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Junho de 2020
Seis meses de pandemia, provocada pelo covid-19
O Mundo já estava conturbado
Mas, agora, está irreconhecível
Ficou tudo parado
Felizmente ou infelizmente, nem todos, ainda, se aperceberam da catástrofe
O constante anúncio de despedimentos tira-me o sono
Tal com aconteceu em 2008
Em que a ganância, que alimentou as pirâmides, na ilusão de alguns, de que todos podiam enriquecer facilmente, levou o Mundo à falência
Desta vez foi um vírus que, ao provocar a morte, o medo, o desespero, nos levou ente-queridos, abraços, beijos, convívios, empregos, empresas, a vida
O que devemos fazer para sair deste confinamento?
Ninguém sabe, porque tudo isto é novo
Mas uma coisa é certa, temos de respeitar a Natureza
Temos de tentar reduzir a pobreza
A tendência será reduzir o desperdício
O que vai fazer com que tenham de converter algumas empresas
Com esta pandemia, a alimentação ganhou outra atenção
A agricultura mais destaque e dimensão
É na terra e no mar que, o que comemos, nasce
Se todos fomos afetados!
Que dizer dos refugiados
Em campos superlotados
Crianças, mulheres, homens amontoados
Um WC para uma centena de pessoas!
Onde as mulheres estão, sempre, em perigo
Com receio de serem violadas
À noite, preferem usar fraldas, a saírem das suas débeis muradas
Estamos a assistir a coisas inusitadas
Os novos inquisidores querem apagar a História
Derrubando e queimando estátuas
Como se isso revertesse os erros cometidos
Quantos dos que hoje gritam contra o colonialismo, beneficiam ou beneficiaram com ele?
Não se emendam erros, destruindo o património!
Todos ficamos a perder.
José Silva Costa
Primeiro de Maio
Um primeiro de Maio diferente
Com muito tempo para refletir
Num Mundo desequilibrado
Onde poucos têm tudo, e muitos não têm nada
Um Mundo de fachada, que não valoriza a qualidade humana
Em que o desenvolvimento foi baseado no desperdício
“ Usa e deita fora”
Com os serviços mais bem pagos que a produção
Os produtos essenciais são pagos a meio tostão
Os supérfluos valem um dinheirão
É tempo de reflexão
O fosso das desigualdades não pode continuar
Cada qual tem a sua função
Não é tempo de guerrilhas, mas de colaboração
Os recursos são escassos, não podemos continuar a desbarata-los
Há povos que deitam para o lixo o que faz falta a outros
Valores invertidos, prioridades invertidas, está tudo de pernas-para o ar
Vamos ver se esta pandemia, que nos veio mostrar o que é a igualdade
Se nos faz refletir e, alguma coisa, mudar
Porque ela veio interromper vidas, suspender outras, causar o caos
Um turbilhão, que a todos nos atirou ao chão
Como nos vamos levantar!
Se tudo mudou e não sabemos como vai ficar
Se não temos pão para, aos filhos, dar
Tudo parou, as empresas, os trabalhadores, estão a despedir
Neste primeiro de Maio, dia do trabalhador, o trabalho desapareceu
Pela primeira vez, o dia do trabalhador, mais parece o dia do desempregado
Como é que vai ser!
Se todos os dias temos de comer
Os senhores que só pensam em nos impressionar com as suas riquezas materiais, é que nos podiam responder
Por que razão não há uma melhor distribuição da riqueza produzida?
Há, assim, tanta diferença entre os seres humanos?
Que justifique que uns tenham tudo e os outros não tenham nada
As vaidades não elevam ninguém
Só o humanismo pode valorizar o que é humano.
José Silva Costa
2018
Estás quase a dizeres-nos adeus
Já estás muito cansado
Foram muitos dias
Sem férias, domingos ou feriados
Já vais com 360 dias sem parar
Vinte e quatro horas por dia
Quem é que tanto resistiria!
Não foste bom, nem mau
Foste mais um
Levaste-me amigos
Ao mundo, trouxeste muitos perigos
Podias ter sido melhor!
Ou fomos nós que não te soubemos aproveitar
Continuamos, como sempre, só, em nós, a pensar
Não te quero agastar
Mas não tenho motivos para te admirar
Descansa em paz
Já todos se preparam
Para receberem o teu substituto
Numa euforia sem sentido
Com muito desperdício
Sem pensarem que isso em nada os vai ajudar
Não é queimando milhões de euros em fogo-de-artifício
Que o mundo vai melhorar
Por que razão só aplaudimos a ilusão?
José Silva Costa
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