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Amor & guerra (14)

por cheia, em 21.04.21

Amor & Guerra (14)

A Bárbara desesperava, porque o Firmino nunca mais voltava, nem dava notícias. Estava habituada às dificuldades das comunicações e da mobilidade. Mas já tinha passado mais de um mês!

O irmão do Firmino não quis ficar com o trabalho do irmão. A família ficou surpreendida, nunca tinham visto uma coisa assim. Como é que ele trocava um negócio centenário, que já vinha dos seus bisavós, para se juntar a uma rapariga, que já tinha uma filha!

Até a mãe o interpelou, perguntando o que é que tinha acontecido, para estar assim apaixonado, uma vez que já tinha tido tantas namoradas e nunca se tinha apaixonado

Disse à mãe, que desta vez tinha encontrado a sua alma gémea, tinham nascido um para o outro, que a Bárbara era uma mulher muito bonita, inteligente, muito à frente do seu tempo

O pai, vendo que não conseguia convencer o filho a continuar com o negócio da família, teve de arranjar um empregado, que assumisse as funções do filho

Finalmente, o Carlos ia ter visitas. Quando a Miquelina telefonou para saber se já tinha visitas, informaram-na da data e do horário das visitas

Correu a consultar o horário dos comboios, ver a que horas é que saía de Braga, cidade onde residia, e se chegava a horas da vista. Caso não se atrasasse chegaria meia hora antes de começarem as visitas

Quase um dia de comboio!

Estava desejosa de saber o estado do Carlos, mas ao mesmo tempo muito preocupada com aquele secretismo, que poderia querer dizer que ele não estava nada bem

Estava determinada a levar o Miguel, mesmo contra a vontade dos pais, que achavam a viagem muito longa para uma criança daquela idade. Mas ela não queria voltar a ver o Carlos, sem lhe apresentar o lindo fruto do seu grande amor. Agora eram três, e não dois!  

Os pais do Carlos tinham sido informados, das visitas e horário, pelos serviços do hospital. Era o mínimo que o Estado podia fazer a quem criava filhos, para darem a vida pela Pátria

O Carlos é natural de Vieira do Minho, onde os seus pais residem

Eles acham que deviam ter enviado o filho para, um hospital, mais perto

Queixando-se de que está tudo localizado em Lisboa, e o resto do país tem de ir lá

Para irem ver o filho, tinham de andar horas e horas de comboio, sem quaisquer condições

Mas, o que é que não fazem os pais, pelos filhos!

Era preciso arranjar um bom farnel, porque não sabiam quando é que voltariam a casa

Nem quando o filho embarcou tinham ido a Lisboa. Mas, agora estava na cama dum hospital, e já não o viam há quase três anos

Não sabiam como é que estava, porque não lhe quiseram dizer, aquando do telefonema a informarem o horário das visitas, nem no telegrama a informar que tinha sido ferido em combate. Apenas diziam que estava livre de perigo!

 

Continua

 

 

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publicado às 08:54

No reino maravilhoso do futebol

por cheia, em 03.02.19

No maravilhoso reino do futebol

No princípio do século XXI

Depois do susto do mundo acabar

Os Governantes, tal como hoje, só queriam era festejar

Encheram o Estádio do Jamor de pessoas, a gritar

Deslumbrados com a conquista de, o euro 2004, realizar

Mandaram, todas as bandeiras, desfraldar

Os mais famosos arquitetos foram mandados, os estádios, desenhar

Nada de orçamentos, apontamentos ou outros constrangimentos

Era preciso mostrar ao Mundo, onde é o reino do futebol

Dez estádios novos foram mandados fazer

Sem quaisquer critérios de localização, acolhedores em dias de nevão, onde houvesse população, qual os custos de manutenção

Os doentes da bola ficaram todos contentes

De norte a sul todos foram contemplados

Alguns, com poucos jogos realizados, parecem ter os dias contados

Quase vinte anos depois, continuamos a pagá-los

Algumas Câmaras têm-se visto em palpos de aranha

A Câmara Municipal de Braga viu penhoradas as suas contas bancárias

Porque ainda deve 3,8 milhões à construtora do estádio

Que rico investimento!

Assim fosse, o que fizemos com os comboios usados, que andam a perder os motores!

Pior que ser pobre, é desperdiçar o que temos.

José Silva Costa  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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publicado às 18:38

Chips!

por cheia, em 14.08.18

Chips!

 

Para onde quer que nos viremos lá estamos, todos, com os chips na mão

Hoje, todos andamos de chip em riste, numa onda de navegação

Com um aparelho do tamanho de uma caixa de fósforos, temos toda a informação

Nos jardins, nos cafés, nos restaurantes, nos comboios, por todo o lado, um silêncio ensurdecedor

Acabaram-se as conversas, as discussões, a troca de opiniões, os dedos substituíram essas funções

Outrora, nos comboios da linha de Sintra, havia grupos de amigos, que viajavam sempre na mesma carruagem

Uns jogavam às cartas, outros discutiam os resultados dos jogos de futebol, falando, também, das agruras da vida

Faziam-se amizades, combinavam-se piqueniques, excursões, emprestavam-se livros

Naqueles bancos corridos, cabia sempre mais um, viajávamos como sardinha em lata

Durante as obras de duplicação da linha assistimos a muitas peripécias

Uma mãe arrancava o filho, da cama, às seis horas, apanhava o comboio em Sintra, para ser entregue à avó, na estação do Cacém

Como não se conseguia chegar à porta, porque os comboios circulavam de portas abertas, a abarrotar, a criança era entregue à avó, pela janela, por quem estivesse junto à janela

Numa viagem, no sentido de Sintra para o Rossio, na estação da Amadora, uma jovem, vendo que não conseguia chegar à porta, baixou a janela e saiu, o contato com o cascalho, foi um pouco violento, porque ela estava no lado contrário ao da plataforma

Também arrisquei um dia, na estação do Rossio, iniciar a viagem, no estribo da porta, apenas agarrado com uma mão, quando na plataforma começaram a procurar melhores posições, quase que me atiravam para a linha, já dentro do túnel

Nunca mais arrisquei, porque poderia ter perdido a vida, para ganhar uns minutos, ainda que me custasse esperar pelo comboio seguinte, pois, eram quatro horas perdidas, nos transportes.

 

José Silva Costa

 

 

 

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publicado às 21:55


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