Voltar ao topo | Alojamento: Blogs do SAPO
Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
As mazelas da guerra
Continuação
O testamento
Como já estávamos habituados a dar proteção na abertura de picadas, lembraram-se de nós, para desta vez, darmos proteção à Engenharia Militar, na abertura de uma estrada
Todos os dias levavam as três máquinas utilizadas na obra, e nós mobilizávamos um pelotão para fazer a proteção
A obra foi interrompida por uns 15 dias, o que fez com que ficássemos preocupados com o recomeço dos trabalhos, porque estávamos com receio, que durante aquele interregno colocassem minas
Coube me, na ausência do Alferes, comandar o pelotão, no dia do recomeço da obra
Combinei com o condutor da Berliet, que iriamos os dois, à frente, seguindo as outras viaturas atrás para, na eventualidade da estrada estar armadilhada, reduzirmos as suas consequências
Assim, decidimos retirar, da carroçaria da viatura, tudo o que não fosse essencial, cobrimo-la com sacos de areia, na tentativa de evitar levar com estilhaços, caso acionássemos alguma mina, felizmente não tinham colocado minas
Quando entrei para a viatura, perguntei ao condutor se já tinha feito o testamento, já tínhamos brincado com o assunto, enquanto estávamos a preparar a viatura para aquela missão, foi uma maneira de tentar desanuviar o ambiente, embora estivéssemos preparados para tudo, não conseguíamos fugir ao nervoso miudinho do medo
Poucos meses depois, a nossa comissão acabou. Depois, da comissão acabar, era muito difícil mantermo-nos motivados para continuar a ir para o mato, todos sentíamos que já tínhamos cumprido a nossa obrigação, só queríamos ir para um lugar seguro, como se houvessem lugares seguros! O queríamos era embarcar para a Metrópole
Os últimos meses tinham sido muito difíceis porque, nós, os graduados, tínhamos tido um aumento do vencimento, mas esqueceram-se de aumentar o vencimento dos soldados, o que causou alguma revolta, e com razão, fazendo com que ouvíssemos: que fossemos sozinhos para o mato.
Continua
Tanta loucura
Para uma noite dura
Para uma calamidade sem idade
Num golpe de vento
Que leva o tempo
Ninguém te ajuda
Porque não há levedura
Tudo foi gasto em embelezamento
Para enganar o coração
No calor de meia dúzia de minutos de engano
Colocaste toda a esperança de um ano
Agora, fechas as portas e os portões
Das escolas em degradação
Choras, nos corredores dos hospitais
A sua lotação
Esbracejas contra o Tribunal de Contas
Por não autorizar a compra de medicamentos
Porque os Hospitais estão endividados
As famílias e o Estado, também
Vamos, lá continuar a atirar os euros ao ar
São tão fáceis de gastar!
E, os Governos gostam tanto de nos agradar
Desde de não seja preciso pensar
Nem fazer coisas que sejam para durar
As infraestruturas podem muito bem esperar.
José Silva Costa
Civismo
Somos um povo um pouco indisciplinado
Nem sempre cumprimos as regras
Poderíamos ser mais educados
Há, até, quem faça chacota dos que tentam cumprir!
Gostamos de desafiar as proibições
Não respeitamos as recomendações
Mesmo que haja passadeiras para peões
Atravessamos em qualquer lado, sem precauções
Quando acompanhados de crianças
Deveríamos dar, sempre, o exemplo
Infringimos as regras com o maior descaramento
Ultrapassamos os limites de velocidade
Seja na autoestrada, seja na cidade
Sempre ao telemóvel
Lemos as notícias e escrevemos mensagens ao volante
Vemos as fotografias no face-book, em andamento
Como se não estivéssemos a conduzir uma armam mortífera!
As estradas transformaram-se em granadas
Prontas a rebentarem a qualquer momento
Não temos tempo para nada, estamos sempre atrasados
Acelerados, arriscamos numa ultrapassagem, mal medida
Chocamos de frente, perdemos a vida, ou tiramo-la a outro
Ficamos numa cadeira de rodas, acabam-se todas as pressas!
Se não formos rigorosos, se não dermos o exemplo
Não contribuiremos, para um melhor comportamento
As estradas não podem continuar a ser um campo de batalha
Onde tudo é permitido e tudo falha.
José Silva Costa
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.