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A formosura
Formosura pura e dura que estás na altura
À espera dos que todos os dias lutam para te alcançar
Como se fosse um jogo de sorte ou azar
Mas o que é que acrescenta ser formosa ou formoso, para além da vaidade
Da pequenez e aridez de quem não sabe que a formosura é invisível
As mais bonitas formas são as que não se veem, que estão no nosso interior
Tal como a sabedoria, a bondade, o respeito pelo outro, o humanismo
A formosura está no aperto de mão, num sorriso contido, num abraço com brilho
No choro de uma despedida, que nos separa de uma pessoa querida, abrindo uma ferida
Na partilha de um pão com um mendigo, no socorro a um ferido, que está em perigo
No carinho de despender de algum do nosso tempo, para ajudar um idoso que está sozinho
Nas rugas esculpidas pelo tempo, no rosto de quem está perto do sol-posto
Na leveza e felicidade da criança que brinca no jardim, fazendo com que os avós a tentem apanhar
No leito, nas margens, na voraz corrida e na foz, onde o rio vai desaguar, no mar
Num ninho cheio de bicos abertos à espera que os progenitores os vão alimentar
No trabalho de fêmea e macho, na construção do ninho, que de vez em quando fazem uma pausa para se beijarem e fazerem amor, para que os ovos fiquem galados
No sorriso das perfumadas flores, que nos oferecem abraços e beijos
No ventre da mulher grávida, onde esconde o seu maior tesouro.
Não se esfalfem para obterem a formosura, porque ela está por todo o lado
Tudo depende dos olhos que a conseguem ou não ver
Todos temos muita formosura, para dar e vender, só precisamos de a saber vender
A quem a conseguir entender, senão não vale a pena o nosso tempo perder!
Todos: crianças, jovens, adultos e velhos têm muita formosura, em cada olhar ou beijo de doçura.
José Silva Costa
A lua-de-mel!
Sonhos longos planos
Mar salgado ondulado
Um beco apertado
Rio sombrio magoado
Luzes acesas sem telhado
Frio escorregadio molhado
Braços num abraço sufocado
Beijos num céu estrelado
Mãos a afagar um corpo suado
A lua a iluminá-los com cuidado
Um sono acordado
A sorrir em cada namorado
Um grito de alegria queimado
O sobrolho da rua arrepiado
O sol a subir ao sobrado
A prometer ficar para sempre acordado
Para que ninguém acorde gelado
Uma noite de juras de amor encantado
Duas vidas atadas por um lençol esticado
O amor no perfume deitado
Tudo o resto passou ao lado
Como se o mundo já tivesse acabado
Nem um ruido incomodado
O tempo ficou parado
Na areia as gaivotas ensaiavam um bailado
Tudo ficou alado
Voaram num voo imaginado
Aterraram nas nuvens de um dia ensombrado
Com um bonito penteado
O futuro para sempre enleado.
José Silva Costa
Chuva de estrelas!
Do céu caíam lágrimas
Na noite estrelada
Os teus olhos eram rosas perfumadas
Na noite iluminada, tu eras a estrela
Nos teus rubros lábios rolavam cerejas
Atraentes, deliciosas, desejadas
Quanto mais as beijava
Mais crescia o desejo
Que encantadores beijos!
Na frescura da ardente boca
A saciarem o fogo da Lua-cheia
Mas, quanto mais te beijava
Com mais fome ficava
Nada conseguia apagar aquele calor
Nem a noite fria, nem a água que, no rio, corria
Foi a noite mais curta!
Quando o sol nasceu
Ainda da tua boca
Água doce corria
Por que razão é que não há
Chuva de estrelas, todos os dias?
Para dormirmos nos beijos um do outro
Até o sol nos acordar
Para começarmos, de novo, a namorar
E passar o dia no doce teu olhar
Até a lua nos voltar a abraçar.
José Silva Costa
Maio
Maio, mês do sol, das flores, dos fins de tarde encantadores!
Das cerejas rubras e deliciosas, como os beijos
Do desejo de te beijar, como se cerejas estivesse a provar
Os teus lábios são romãs, com cerejas a namorar, que gosto de saborear
Vamos aproveitar este sol de Maio, para nos embalar
Não há mês como este para nos levar ao altar
Quem me dera que todo o ano fosse Maio
Passar todo o tempo no sorriso do teu encanto
Sem chuva, sem frio, sem vento
Só com o sol a brilhar nos teus olhos e o corpo a saber a mar
Na praia, no campo, no meio das flores, a sonhar
Com futuros, sem muros, sem guerras, sem fomes, sem pobres
Talvez sejam só visões, mas seria tão bom viver na ilusão
Sem saber da realidade, dura e crua
Abraçar um desejo, um sonho, um amanhecer diferente
Onde a humanidade pudesse estar toda abraçada por uma causa
A amizade!
José Silva Costa
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