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Primavera
Campos verdejantes, salpicados de papoilas vermelhas
Manhãs acordadas, pela passarada endiabrada
Com cantorias para encantarem as namoradas
O amor é a mais poderosa força, que nos faz concentrar todas aa nossas energias, para conquistarmos uma parceira
Somos capazes de subir todas as montanhas, derrubar todas as barreiras
A paixão é uma atração, que nos acelera o coração
Na primavera, se ouvirmos e observarmos a natureza!
Veremos como o acasalamento transforma a dura realidade em pura beleza
As batalhas, entre os machos por uma fêmea, são atos cheios de emoção
Parece haver uma distribuição das tarefas para a construção dos ninhos
Feitos com tanto amor e carinho, tão perfeitos e fofinhos, para acomodarem, primeiro, os ovos, depois os filhinhos
Já nós, muitas vezes, primeiro fazemos os filhos, e só depois construímos os ninhos
Árvores floridas, pela paisagem perdidas, a baloiçar os seus bonitos ramos
Perfumes por todo o lado, com flores de todas as cores, embalo de todos os sonhadores
Dias de sol, de alegria, de passeios por entre a luz fugidia das árvores a namorarem
Como se tudo tivesse parado, e só houvesse tempo para o momento aproveitar
Deixemos as nossas prioridades, saiamos das nossas prisões, aproveitemos as ocasiões
A primavera espera por nós, lá fora, ao vento, ao sol, para nos oferecer a sua beleza
Toda a sua luxúria, encantamento, exaltação, momentos poéticos, puros e únicos!
José Silva Costa
Coração
Oh homens sem coração!
Parem com a destruição
Das casas que, agasalho, são
Parem com as guerras
Que matam mulheres, crianças, homens e a ilusão
Não queiram ser criminosos, sem salvação!
Não semeiem horrores, que só dão dores
Semeiem campos de trigo, que dão pão
Não matem os girassóis, que são bonitas flores
Oh homens com coração!
Deem as mãos.
José Silva Costa
Natureza à Escuta Antologia de Poesia Volume II
"Natureza à Escuta”!
A natureza é a beleza da nossa casa comum
Todos dependemos desse teto, para cada um
Um lugar, em que todos somos responsáveis pela sua saúde
Não adianta culpar este ou aquele, cada um tem de fazer a sua parte
Temos de assegurar o futuro, com engenho, ciência e arte
Tudo está nas nossas mãos, na nossa determinação, sem elas não há salvação
Ouvir todas as opiniões, escolher as melhores soluções, escutar o nosso coração
Paremos com a louca corrida do aumento da temperatura, porque estamos perto da
rutura
Mas, ninguém pense que a transição não tem muitas alterações e muitos custos
Vale mais lutarmos todos juntos, que mais tarde não conseguirmos conter os sustos
Temos como acelerador a juventude, que muitos não ouvem, porque querem, os
seus interesses, defender
Acautelar o bem comum, sem olhar para quem está a passar, é essencial e
determinante
Aproveitemos as tecnologias, sem medos nem receios, o mundo está cheio de freios
de diamante
O futuro é feito de sonhos, com humanismo, aventura e espirito desafiante
O maior desafio é vencer o imobilismo, há muito quem não goste de mudanças
Criamos hábitos, alterá-los é motivo de preocupação, não gostamos de andanças
Um engodo pode fazer-nos sair da hibernação
Um forte objetivo, uma boa explicação e uma boa governação
Podem fazer com que comecemos a ouvir e compreender a natureza
Com alegria, com determinação, com mais firmeza e sem tristeza
Vamos todos dar as mãos pelo planeta e pela natureza.
A minha participação na obra "Naturea à Escuta" - Antologia de Poesia, volume II, do Instituto Cultural de Évora
Uma obra publicada em versão e-book, sustentável e amiga do ambiente, pode ser lida em qualquer Continente.
O coração!
Passas no passo do teu encanto encantado
Ninguém fica indiferente à tua beleza, nem à leveza do perfume ajustado
Não perco um passo do teu passeio, num cintilante encantamento
Que bem empregue esse meu tempo!
