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Amor & Guerra (9)
O Carlos escreveu à Miquilina, dizendo-lhe que tinha ficado encantado com as fotografias, que tinham um filho muito bonito, e que ela estava, cada vez, mais bonita
Miquelina ficou radiante por o Carlos estar encantado, não só com o filho, mas também com ela
O Januário, finalmente, teve tempo para ir visitar a Bárbara. Há muito que o queria fazer. Mas, o posto médico estava sempre cheio, porque o comandante tinha determinado que fosse dada assistência médica aos civis, uma vez que, na Vila, não havia mais ninguém que prestasse esses cuidados, e a Missão ficava a mais de vinte quilómetros da Vila
A Bárbara ficou muito contente com a visita. Aproveitou, mais uma vez, para lhe agradecer tudo o que tinha feito por ela e pela sua filha. Pediu-lhe para transmitir ao comandante o reconhecimento, de toda a população, pela preocupação em minimizar os seus problemas
Depois daqueles agradecimentos, ele ganhou coragem para lhe dizer quanto gostava dela, e que a ajudaria a criar a Sara, como se fosse sua filha
Ela ficou encantada com aquelas bonitas palavras, e chegou a pensar em aceitar o namoro
Mas, a conversa continuou, e ela aproveitou para o questionar sobre a guerra e o futuro
Ele respondeu que a guerra, mais-dia-menos dia a guerra acabaria, e que Portugal continuaria a ter um grande Império
A Bárbara estava totalmente em desacordo, e disse-lhe que ninguém sabia quando a guerra acabaria e que mais tarde ou mais cedo, Portugal tinha de dar a independência às suas Colónias, como tinham feito todas as outras potências colonialistas
E disse-lhe que Portugal devia ter aproveitado a fazer, com os líderes dos movimentos independentistas, um acordo, para uma independência amigável, antes de terem iniciado as guerras da independência, quando eles estudavam na Metrópole
Porque, primeiro era preciso criar um exército nacional, que garantisse a unidade nacional, evitando que os movimentos tivessem pegado em armas
A seguir falaram do futuro. A Bárbara queria sair daquela Vila, ir para uma grande cidade onde a filha pudesse estudar, enquanto o Januário não se importava de ficar ali, para sempre
Por fim, acabou por lhe dizer que não podia aceitar o pedido de namoro, porque tinham aspirações muito diferentes, quanto ao futuro
O Januário ficou muito surpreendido com a decisão da Bárbara. Era muito diferente da mãe dele, que era uma mulher que dependia do marido: aqui me queres, aqui me tens, enquanto a Bárbara tinha a ambição de ir para a Metrópole, para Lisboa ou Coimbra, onde sonhava ter estudado, mas os pais nunca consentiram que saísse daquela Vila
O Januário teve o amargo sabor de saber que as mulheres são difíceis de entender, que são caixinhas de surpresas, com uma grande força, que a maternidade lhes confere, fazendo com que sejam determinadas, sonhadoras, exigentes.
Continua
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