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Amor & guerra (8)

por cheia, em 03.04.21

Amor & Guerra (8)

 

O Januário sentou-se ao lado do condutor do jeep, como se fosse buscar a mulher e a filha à maternidade

A freira não sabia do que se tratava, por isso perguntou-lhe o que desejava, vimos  buscar a Bárbara e a Sara

A Bárbara ficou admirada de ter sido ele o escalado para a ir buscar, uma vez que antes do parto se justificava a sua presença, caso houvesse necessidade de intervir, se acontecesse algum problema, mas agora não!

O Januário abriu a porta do jeep, pegou na Sara, enquanto a Bárbara entrou e se sentou, deu-

lhe os parabéns por ter uma filha muito bonita

Durante a viagem trocaram algumas palavras sobre o parto, poucas!

O Januário queria pedir-lhe namoro, dizer quanto gostava dela e afiançar-lhe que a ajudaria a criar a linda Sara, como se ela fosse filha dele

A Bárbara ficou muito agradada com os modos e as palavras do Januário, ficando com a pulga atrás da orelha, sobre o interesse nela

Também o seu coração vibrou, quando o Januário abriu a porta do jeep e pegou na Sara, como se fosse sua filha

Por todo o país, em todos os quartéis, eram formados soldados, sargentos e oficiais. O Governo queria ocupar a Colónias quanto antes, porque já se sabia, que mais tarde ou mais cedo a guerra começaria na Guiné e Moçambique

Em Janeiro de 1963 começou a guerra na Guiné, desde o início se viu que era muito mais agressiva que em Angola. Estavam bem armados, tinham o apoio da Guiné Conácri, para onde fugiam, após os combates

Nalguns postos fronteiriços, não permitiam que saíssemos dos abrigos subterrâneos, porque mal aparecíamos à superfície, choviam granadas de morteiro

Na Metrópole, as mulheres começavam a ocupar os empregos,  que antes só eram ocupados pelos homens. Com o constante embarque de homens, para as frentes de combate, a mão-de-obra começava a faltar, fazendo com que os patrões tivessem de recorrer ao trabalho feminino

A Bárbara foi registar a filha, teve de se fazer acompanhar de duas testemunhas, porque naquele tempo, para se registar um filho, eram precisas testemunhas, normalmente os padrinhos

Quando lhe perguntaram o nome do pai disse o que tinha acontecido, fazendo com que fosse registada como filha de pai incógnito

Aquele, pai incógnito, entristeceu a Bárbara, fazendo com que durante a viagem, entre o Registo Civil e a sua residência, tivesse pensado nos muitos filhos de pais incógnitos, que aquela guerra, faria.

 

Continua

 

 

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publicado às 08:20


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