Encostado à sombra do teu passo apertado
Segurando a lua da tarde, bebo, do teu perfume, demasiado
Fico extasiado, vendo-te desaparecer, por entre o montado
Todos os dias a mesma tortura, ensaio umas palavras de admiração
Mas quando estás perto, a minha boca não as consegue pronunciar
Só oiço o bater do coração, a querer do peito saltar
Pelo teu olhar, sei que te apercebeste do meu mal-estar
Mas tu continuas na tua altivez de para mim não quereres olhar
Pareces feliz por conseguires fingir que nunca me viste
Sabendo que todos os dias te enfeitas para provocares a minha timidez
Sentes que o meu olhar queima a tua pele, e isso faz com que não queiras quebrar o encantamento
Mas, um dia encho-me de força e sigo-te até onde for o teu pensamento
Sempre quero ver se és capaz de nem sequer me dares um cumprimento
Boa tarde, como está, precisa de ajuda, onde mora, boa noite, até amanhã
Sabes que uma palavra tua pode ser a minha salvação
Mas, por enquanto vais fazer- me sofrer, para ver se é verdadeira a minha admiração por ti
Vou continuar, por o tempo que for preciso, a vigiar os teus passos, na certeza de que um dia me vais compensar por todo este esforço
É o meu coração que diz, que um dia se vai unir ao teu
Os corações não se enganam!
José Silva Costa
Maio
Maio maduro maio
Sol quente raiado
Flores por todo o lado
Um perfume empoeirado
Sardinheiras no beirado do telhado
As abelhas no seu bailado
O sol chega à noite cansado
São muitas horas a aquecer o relvado
As manhãs acordam de peito inchado
A temperatura sobe ao sobrado
E o trânsito ficou bloqueado
Todos querem, nas praias, um bocado
O calor está muito torrado
Excedeu-se no bronzeado
O vento continua calado
Alguém tem de dar conta do recado!
O Orçamento será hoje aprovado
Com a maioria absoluta está tudo controlado
Está bastante atrasado
O do ano que vem já deveria estar a ser gizado
Mas, com tanta inflação não há antevisão
Não vale a pena fazer a previsão
Melhor seria fazer o Orçamento, para o próprio ano, depois do verão
Quando aquece o coração
E os aumentos dos ordenados e das pensões subirão acima de um tostão
Para fazer face ao aumento do pão
Para acabar com a contestação
Mas as greves continuarão!
José Silva Costa
Jovens mães carregam os filhos com a ajuda do brilho das estrelas
(do poema o fulgor da Língua/ o Estado do Mundo)
As guerras
Nas guerras não há coração, nem razão
Matam, indiscriminadamente, por impulsão
A culpa é de quem construiu o canhão
Disparam, como se fosse para o ar, contra o irmão
Mais tarde, com todos os horrores, terão de conviver
Mas, por muito que chorem, não haverá perdão
Porque tinham de pensar, antes de, utilizar, a mão
Os gritos dos filhos, agarrados às mães, nunca mais o deixarão
Acompanhá-los-ão, para onde quer que vão
Foi brutal e triste a sua missão
Matar, nunca será de louvar!
Tudo devemos fazer para o evitar
Quem consegue suportar e ver?
A separação: crianças a gritarem, agarrados aos pais e às mães
Mas, os pais têm de ficar, para matar ou morrer
As mães seguirão, à procurar de quem lhes dê uma mão
de um lugar em paz, onde os possam criar
Onde, quem encontrarão, com coração, que as ajude a suportar a dor da separação?
Como suportar a humilhação dos ditadores assassinos, que lhes roubaram os companheiros,
os pais dos filhos, os seus cheiros, os seus beijos, os seus projetos?
Com os filhos nos braços, sem terem onde os agasalhar, sem nada para lhes dar
Têm de ser muito fortes, para tanto desespero conseguirem suportar!
Mas, serão eles que lhes darão a força necessária, para os criarem, com os seus sorrisos, beijos e a palavra mais doce e mais pronunciada: Mãe!
Que grande castigo! Dos que não têm cabeça nem coração que, por muito que falem, nunca encontrarão, palavras suficientes, para justificarem os disparates, os horrores, as mãos ensanguentadas, os ouvidos cheios de gritos, dos assassinatos cometidos.
José Silva Costa
Passou o Natal
Amanhã, já ninguém se lembrará
De desejar um Feliz Natal
De colher uma flor para beijar
De pronunciar o verbo amar
A correria vai-nos obrigar a nem para o outro olhar
A competição, não perder o lugar, a ambição
Não nos permitem ao outro dar a mão para se levantar
Para o ano, vamo-nos, novamente, do Natal, lembrar
Ah! Como a publicidade gosta do Natal
E de todos os momentos que massajam o coração
O consumismo, sempre, à mão
Para alegrar o Natal de toda a população
Ao menos, todos têm, um dia no ano
Para se esquecerem da solidão
Para se esquecerem dos filhos e dos netos
Que lhes levou a emigração
Sempre tão lembrados, pela Nação
Quando mandam, para os Bancos, as suas economias
Para ajudarem a pagar os juros da dívida
Que não é para pagar, mas para gerir
Uma dívida, que já faz parte do nosso sorrir
Ano após ano, tantos milhões, tantas promessas
Mas, os milhões de pobres não diminui
Mas, para o ano é que é!
