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por cheia, em 28.08.20

Mazelas da guerra

Continuação

A falta de Oficiais Subalternos

 

O Capitão já tinha mais de trinta anos, e cumprido o Serviço Militar, como Alferes. Foi outra vez chamado, graduado no posto de Capitão, para comandar a Companhia

Com quase dez anos de guerra, o país estava exaurido, tanto de recursos financeiros, como humanos

A falta de Alferes era de tal maneira que, no fim da minha recruta, nos pediram, por votação secreta, que indicássemos três nomes de camaradas, que considerássemos aptos para transitarem para o curso de Oficiais Milicianos

Para completar a Companhia faltavam dez ou doze elementos, um deles o Furriel de Transmissões, porque o que era para ir connosco teve, poucos dias antes de partirmos, um acidente de carro.

Num belo dia, o nosso Capitão recebeu uma mensagem, dizendo que os elementos em falta tinham chegado ao Batalhão, para os irem buscar

Ficou tão contente, que começou a pensar na receção, que lhes iria proporcionar

Decidiu que se iria apresentar como condutor velhinho, por, infelizmente, haver muitos condutores, devido aos acidentes, em que se viam envolvidos, terem de ficar anos e anos retidos na colónia onde já tinham acabado a comissão, até verem os processos resolvidos

Assim, ordenou que tirassem os galões e as divisas, para uma receção espetacular

Com uma cajadada matámos dois coelhos: fomos no sábado, para aproveitar a cessão de cinema e trazer os nossos novos camaradas

Uma receção ao domingo, num país tão católico, nada melhor que uma missa, no refeitório

Como o Furriel Vagomestre, tinha andado no Seminário, faria de Padre, diria poucas palavas, como se estivesse a iniciar a missa, e de seguida com o autotanque, com que íamos buscar água ao rio, fariam o batismo

Mas, como o que sobrava em imaginação, faltava em responsabilidade, decidiram confessar e gravar as confissões dos colegas, coisa que não caiu bem a alguns

Mas, com o batismo, as boas-vindas e o almoço regado com vinho, parecia tudo ter corrido muito bem

Um dos pelotões esteve, durante os nove meses, destacado na fronteira entre Angola e o Congo

Um dia em que fizeram uma patrulha, um soldado deixou a arma cair num rio, o que fez com que ficasse encravada

O soldado, depois do almoço, contra tudo o que lhes tínhamos dito, centenas de vezes, no que diz respeito ao meu pelotão, desencravou a arma na caserna e sem que se tenha preocupado em manter o cano para cima. Sempre dissemos que as armas só se desencravavam ao ar livre e com o cano para cima, porque a qualquer momento a bala poderia ser percutida.     

Continua

 

 

 

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