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Dezembro
Um mês em que muitos põe um sorriso diferente, mas que não é para sempre, é só porque é o mês do Natal
Mas, infelizmente, nem todos conseguem essa maquilhagem anual, uma vez que os comerciantes capturaram o Natal, para o tornarem num mês de desenfreado consumismo
Aqueles que não conseguem acompanhar esse despesismo, só lhes resta desesperar, por as prendas não puderem comprar
A troca de prendas tornou-se quase obrigatória, e isso faz com que muitas pessoas, em vez de um Natal em festa, tenham um Natal amargurado
As exigências de filhos e netos faz com que alguns pais e avós tenham um Natal muito triste, por não terem possibilidades de lhes comprarem prendas para colocarem no sapatinho
Dezembro já ia avançado, uma Senhora entrou no comboio, ainda não ia apinhado, as portas ainda fechavam, não tinha posto o sorriso do Natal, mal se sentou, tirou da mala uma calculadora, uma esferográfica e uma folha de papel com nomes e números
Fazia contas à vida, tentava encaixar as pendas de Natal, no subsídio de Natal
Contas e mais contas, nos intervalos arrepelava os cabelos, falava sozinha, perguntava a si mesma o que fazer, foi assim toda a viagem, e não conseguiu aprovar o orçamento
Hoje, todos somos bombardeados com publicidade, cada vez mais apelativa, capaz de nos influenciar na compra de mais coisas, mesmo que não necessitemos delas
Muitas crianças não conseguem compreender a razão por que pais e avós não lhes compram o que eles querem, a sua tenra idade, ainda não lhes permite perceberem as dificuldades por que passam as suas famílias
O Mundo, infelizmente, será sempre muito desequilibrado, com muitos muito pobres e poucos muito ricos, que têm mais que todos os muitos muito pobres!
Neste mês de reflexão, pensemos nos que não têm nada, na maneira como os poderemos ajudar, não com esmolas, mas com direitos
Os políticos incompetentes, incapazes de fazerem reformas, que poderiam tornar o mundo melhor, optam por dar esmolas, numa tentativa de enganar os eleitores
Mas, pior que ser enganado, nos países onde se pode votar, é viver sob regimes autoritários, onde não se pode abrir a boca
Para todas e todos, um Feliz Natal e um Ano Novo próspero.
José Silva Costa
Amor & guerra (15)
A Bárbara estava desesperada, já receava que tivesse acontecido com o Firmino, o mesmo que aconteceu com o Carlos, que não voltasse a vê-lo!
Seria preciso tanto tempo para ir, a Luanda, dizer aos pais, que tinha encontrado a mulher com quem sempre sonhara e queria viver!
Por momentos esqueceu as nuvens negras que a afligiam, pegou na sua linda Sara e beijou-a
como se fosse a primeira vez que a via, como se nunca tivesse reparado que era linda!
Aproximava-se o dia de poderem visitar o Carlos, pais, namorada e filho tiveram de apanhar o comboio, de véspera
Os pais apanharam a camioneta para Braga, onde entraram no comboio, para Santa Apolónia, em Lisboa
A namorada e o filho também entraram em Braga, e foram para a mesma carruagem, onde já estavam os pais do Carlos
Mal o comboio iniciou a marcha começaram as conversas entre os quatro. O Miguel, muito falador, nada envergonhado, começou a falar com a avó, sem que nenhum soubesse que se tratava de familiares
Depois foi a vez, da mãe entrar na conversa, a mãe do Carlos perguntou-lhe pra onde iam
Miquelina respondeu-lhe que iam para Lisboa, ver o namorado, que tinha vindo ferido, de Angola
A mãe do Carlos disse que também iam ver o filho, o Carlos, que também foi ferido em Angola
A Miquelina achou muita coincidência e disse que o namorado também se chamava Carlos, e que era de Vieira do Minho. Abriu a carteira e mostrou a fotografia, e a futura sogra disse que aquele era o filho dela. O marido disse: “o nosso filho!”
Miquelina disse: “ muito prazer em conhecê-los, o Miguel é vosso neto”
Mariana disse que o filho nunca lhe tinha falado em namoradas, quanto mais em netos
João disse que ele era tal e qual o Carlos, quando era da idade dele
Mariana não queria admitir que a Miquelina fosse namorada do filho, nem que o Miguel fosse seu neto, e perguntou à Miquelina, como é que o Miguel era seu neto, se o filho já tinha ido para Angola, há tanto tempo?´
Miquelina disse-lhe que tinha sido no último dia, antes de embarcar
Mariana disse que eram umas desavergonhadas, por fazerem isso, sem serem casadas, e que só acreditava, quando ouvisse da boca do filho
João tentou acalmá-la, dizendo se não via que ele era muito parecido com o pai!
Mas, Mariana não queria saber disso, não admitia que o filho tivesse tido relações com aquela rapariga, antes do casamento, e perguntou-lhe onde é se tinham conhecido
Miquelina disse-lhe que se tinham conhecido em Lisboa, quando era criada de servir e ele trabalhava nas obras, e que já namoravam há muitos anos
Mariana disse que o ela tinha feito era “prendê-lo” antes de ele embarcar. Mas, lá na terra havia raparigas que estavam interessadas nele, raparigas que sabiam trabalhar no campo, muito diferentes das da cidade, que não sabiam fazer nada
Miquelina tentou defender-se, dizendo que a culpa não tinha sido dela, que tudo fez para que não tivessem relações sexuais, antes do casamento. Mas, no último momento, tanto a pressionou, e como estava tão desesperado por ir para a guerra, que ela acabou por ceder
A conversa fez com que nem dessem pela passagem do tempo. Depois, acabaram por cada um adormecer para seu lado. Miquelina apertou o filho contra o peito, estava com medo que alguém lhe fizesse mal, mesmo a dormir ninguém lho conseguia tirar dos braços
Quando chegaram a Lisboa, parecia que a Mariana já estava mais conformada com a escolha do filho, mas não perdoava àquela rapariga, o facto de lhe ter tirado o seu filhinho. Ainda tinha de lhe perguntar, como é que ele se tinha deixado enganar, por aquela rapariga!
Continua
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