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Dia Internacional da Mulher

por cheia, em 08.03.25

8 de Março de 2025

 

Mulher! Tens tanto saber

É nos teus olhos que o podemos ler

O teu risonho embalar, todos o podemos ver

No bambolear do sol, das flores, em tudo ao teu redor

O brilho, que irradias, é tão forte e dourado, que faz rir os dias

Flor, amor, perfume, vida, futuro, dor, esperança: és completa

Capaz em todas as tarefas, séculos a enfrentar eras

Sempre relegada para segundo plano, como se não fosse um forte ser humano

Colocada em pedestal, nas palavras, mas encerrada em palácios e castelos

Presa por ser uma perfumada flor, no ignóbil negro ciúme, que mata o amor

Ao longo dos séculos, és tu que tens mantido o futuro

Trabalho doce, florido, tão gratificante, quanto duro

Num voo maduro, sobrevoas muitas dificuldades e aterras no século XXI

Que poderá ser o século da mulher, se os restantes três quartos forem no sentido do primeiro

Será degrau a degrau, com a continuação de muito esforço e perseverança, ainda, não será no mundo inteiro

Ainda há quem não queira que vás à Escola

Que te prende numa gaiola

Para algumas é dourada, mas nem por isso deixa de ser uma prisão

Sem falar dos que com as mesmas mãos que te acariciam, te estrangulam

Valendo-se da bruta força

Sem pensarem, por um momento, que não gostavam que fizessem isso às suas mães

Sem pensarem nos próprios filhos, toldados pelo ódio, matam-lhes as mães

Órfãos de mãe, pai na prisão, as crianças ficam numa triste situação

Os adultos, que dizem tanto amar os filhos, não querem saber disso

Nesses momentos só veem ódio, vingança, morte, posse

Quem comete um crime de violência doméstica não pode sair da prisão, antes de cumprir a pena máxima, os 25 anos, para ter tempo de compreender que não se mata, nem se abandonam os filhos menores.

José Silva Costa

 

 

 

  

 

 

 

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publicado às 07:47

Conto de Natal

por cheia, em 20.12.24

Conto de Natal                         https://imsilva.blogs.sapo.pt

Nasceram e viveram na sua terra, tal como os pais, criaram os muitos filhos, com o que conseguiam tirar da terra

Não foram à escola, não havia escolas por perto, eram todos analfabetos. Só por volta de meados do século XX é que começara a construção das escolas primárias, naquelas povoações

Desde os seus tenros anos que começaram a trabalhar, era preciso ajudar a criar os irmãos

As raparigas trabalhavam fora e dentro de casa, enquanto os rapazes, normalmente, só trabalhavam fora de casa

Sempre brincaram juntos, nos poucos momentos em que isso foi possível, no campo, quando não estavam acompanhados pelos pais

Cresceram, praticamente, juntos, houve, sempre, um bom entendimento entre ambos, os trabalhos no campo, juntava-os

Assim, foram crescendo, quando atingiram a puberdade começaram a namorar

“ O lume ao pé da estopa vem o diabo e sopra”

Como eram muito pobres, aproveitaram a tradição de não se casarem, mas juntarem-se

Combinavam o dia em que se juntavam, se tivessem uma casinha, iam viver sozinhos, caso não a conseguissem arranjar, normalmente, o rapaz, na noite combinada, com a concordância dos pais, levava a rapariga para a sua casa

Seguiram os passos dos pais, tiveram doze filhos, que criaram com muito sacrifícios, eram sete raparígas e cinco rapazes

Ao contrário dos pais, todos tiveram direito de ir à escola, ajudavam os pais, quando não tinham aulas, todos fizeram a quarta classe, mas nenhum quis ficar a trabalhar no campo

Os tempos estavam a mudar: rapazes e raparigas procuravam trabalho nas grandes cidades, quando iam de férias, às suas terras, apresentavam-se bem vestidos e sem as mãos calejadas

Outros procuravam melhores condições de vida, no estrangeiro, o que fez com que os doze irmãos se espalhassem pelo mundo

Todos os anos, pelo Natal, alguns vinham-no passar com os pais, mas nunca se juntavam todos

Os pais ficavam muito felizes com a presença dos filhos e alguns netos, mas o que, sempre, lhes pediam era que conseguissem combinar, para que viessem todos, porque gostavam de voltar a vê-los todos juntos

No ano em que os pais fizeram noventa anos, pelo Natal, todos os filhos e netos compareceram à ceia de Natal

Quando os viram entrar, ficaram muito felizes, mas preocupados por a casa ser pequena para tanta gente e não haver comida para todos, mas os filhos e netos sossegaram-nos, dizendo que tinham trazido comida e que a casa onde tinham sido criados continuava a ser muito acolhedora

A velhinha casa voltou a iluminar-se de vozes, sorrisos, abraços e beijos

Depois da animada ceia, os pais disseram-lhes que a sua presença tinha sido a melhor prenda de Natal, que tinham tido.