Vamo-nos ver livres do vírus
Vamos ficar mais ricos
Vamos ser mais solidários
Vamos voltar a sorrir, apertar a mão, beijar, abraçar, ouvir os corações.
José Silva Costa
Folhas caídas
O vento a uivar pelas esquinas
As árvores a tiritarem de frio
Despidas, com o céu vazio
À espera do último arrepio
Sem folhas, mas aprumadas de brio
O vento com o seu assobio
A avisar, que o tempo é esguio
Que a água procura o rio
Com pressa de, ao mar, chegar
É aí que quer ficar
Até as nuvens a voltarem
A derramar, novamente, sobre a terra
Assim se completa mais um ciclo da água
Folhas caídas, árvores despidas
Alamedas atapetadas de folhas molhadas
Que perderam o brilho, estão amarguradas
Destroçadas por serem espezinhadas
De um dia para o outro perderam a sua função
Tiram-lhes o coração
Agora, são lixo no chão
Choram, perderam a ilusão
De que eram úteis e eternas
Perderam as pernas, perderam tudo
Não voltam a vestir as árvores
Não voltam a ter a admiração do Mundo.
José Silva Costa
O amor
O teu jardim tem bonitas rosas!
Mas tu és a mais bela e perfumada
Quem me dera ser o jardineiro
Do teu bonito canteiro
Poder tratar delas o dia inteiro
Para ficarem ainda mais belas
Na esperança de que ficasses muito agradada
Sei que nos separa uma grande escada
Mas, se conseguisse abrir o teu coração
Poderia ser que descesses do teu pedestal
Me viesses cumprimentar: apertar a mão
Para sentires o bater do meu coração
Ver nos meus olhos quanto te amo
Dizer-te porque passo os dias a espreitar as tuas rosas
Como me alimento, apenas, do seu perfume
Tudo, só para ver se te vejo
Se advinhas o meu desejo
Ver de perto os teus olhos da cor do mel
Esperar o tempo que for necessário
Para um dia contigo namorar
Beijar os teus rubros lábios
Poder ficar, para sempre, contigo
José Silva Costa
Amor & Guerra (8)
O Januário sentou-se ao lado do condutor do jeep, como se fosse buscar a mulher e a filha à maternidade
A freira não sabia do que se tratava, por isso perguntou-lhe o que desejava, vimos buscar a Bárbara e a Sara
A Bárbara ficou admirada de ter sido ele o escalado para a ir buscar, uma vez que antes do parto se justificava a sua presença, caso houvesse necessidade de intervir, se acontecesse algum problema, mas agora não!
O Januário abriu a porta do jeep, pegou na Sara, enquanto a Bárbara entrou e se sentou, deu-
lhe os parabéns por ter uma filha muito bonita
Durante a viagem trocaram algumas palavras sobre o parto, poucas!
O Januário queria pedir-lhe namoro, dizer quanto gostava dela e afiançar-lhe que a ajudaria a criar a linda Sara, como se ela fosse filha dele
A Bárbara ficou muito agradada com os modos e as palavras do Januário, ficando com a pulga atrás da orelha, sobre o interesse nela
Também o seu coração vibrou, quando o Januário abriu a porta do jeep e pegou na Sara, como se fosse sua filha
Por todo o país, em todos os quartéis, eram formados soldados, sargentos e oficiais. O Governo queria ocupar a Colónias quanto antes, porque já se sabia, que mais tarde ou mais cedo a guerra começaria na Guiné e Moçambique
Em Janeiro de 1963 começou a guerra na Guiné, desde o início se viu que era muito mais agressiva que em Angola. Estavam bem armados, tinham o apoio da Guiné Conácri, para onde fugiam, após os combates
Nalguns postos fronteiriços, não permitiam que saíssemos dos abrigos subterrâneos, porque mal aparecíamos à superfície, choviam granadas de morteiro
Na Metrópole, as mulheres começavam a ocupar os empregos, que antes só eram ocupados pelos homens. Com o constante embarque de homens, para as frentes de combate, a mão-de-obra começava a faltar, fazendo com que os patrões tivessem de recorrer ao trabalho feminino
A Bárbara foi registar a filha, teve de se fazer acompanhar de duas testemunhas, porque naquele tempo, para se registar um filho, eram precisas testemunhas, normalmente os padrinhos
Quando lhe perguntaram o nome do pai disse o que tinha acontecido, fazendo com que fosse registada como filha de pai incógnito
Aquele, pai incógnito, entristeceu a Bárbara, fazendo com que durante a viagem, entre o Registo Civil e a sua residência, tivesse pensado nos muitos filhos de pais incógnitos, que aquela guerra, faria.
Continua
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