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O trigo!
Um cereal muito antigo
Originário do Egito
Cuja farinha, para além do pão, dá para fazer muita coisa gostosa
Não há ninguém que não goste de pão
Para muitos, a base da alimentação
Os políticos deitam-lhe a mão
Como arma de manipulação
Os pobres comem o pão que o diabo amassou
Mas nem esse, hoje, têm!
A guerra quer matar todos à fome
Exceto os que estiverem à distância das balas
Esses morrem mais depressa
Tudo destruído e morto, é o que interessa
Antes que a loucura arrefeça
E o homem não consiga cumprir a promessa
De acabar com a Ucrânia
Onde os campos de espigas douradas lhe fazem confusão
Não fosse o mundo livre levantar-se contra a sua ambição
E, o mundo já estaria na sua mão
Fruto da sua operação especial de libertação
É por isso que não percebe tanta ingratidão
Em vez de lhe agradecerem por tão boa ação
Decretaram proibições e sanções
Com essas ações estão a atrasar a libertação
Como é possível não gostarem de viver sob a sua dura ditadura!
Preferem viver em liberdade!
Alimentando a solidariedade para com a Ucrânia
Quando poderiam ser tão felizes sob a bota da Rússia.
José Silva Costa
Amor & guerra (37)
Não queria mais falar do passado, tinha-o encontrado, a filha, finalmente, ia saber quem era o pai, deixar de se sentir inferiorizada, por não saber quem era o pai, como aconteceu na Escola Primária, onde tinha três colegas, que também não conheciam os pais, todos filhos de militares, que tinham passado por Angola, apontados, pelos colegas, como os filhos da guerra
Se por um lado se sentia apaziguada, por, felizmente, o ter reencontrado com vida, para grande felicidade da Sara, por o outro, sentia-se culpada por o que a Miquelina iria sofrer, quando soubesse que tinha sido traída, em Angola, enquanto, na Metrópole, carregava, no ventre, um filho do Carlos
Já sabia, que quando ela e a filha, se apresentassem a outra família, dizendo que, também, elas faziam parte dessa família, provocariam um tremor de terra
Mas, seria diferente, se não conhecessem essa família. De qualquer maneira, sentia-se tão triste, que já não sabia o que teria sido melhor, se ter reencontrado o Carlos, ou se nunca soubesse o que lhe tinha acontecido, não tendo contribuído para que a mulher dele soubesse que tinha sido traída
Tinha de ir falar com a Miquelina, mas só o podia fazer, depois do Carlos dizer à mulher, ao filho e à filha, que se tinha encontrado com ela, no Banco, ficando a saber que era o pai da Sara
Não sabia como é que ele iria descalçar aquela bota, mas queria que ele deslindasse aquele imbróglio, quanto antes
O Carlos foi para casa, durante toda a viagem não deixou de pensar como é que iria dizer que era pai da Sara. Não sabia qual seria a reação de cada um, mas sabia que a Miquelina não lhe perdoaria.
Quando chegou a casa, o Miguel e a Sara preparavam-se para sair, iam ao cinema, pediu-lhes para ficarem, porque precisava de falar com eles. A Miquelina ainda perguntou se era assim tão urgente, vendo que ele estava muito nervoso, sem saber o que tinha acontecido
O Carlos disse que se tinha encontrado com a Bárbara, no Banco, e que ela lhe tinha dito que a Sara era sua filha. Foi como se estivesse o mundo a desmoronar, ficaram calados a olharem uns para os outros, ninguém abria a boca, não sabiam o que dizer, até que a Sara correu para o Carlos e, beijando-o, disse que era muito importante conhecer e conviver com os pais
O silêncio nunca mais acabava, e ela chegou à conclusão que era uma intrusa indesejada, naquela casa, que tinha contribuído para a infelicidade daquela família, o melhor era sair, sem dizer nada, e ir para casa, pôr a mãe ao corrente do que tinha acontecido
O Miguel perguntou ao pai por que razão não tinha dito que tinha uma filha. O pai respondeu-lhe que também não sabia, e se não se tivesse reencontrado com a Bárbara, nunca saberia que tinha uma filha
Explicou como tudo tinha acontecido, para ver se ele e a mãe, atendendo às circunstâncias, o perdoavam. Mas o filho disse-lhe que não o poderia perdoar, porque se tinha esquecido de que tinha uma namorada, grávida. Respondeu que não sabia que ela estava grávida e que tinha sido um precipitação, devida à situação em que a Bárbara se encontrava, e da qual, lhes pedia muitas desculpas e perdão
O filho continuava furioso, dizendo que não aceitava as desculpas, nem o perdoava
A mãe continuava calada, observando as expressões dos seus rostos, ouvindo com atenção a argumentação de cada um. Tinha decidido que o melhor seria falarem a sós, deixando para mais tarde uma conversa a três
O Carlos apelou ao bom coração do filho, pedindo que o perdoasse, porque ainda era cedo para o julgar, e muito novo para saber as voltas que a vida e o coração dão
O Miguel pediu autorização para ir para o quarto, dizendo que não estava em condições de continuar aquela conversa, porque estava como se tivesse sido atingido com uma bomba no coração.
Continua.
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