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A Sociedade Perfeita, 11/02/13
Depois da bebedeira da passagem do século, passado o mito de que não passaríamos dois mil, veio a ressaca: a globalidade, a irresponsabilidade, a produtividade, a falsidade e os famosos mercados. De um momento para o outro fomos confrontados com a produtividade, a mobilidade e a inaptidão. De um dia para o outro, depois de cinco, dez ou vinte anos de trabalho, confrontam-nos com a inaptidão, a mobilidade e a produtividade, e atiram-nos com uma, duas, ou a três par cima. Chegados a casa, dizemos ao cônjuge, filhos e restante família: fui considerado incapaz e calaceiro, por isso não tenho direito à mobilidade, nem à produtividade. De hoje em diante teremos de deixar a casa e viver do ar, porque atingimos o século XXI, o da perfeição, onde todos somos iguais, todos diferentes, e direitos iguais, no papel! Temos o dia do periquito, do gato, do cão, do pai, da mãe, do idoso, da criança, do deficiente, etc., mas esqueceram-se do dia do inapto e do sem-abrigo. Uma desgraça nunca vem só, para cúmulo acabaram com os humanos! Agora só existem robôs, continuam a ter rins, fígado, pulmões, coração, mas os cientistas ainda não conseguiram criar o cérebro. Assim, teremos de viver sem ele, não sei se anos, ou séculos. Atingimos toda esta perfeição por podermos sair da nossa casa, para colocarmos, num papel, uma cruzinha, que nos dá o direito de elegermos os nossos representantes. Em nossa representação fazem as leis, que nos obrigam a deixar a casa onde nascemos, e esperávamos morrer, as que nos tornam inúteis, e muitas outras, muitos úteis para os nossos representantes. Assim, considerados lixo, tivemos de ir viver para a rua, dando origem aos sem-abrigo. Expostos em montras, mas do lado de fora, para que todos nos vejam, tropecem em nós, mas nem assim nos veem .Mas, mais uma vez, se esqueceram da lei, que determine quem nos deve remover do lixo em que nos colocaram. Quem é que nos atira para a pira ? Aqueles que não têm a coragem, ou a cobardia, (confesso que não sei qual a palavra adequada) de se exporem aos milhões de olhos, que os atropelam, mas não os veem, atiram-se para debaixo dos comboios, das janelas dos hotéis, envenenam-se, puxam fogo às casas, para cremarem os filhos, evitando assim a crueldade de os exporem à frente de uma montra, vendo os pais, com um letreiro na testa, a informar-nos: fui considerado inapto, não tenho direito a trabalhar, logo , sou incapaz de criar os meus filhos. Que sociedade mais perfeita poderíamos desejar!
José Silva Costa
Ps. Foi esta situação, que deu origem ao voto útil, porque ainda não se esqueceram da brutalidade das medidas da Troica, ou daqueles que foram além dela.
Prendas!
O natal é um época de amor e fraternidade
Todos desejamos uns aos outros: bom Natal, bom ano novo
Mas, a pouco-e-pouco, devido aos excessos, tornou-se num tempo de muita angústia
A publicidade criou-nos, desnecessários, consumos
Muitas pessoas não têm possibilidades de acompanhar este consumismo
A troca de prendas tornou-se obrigatória
Sem que ninguém tenha coragem de dizer que o espírito natalício não é esse
Infelizmente, já há muitos anos, assisti ao desespero de uma Senhora
Que não conseguia conciliar o número da lista de prendas com o dinheiro disponível
Passámos quase uma hora, no comboio, lado a lado, e eu não consegui ficar indiferente ao seu sofrimento
Muitas vezes, para atulharmos as casas de coisas inúteis, para acumularem pó
Como é que se passou de oito a oitenta?
Antigamente não havia, ou eu não tinha conhecimento desta loucura de “enterrarem” as crianças em prendas
Não têm espaço, nem tempo para respirarem, não dão valor ao que lhes é oferecido
Estamos a dar-lhes um mau exemplo, dando-lhes a entender que vivem num paraíso
Que podemos continuar a viver neste desperdício de usar e deitar fora
Uma grande contradição com o que defendemos: a sustentabilidade do planeta, dizendo que temos de reduzir, reciclar, reutilizar
Temos o dever de dar o exemplo, aos nossos filhos e netos, na utilização dos recursos, para que estejam preparados para a mudança que está em curso, cujos efeitos ninguém sabe
Podemos ter um bom Natal, sem ser preciso estragar o que mais tarde nos pode fazer falta.
Um feliz Natal, para todos, com saúde e amor.
José Silva Costa
Novembro de 2008
Minha quarta sinfonia
Nos teus olhos toda a magia
Quatro Primaveras, num Universo sem harmonia
Meu hino à alegria
Contigo o século XXI marcou a sua entrada
A palavra crise é a mais pronunciada
Tudo são incertezas, ninguém sabe nada
Uma nova ordem tem de ser inventada
Do muito fizeram nada
A situação é desesperada
A incerteza precisa ser ajudada.
O teu sorriso é promessa de futuro
O teu olhar é o paraíso
Quando abres essas duas estrelas
Toda a humanidade é tocada
A Terra toda irradiada
E a humanidade hipnotizada
Minha flor encantada.
José Silva Costa
Comendadores
Comendadores, pessoas de muitos valores
Muitas vezes acumulados à custa dos que não têm a ambição de serem comendadores
Enquanto os comentadores vivem em bons palácios
Os que lhos constroem vivem a enganar a fome
Aqueles que nasceram com a arte de ganharem muito dinheiro
Espezinhando os outros, querem ser admirados, como se fossem deuses
A vaidade e a ambição não têm, por ninguém, contemplação
Joe Berardo, que em África, fez jus a “em terra de cegos, quem vê é rei”
Conseguiu uma fortuna, deixou África, e veio, para o seu país, pavonear-se
Criou um Museu de Arte Moderna, e teve a arte de alugá-lo ao Estado
Ambicionava ser dono de um Banco
Viu, na compra do Banco Comercial Português, um futuro estrelado
Não tendo dinheiro para alcançar o sonho
Recorreu ao dinheiro do Estado
À Caixa Geral de Depósitos, pediu, muito dinheiro, emprestado
Para comprar as ações do BCP
Mas a ambição desmesurada deu para o torto
O valor das ações deu um grande trambolhão
E, o comendador deixou-nos um buraco de duzentos e oitenta milhões
Que já pagamos, com muito suor, perda de emprego, de casa e de carros
Porque, em último caso, através dos nossos impostos, nós somos a garantia real
Para alimentar os sonhos, as vaidades de alguns
Todos, os que levaram Bancos à falência, continuam a pavonear-se com as medalhas ao peito
Sem que a justiça os consiga prender
Os administradores eram: Carlos Santos Ferreira, Maldonado Gonelha, Armando Vara, Celeste Cardona, Francisco Bandeira, José Ramalho, Norberto Rosa, e Vítor Fernandes
José Silva Costa
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