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Flores de verão
O sol acende o brilho das flores
Os namorados acendem um beijo
Num canteiro escondido e perfumado
Esquecem-se que o dia está quase terminado
Para a lua embevecida, nem um olhado
Absortos no seu beijo estrelado
Não viram o mundo passar a seu lado
Ficaram presos na melodia de um fado
Como se a vida se tivesse esgotado
Não deram pela presença do sol, acordado
Só quando um sorriso apressado
Lhes entrou no peito, cansado
Os braços se abriram, mostrando o seu estado
Acordando-os do sonho encantado
Abandonaram o banco, pelo perfume esmagado
Caminharam de braço dado
Por todo o jardim, de lado a lado
Alimentando-se do perfume inalado
Como quem vive do olhar do seu amado
De um encanto nunca acabado
Numa casa com o teto enfeitado
E flores como telhado
Onde repousa o ar, parado
Como é bom viver enamorado!
José Silva Costa
Juventude
Verdes anos
Primaveras floridas
Perfume de jovens vidas
Os olhos são avenidas
Por onde passam as cantigas
Ponto de encontro dos namorados
Nos dias perfumados
Com minutos cronometrados
Porque os beijos são apertados
Os dias não estão parados
Mal nascem, já estão acabados
São tão curtos para os namorados
Que têm de lidar com eles com todos os cuidados
Para não quebrarem o encanto dos amados
Nos mal-entendidos apressados
Que tropeçam na pressa do tempo
De quem julga ter respostas
Para todas as questões
Como se o mundo fosse simples
E não tivesse ambições
Cheias de contradições.
José Silva Costa
A Máscara
Por detrás da máscara
Que nos afasta
Há o desejo de um beijo
O ensejo de voltar a inalar o teu cheiro
Quanto mais tempo vamos ficar cada um para seu lado?
Com medo de nos contaminarmos
Só os olhos autorizam destapar
Porque eles conseguem à distância comunicar
Mas vamos ter que nos habituar
A, com os olhos outras mensagens, enviar
Já que os lábios, que tanto gostar de pintar
Para os realçar
Não os podes mostrar
Ah como gostaria de com isto acabar!
Dar mais apreço à liberdade de o rosto mostrar
Sem medo de que nos apontem o dedo
Ou nos mandem para casa de quarentena
Por causa da saúde pública
Que temos o dever de preservar
Seguindo os conselhos da Direção Gerar de Saúde
Há tantas coisas, que só lhes damos valor quando as perdemos.
José Silva Costa
Digitalizar!
Na montra do anonimato
Digitalizaste o teu retrato
Está tudo tão perfeito!
Criaste uns cabelos longos para prenderes os meus braços
Uns olhos de amêndoa e mel
Uns lábios de romã apaixonada
Um queixo perfeito
Colocaste o sinal no sítio certo
Mas, não fez efeito!
Tenho de te olhar, olhos nos olhos, para ver o jeito
Sentir o teu sangue queimar o meu peito
Beijar os teus lábios para matar o desejo
O digital não tem cheiro!
Nem dá para ver o rodopiar dos joelhos
No futuro, vamos poder digitalizar a cabeça, tronco e membros
Vamos aguardar, pelos resultados!
José Silva Costa
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