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A chuva
O verão já ia longo
Não queria dar lugar ao outono
O vento acordou do sono
Trouxe a chuva ao ombro
Que há muito tinha adormecido
Que não deu por estar atrasada
Costumava chegar pelo quinze de agosto
Este ano chegou um mês atrasada
Depois, ainda, tirou mais um mês de férias
Espero que não queira, agora, chover tudo de uma vez
Ainda temos mais meio mês de outubro
E meses sem fim, que gostam de ser lavados
Mas com água suave, para os massajar
Sem pressas, nem vagares, na medida certa
Para que a possamos apreciar, guardar, admirar
Sem ela não há vida, mas também tem tirado muitas vidas
Temos de atribuir à água mais valor
Não podemos continuar a desperdiça-la como se não valesse nada
Se lhe atribuirmos o valor do ouro
Será mais difícil estragá-la
Talvez, até faça com que passemos a poupá-la
Cai do céu, mas nem sempre
E, nós todos os dias a utilizamos
Sem ela não há vida!
José Silva Costa
A lua-de-mel!
Sonhos longos planos
Mar salgado ondulado
Um beco apertado
Rio sombrio magoado
Luzes acesas sem telhado
Frio escorregadio molhado
Braços num abraço sufocado
Beijos num céu estrelado
Mãos a afagar um corpo suado
A lua a iluminá-los com cuidado
Um sono acordado
A sorrir em cada namorado
Um grito de alegria queimado
O sobrolho da rua arrepiado
O sol a subir ao sobrado
A prometer ficar para sempre acordado
Para que ninguém acorde gelado
Uma noite de juras de amor encantado
Duas vidas atadas por um lençol esticado
O amor no perfume deitado
Tudo o resto passou ao lado
Como se o mundo já tivesse acabado
Nem um ruido incomodado
O tempo ficou parado
Na areia as gaivotas ensaiavam um bailado
Tudo ficou alado
Voaram num voo imaginado
Aterraram nas nuvens de um dia ensombrado
Com um bonito penteado
O futuro para sempre enleado.
José Silva Costa
Que Vergonha!
Caminhamos por um céu deserto
À espera do caminho certo
Ninguém quer ninguém por perto
Todos dizem que fizeram o correto
O peso dos números
Esmagou os das teorias da conspiração
As variantes estão a causar acidentes em contramão
Para o Reino Unido proibiram a aviação
Entre os 27, as fronteiras abertas, continuarão
Ninguém quer mais desunião
O que se pretende é que seja rápida a vacinação
Não há mais nada para oferecer nesta ocasião
A famosa bazuca ainda não está à mão
A presidência portuguesa tenta cavar um alçapão
Para esconder a vergonhosa nomeação
Mas lá fora já sabem que cá dentro há muita corrupção
Todos perguntam por que razão não há responsabilização
Acho que é um defeito da Nação
Assumir as responsabilidades é à palmatória dar a mão
Não ficava bem nesta ocasião
Estamos ao comando da Europa, não podemos admitir a mais pequena suspeição
Temos de nos bater, com unhas e dentes, até os outros entenderem que nós é que temos razão
Tudo limpinho, sem qualquer truque de magia ou ocultação
Uma nação com tanta imaginação
Já mais poderia admitir que duvidassem da sua reputação
Assunto arrumado, para um Governo bem descarado.
José Silva Costa
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