José Silva Costa

 

  

 

 

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publicado às 07:49

A recompensa

por cheia, em 16.10.20

Mazelas da guerra

 

Continuação

A recompensa

 

Passados 9 meses, estávamos, de novo, em Luanda

Quando chegámos, acompanhei o Capitão ao Quartel-General, onde nos aguardava um Brigadeiro

O Capitão fez-lhe continência e manteve-se em continência, enquanto ele falava, perguntava o que tinha sucedido ………..

O Capitão manteve-se quedo e mudo, até o Brigadeiro corresponder à continência

Como uma parte da tempestade já tinha passado, o Capitão justificou por que razão foi impossível controlar os condutores civis, tudo acabou em bem

Passámos alguns dias em Luanda, antes de seguirmos para os nossos novos destinos

Acabados os dias de férias em Luanda, saímos em direção ao novo paraíso, numa extensa coluna militar, desta vez, em direção ao Sul

Fomos distribuídos por quatro povoações. Ao meu pelotão coube a bonita Vila do Andulo, terra natal de Jonas Savimbi, líder da UNITA – União Nacional para a Independência Total de Angola

Não podíamos ter sido melhor recebidos, ainda não tínhamos autorização para sairmos das viaturas, já estas estavam rodeadas de civis, o inverso do que tinha acontecido no Norte

Ficámos instalados numa casa civil, nunca apagámos as luzes, porque a produção da barragem era superior ao consumo

Havia uma coabitação harmoniosa entre civis e militares. Eramos convidados para os bailaricos, aos sábados à tarde, na Sociedade Recreativa

O nosso mais famoso futebolista, que não pertencia ao meu pelotão, foi logo cobiçado por o clube de futebol, local. Mas havia um pequeno detalhe, não tinha concluído a quarta classe, tudo se resolveu com a conclusão e a sua inscrição na Federação

Fazíamos patrulhas ao nível de secção, numa das patrulhas vimos uma escola em funcionamento, construída em tijolo, muito arejada, não tinha janelas nem porta, a Professora foi muito amável para connosco, esforçou-se para que os alunos falassem em português, mas poucas palavras disseram

Numa outra patrulha encontrámos um comerciante, cuja camioneta estava atascada, e havia já umas boas horas que esperava que alguém passasse e o ajudasse. Com a ajuda de uma árvore, onde prendemos o guincho da nossa viatura, conseguimos que a camioneta voltasse a andar

Camaradas nossos, também em patrulha, foi-lhes pedido que transportassem uma grávida, cujo parto estava complicado, para uma Missão

Na povoação mais distante do nosso raio de ação, vivia um casal de madeirenses, que tinham um comércio, eram os únicos europeus da povoação. Gostavam muito das nossas visitas, pernoitávamos na casa deles, só nos pediam que lhes levássemos pão.

Um dia, quase ao fechar da loja, entrou uma senhora com um açafate cheio de grãos de café, pedindo que o pesassem.

Fiquei sem saber o verdadeiro objetivo, mas penso que quereria saber, quando trouxesse todo o café, os quilos que tinha a receber

Aquele casal comprava-lhes o que produziam ou pescavam e vendia-lhes o quisessem comprar, ainda lhes arranjavam alguns medicamentos. A povoação ficava perto do rio Quanza

Foram estes poucos e pequenos gestos de humanidade que, quanto a mim, deram alguma recompensação aos nossos sacrifícios

Tantas vidas perdidas, tantos recursos mal gastos, que ainda hoje estamos a sofrer as suas consequências

Aproximavam-se as férias, o mês de agosto na Metrópole, na companhia da filha e da mulher, depois de mais um ano sem as ver, o tempo parecia não passar

 Converter angulares em escudos era muito difícil, muitos queriam ter um pé-de-meia na Metrópole, podia-se converter 7.000,00 angulares em escudos, por cada viagem à Metrópole. Assim, abri a minha primeira conta bancária, no único Banco do Andulo, Banco Pinto & Sotto Mayor, que quando foi inaugurado, alguém conseguiu ler: “ branco, tinto e copo maior”, depositei 7.000 angulares e recebi 7.000,00 escudos, em Lisboa

À boleia do Andulo para Luanda, para apanhar o avião, para Lisboa.

Continua

 

 

 

 

 

 

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publicado às 07:37


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