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Passou o Natal
Amanhã, já ninguém se lembrará
De desejar um Feliz Natal
De colher uma flor para beijar
De pronunciar o verbo amar
A correria vai-nos obrigar a nem para o outro olhar
A competição, não perder o lugar, a ambição
Não nos permitem ao outro dar a mão para se levantar
Para o ano, vamo-nos, novamente, do Natal, lembrar
Ah! Como a publicidade gosta do Natal
E de todos os momentos que massajam o coração
O consumismo, sempre, à mão
Para alegrar o Natal de toda a população
Ao menos, todos têm, um dia no ano
Para se esquecerem da solidão
Para se esquecerem dos filhos e dos netos
Que lhes levou a emigração
Sempre tão lembrados, pela Nação
Quando mandam, para os Bancos, as suas economias
Para ajudarem a pagar os juros da dívida
Que não é para pagar, mas para gerir
Uma dívida, que já faz parte do nosso sorrir
Ano após ano, tantos milhões, tantas promessas
Mas, os milhões de pobres não diminui
Mas, para o ano é que é!
Vamo-nos ver livres do vírus
Vamos ficar mais ricos
Vamos ser mais solidários
Vamos voltar a sorrir, apertar a mão, beijar, abraçar, ouvir os corações.
José Silva Costa
Amor & guerra (20)
Para os pais da Miquelina foi um grande choque, saberem que o futuro genro tinha uma perna amputada, mas nunca o demonstraram à filha. Sempre com palavras animadoras foram-lhe dizendo que podia muito bem fazer uma vida normal e que poderiam ser muito felizes os três
Ficaram animados quando a filha lhes disse que os antigos patrões lhe prometeram que arranjavam um emprego para o Carlos. Regozijaram-se por haver pessoas tão boas
Passaram a viver em função da filha e do neto. Queriam aproveitar a estarem com eles o máximo de tem possível. Sabiam que quando fossem para Lisboa, raramente os veriam
Estava a começar uma época em que os pais só conviviam com os filhos, enquanto não eram autónomos, depois mal os viam, porque iam para as grandes cidades, ou para o estrangeiro
O fim da segunda guerra mundial veio impor um novo ritmo, com a Europa destruída, foi preciso muita mão-de-obra, para a reconstruir. Por isso é que os países fechavam os olhos à emigração clandestina, às desumanas condições em que os portugueses trabalhavam e viviam, nos países para onde fugiam, a salto
Portugal ficou sem a sua juventude, os que não estavam na guerra, estavam no estrangeiro Mas, os governantes, também nada faziam para estancar essa sangria, porque as divisas, canalizadas para o país, eram preciosas para continuarem a alimentar a guerra em Angola, na Guiné e em Moçambique
Em Angola, nalgumas cidades, a euforia continuava, a grande quantidade de jovens europeus, fazia com que os negócios florissem, que a vida social ganhasse um novo brilho, os grandes eventos continuavam de-vento-em-popa, como acontecia com o grande prémio de automobilismo: ” as seis horas de Nova Lisboa”
A Bárbara nuca mais pensou em ir para a Metrópole. Quase todos os dias, ela e o Firmino eram convidados para festas, onde se exibia a bela vida de quem não lhe falta nada, nem tem mais nada para fazer, onde o clima convida ao prazer
Continuavam a viver: “Naquele ingano d` alma ledo e cego
Que a fortuna não deixa durar muito….” (1,2)
Em Lisboa, O general António de Spínola, publica o seu livro
: “ Portugal E O Futuro”, onde expõe as suas ideias para a solução da guerra, nas colónias, dando a entender que tínhamos de procurar outras opções.
(1) Lusíadas, de Luís Vaz de Camões, canto III, estância 120
(2) Frei Luís de Sousa, de Almeida Garrett, Acto primeiro, Cena 1
Continua.
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