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A linha
Minha primavera perfumada
O teu perfume, os meus olhos encanta
Na lonjura da grande estrada
Toda a beleza que a ladeia está cansada
De ver tanta gente tão apressada
Sem que tenha tempo para parar um segundo
Sentada na sua máquina voadora de prego a fundo
Conspurcando com gases e fumo toda a sua beleza
Sem cheirar nem olhar para a bonita Natureza
Nem na noite escura consegue esquecer tanta tristeza
Rasgaram-lhe as entranhas para construírem a autoestrada
Com a promessa de que os automobilistas lhe dedicariam uma grande paixão
Que diriam muito bem do seu perfumado chão
Que dava tão boas espigas douradas para fazer o saboroso pão
Agora, não consegue respirar, está coberta de alcatrão
Saem dos grandes centros populacionais para só pararem nas areias quentes
Como se o mar tivesse mais beleza que uma planície florida
Não têm tempo para apreciarem as melhores coisas da vida
Quem é que já apreciou um mar de espigas douradas, a ondularem ao vento e ao sol?
Como se fosse um grande mar de areia fina, onde o vento dorme e a perdiz aninha
Onde os filhotes ensina, como debulhar a dourada espiga, para uma vida digna
Com casa, pão, liberdade, sem stresse, nem pressa de chegar ao fim da linha
Soubéssemos nós, humanos, aprender com os pequenos seres, a viver
Sem ódios nem receios, que nos roubem o nosso quinhão, que nos comam o nosso pão
Seríamos muito mais felizes, viveríamos mais tranquilos, seríamos mais solidários
Não levamos nada, tudo deixaremos, nem mesmo a ilusão de que somos poderosos nos acompanhará.
José Silva Costa
A paragem
O Mundo parou, para pensar
Há qualquer coisa de muito estranho, no ar
Este ano veio-nos acordar
Do nosso individualismo sonolento
Da nossa ambição desmesurada
De tanta coisa, ao longo dos anos, acumulada
De um frenesim de vida enviesada
Quisemos ir além da estrada
Montámos uma pirâmide desequilibrada
De cima comandada
Por quem só sabe duas palavras: mais lucro
É bom que admitam, que este modelo acabou
Foi um sonho, que não resultou
Foi a nossa inconsciência e arrogância, que o matou
Vamos, certamente, aprender a lição
Vamos tentar reparar a avaria
Mas não pensem voltar a uma harmonia, que não existia
Temos, com humildade, de compreender
Que fazemos parte de um todo
O Cosmos!
Que não o podemos sacrificar em nosso proveito
Fomos longe demais
Quando a paralisação acabar
Vamos recomeçar, mas de um outro patamar
Pondo em prática, o muito, que esta paralisação nos veio ensinar
Aproveitando a informática, para outros voos dar
Para não mais, os recursos desperdiçar.
José Silva Costa
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