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Censura
A estrofe 82, do canto X, e o parecer do Santo Ofício
82
"Aqui, só verdadeiros, gloriosos
Divos estão, porque eu, Saturno e Jano,
Júpiter, Juno, fomos fabulosos,
Fingidos de mortal e cego engano.
Só pera fazer versos deleitosos
Servimos; e, se mais o trato humano
Nos pode dar, é só que o nome nosso
Nestas estrelas pôs o engenho vosso
"O poema épico mais genuíno é o canto da construção duma nação com a ajuda de Deus ou dos deuses. Os Lusíadas, como já a Eneida, é uma epopeia moderna, em que o maravilhoso não passa dum artifício necessário, mas só literário. A fé única no Deus cristão é defendida por toda a obra.
Não se pode pensar em heresia porque não fazia sentido, em tempos de Contrarreforma, acreditar nos deuses do panteão greco-romano, e a prova é a não censura dos inquisidores aos «Deoses dos Gentios». No episódio da Máquina do Mundo (estrofe 82 do Canto X), é a própria personagem da deusa Tétis que afirma: «eu, Saturno e Jano, Júpiter, Juno, fomos fabulosos, Fingidos de mortal e cego engano. Só para fazer versos deleitosos Servimos». No entanto, críticos defendem que esta fala de Tétis foi introduzida a pedido dos Censores, e que várias outras Oitavas foram ou alteradas, ou mesmo cortadas, para que o Poema pudesse ser publicado.[
Apesar de terem cortado excertos da obra nas suas primeiras edições,[ o Parecer do censor do Santo Ofício na edição de 1572 declara que percebeu que este recurso «não pretende mais que ornar o estilo Poético». Por isso, continua, «não tivemos por inconveniente ir esta fábula dos Deoses na obra», mas não resiste a acrescentar «ficando sempre salva a verdade de nossa santa fé, que todos os Deuses dos Gentios são Demonios».
(Wikipédia)
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