areia
José Silva Costa
O Sol
Chegou o calor, para aquecer os corações
Vamos aproveitar este Verão
Que, por ser diferente, não é menos atraente
Vamos aproveitar as férias e viver o presente
Não podemos abraçar toda a gente!
Vamos manter o distanciamento
Para ajudar quem não pode ir de férias
Por estar na linha da frente
A combater o vírus ou os incêndios
Merece todo o nosso reconhecimento
Pelo, desumano, esforço
Que será menos penoso
Se todos colaborarmos
Fazendo com que o Verão seja menos trabalhoso
Esta dolorosa situação
Tem de ser combatida com solidariedade
Quer estejamos no campo ou na cidade
Sejamos jovens ou de mais idade
Para que todos sintam que contam
Não para um número!
Mas para uma família
A Família Portuguesa.
José Silva Costa
Simplex
Passar as férias nas filas dos Serviços Públicos!
Dormir às portas das Conservatórias do Registo Civil, do IMT, do SEF
Ter de pedir emprestados 500€, para ir, à Ilha da Madeira, tratar do atestado de residência, para não cair na ilegalidade
Não poder visitar a mãe, que estava doente
No mês de agosto devia estar tudo fechado!
Mas os bebés continuam a querer nascer aos fins-de-semana e no feriado
Mas o Serviço Nacional de Saúde funciona alternado
Num fim-de-semana não se pode nascer em Portimão
No outro em Faro, no seguinte, em Beja, fica fechado
Vivemos num país muito avançado
Onde os bebés, para nascerem, já deviam saber esperar pela sua vez
Porque é isso que os espera, durante a vida
Neste verão, como o tempo não está bom, para ir para a praia
As pessoas têm, para responder à burocracia, aproveitado
Dormindo às portas dos Serviços públicos, com o simplex, ao lado
Está tudo muito revoltado
Mas, os ministros dizem que está tudo dentro da normalidade
As pessoas é que insistem em aproveitar as férias para fazerem o que não devem
Se o país está parado!
Parem de ir aos Hospitais, Conservatórias, SEF, IMT
Não dá para irem para as praias!
Vão para os Centros Comerciais consumir, para não cairmos, de novo, na receção
José Silva Costa
Domingo vai chover
As previsões dizem que Domingo vai chover
Graças à ciência e às novas tecnologias, podemos, com antecedência, saber como vai estar o tempo
No Domingo vamos dar descanso às férias, não correndo para as praias, para torrar
Vamos aproveitar para descansar, sabe tão bem descansar do cansaço das férias
Há sempre muito que fazer: ver um filme, ir ao cinema ou ao teatro, visitar uma amiga ou um amigo, mesmo que esteja detido
Proponho-vos um exercício muito mais difícil: tentar desconectar toda a família, sentá-la a uma mesa, para jogar às cartas, às damas, ao monopólio, etc.
Um ótimo exercício, para testarmos as reações, de cada um, quando se perde, ou quando se ganha
E, vão ver que nem se lembram que está a chover
Mas, se preferirem, também, podem ver a chuva a cair, regar e lavar tudo, com as plantas a sorrir
Na segunda-feira não se esqueçam de observar e saborear a frescura, o perfume, os efeitos, de o Verão, ter procedido à limpeza do que não fez, durante um mês de muitas desilusões
Nem ele sabe muito bem, por que razão não fez o Sol brilhar, aquecer a água do mar………
Tenho uma explicação: o Verão, este ano, no seu primeiro mês, foi de férias, para a Rússia, para ver o Campeonato Mundial de Futebol.
José Silva Costa
Mar, mar, mar
No agosto quente
Com mar azul serpente
Que acaricia o corpo florescente
Que beija, abraça e deita
Nos seus macios e perfumados lençóis
Mas não promete, nem mente!
Esse mar, que em agosto, afoga os sonhos e desejos
De tanta gente!
Mês de alívio, relaxe, convívio
De confraternização, encontros e desencontros
Que se apagam como neblinas matinais
Agosto passa. Imploramos que não vá
Mas não volta mais
Agosto lava o corpo e a mente
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