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Flores de Outono
Cores de outono, suaves e doces
Dos amarelos aos castanhos e aos roxos
As árvores ficam sem rostos
Despidas e nuas no frio inverno
Os seus braços esguios espantam o frio
Bonitas e límpidas águas correm no rio
As geadas congelam o vento, que não floriu
As manhãs brancas são perfume, que sorriu
Já ninguém lava a roupa no brilho das águas, que correm a fio
As aves fazem acrobacias nos ares aquecidos pelo sol
Há uma paleta de cores na sombra de um assobio
O outono tem um sol muito fugidio
Aparece, desaparece, volta a aparecer, vai se embora sem nada dizer
Quem o quiser apanhar tem de estar atento, mas não o consegue prender
A qualquer momento, foge, vai-se deitar com o vento
Cada vez deita-se mais cedo, gosta muito do sossego
Do escuro não tem medo, quer ficar no seu aconchego
Nestes dias de chuva, de vento e frio cinzento
Em que para enfrentar o mau tempo, é preciso muito talento
Soltar as amarras do vento, pôr as nuvens em movimento
Aparar com as duas mãos as suas prateadas lágrimas
Para, a todos dar de beber e o mundo ver viver
A Água é um tesouro, é ouro a cair do céu.
José Silva Costa
A chegada da Primavera
Sons e perfumes são raios de luz
Tens a alegria e o brilho que a todos seduz
Em Março todos queremos o teu abraço
Trazes a esperança da renovação
És a mais bonita Estação
Muitas e bonitas flores enchem os nossos olhos
Toda a Natureza se enfeita para te receber
As aves ensaiam bonitas melodias
Para te oferecerem ao nascer dos dias
Que é quando se constroem as harmonias
E se houve as mais bonitas sinfonias
É quando as flores acordam e se beijam
Dando as boas vindas ao sol
Tão importante para todas as vidas
São noites mal dormidas
Para te prepararem as boas vindas
Mais ninguém é recebido com tanto carinho
São flores, são perfumes, são sinfonias e hinos.
José Silva Costa
Um inverno diferente
Sem chuva, para um vão contentamento
De muita gente, que não o entende
Este inverno que mente
Que em vez de chuva, nos dá sol
Que nos quer conquistar pelo brilho do anzol
Que nos quer matar à sede
E que quer, que lhe agradecemos, por nos dar sol
E há tanta gente a morder o anzol
A agradecer o bonito e belo sol
Como se não precisássemos de comer e beber
Mas, é tão agradável o teu sol
Sol de inverno!
Que este ano nos levará ao inferno
Sem água! Pessoas, animais e plantas não resistirão
Com trigo sem grão, não haverá pão!
Haver fome, ou não!
Está na tua mão, meu inverno mandrião
Não te deixes envaidecer
Por aqueles que acham que podes ser só sol e amor
Tu tens de fazer chover, nevar, e a todos enregelar
Não és Estação para flores, perfumes, coisas fofinhas, sem dores
Deixa isso, para a tua amante: a Primavera
De ti esperamos rigor, noites quentes à lareira
O cheiro da flor de laranjeira
Não puder passar a ribeira
Ficar no outro lado a ver a água baixar
À espera de poder, a namorada, abraçar
Mesmo que ela fique no escuro da lua.
José Silva Costa
Amor & guerra (6)
A Bárbara escolhera o nome para a bebé, antes do parto. Mesmo sem ter a certeza, acreditava que era uma menina, e que se chamaria Sara. Infelizmente, não tinha com quem opinar sobre o nome da filha. Sem avós maternos, sem saber onde estava o pai e os avós paternos, estavam, as duas, entregues à sua sorte
Estava confiante que, mais tarde ou mais cedo, encontraria um companheiro para a ajudar a criar a filha. Com tantos militares a passarem pelo seu estabelecimento, quando a sua vila fosse contemplada com uma companhia, o que só aconteceria quando os militares deixassem de andar, numa correria de um lado para o outro, como quem anda a apagar fogos, é que teriam direito a essa regalia. Então, um militar, por ela, se encantaria
Entretanto, o Carlos já tinha tido oportunidade de responder à namorada, dizendo-lhe que estava de acordo que o menino se chamasse Miguel
A Miquelina ficou muito feliz por o Carlos concordar com ela, fazendo com que os avós maternos, também, tenham ficado orgulhosos por o neto ter o nome do avô materno
A Bárbara tinha tido um dia muito difícil, sentia muito peso sobre a bexiga, quando fecharam o estabelecimento, disse às empregadas que devia estar por poucas horas
Foram para casa, preparar tudo para o parto. As três estavam muito nervosas, pareciam que estavam a adivinhar que nem tudo ia correr bem
Depois de muitas horas em trabalho de parto, a bebé não nascia. A Bárbara estava exausta, as empregadas não sabiam o que fazer, nunca lhes tinha acontecido um parto assim!
Desesperadas, uma disse que tinha de ser levada para a Missão, porque as freiras estavam habituadas a partos difíceis, os únicos para que eram procuradas
Sem saberem, a quem recorrer, para a levar, lembraram-se dos militares. Uma foi a correr, ao quartel, pedir ajuda. O oficial de dia ordenou que levassem a Bárbara, imediatamente, à Missão, e que fosse acompanhada pelo Furriel enfermeiro
Quando os militares regressaram, as empregadas, da Bárbara, perguntaram-lhes como é que ela estava, ao que responderam, que até a entregarem, às freiras, não tinha acontecido nada de novo
Mas, quem nunca mais a esqueceu foi o Januário: o furriel enfermeiro. Todos os dias procurava saber notícias. Ao ponto de perguntar a si mesmo: “ estarei apaixonado, ou será que só tenho pena dela?”
Aquele brilhozinho nos olhos e o bater do coração, não enganavam ninguém, só podia ser amor!
A Miquelina foi ao fotógrafo para tirar umas fotografias, a ela e ao bebé. Queria que o Carlos se orgulhasse do bonito filho que tinha: tal e qual a cara dele, parecia tirado a papel químico.
Continua
Mulher
Mulher! Enigma difícil de ler
Deusa do meu saber
O teu ventre me fez nascer
Magia do teu poder
Como te agradecer!
Tu és fogo, terra, água
Sol a amanhecer
Rio a correr
Colo de saber
A amamentar a vida
Perfume que me inebria os sentidos
Lume que me queima as entranhas
Companheira
Flor dos nossos frutos
Porto de abrigo
Onde ancoramos o tempo
Tu és o brilho do sol
Suave e doce
Como a Primavera em flor
Para todas as mulheres
Todas as rosas.
José Silva Costa
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